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sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Visita Técnica à Usina Nuclear como Instrumento Pedagógico ao Curso Superior de Tecnólogo.


FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 1, Série 03/01, 2020.



Prof. Dr. Edson Luís T. dos Reis.
Doutor em Ciências - USP.
Graduado em Química Industrial - FOC.
Prof. Dr. Leonardo Teixeira Silveira.
Pós-Doutorado em Ciências Exatas e da Terra - 
USP/UNIFESP.
Doutor e Mestre em Química - USP.
Graduado em Ciências Químicas - FASB.

RESUMO: A realização de visitas técnicas a empresas tem sido regularmente utilizada como uma importante ferramenta de complementação pedagógica, em caráter multidisciplinar, pela Faculdade Pentágono - FAPEN. Por meio destas visitas, os estudantes dos cursos de Tecnologia em Mecatrônica e Processos Químicos podem vivenciar experiências reais em um ambiente industrial, agregando inegável conhecimento prático, além da possibilidade de executar uma atividade coletiva com colegas de classe e professores. Os docentes, responsáveis pela visita, entendem como fundamental nos dias de hoje, com os inúmeros recursos tecnológicos disponíveis os quais trazem as informações de forma tão dinâmica e rápida, estimular os estudantes a buscarem conhecimento a partir de experiências práticas, valorizando o conhecimento crítico e intuitivo, estabelecendo de forma mais concreta as bases para a evolução de seu pensamento científico. O principal objetivo de cada visita é fazer o estudante compreender que o conhecimento prático e a interação em situações reais é indissociável à construção do conhecimento técnico.

PALAVRAS-CHAVE: Usina Nuclear, Mecatrônica, Processos Químicos, Angra dos Reis.


ABSTRACT: The carrying out of technical visits to companies has been regularly used as an important tool for pedagogical complementation, in a multidisciplinary character, by Faculdade Pentágono - FAPEN. Through these visits, students of Technology courses in Mechatronics and Chemical Processes can experience real experiences in an industrial environment, adding undeniable practical knowledge, in addition to the possibility of carrying out a collective activity with classmates and teachers. Teachers, responsible for the visit, understand it as fundamental nowadays, with the countless technological resources available which bring information so dynamically and quickly, to encourage students to seek knowledge from practical experiences, valuing critical knowledge and intuitive, establishing more concretely the bases for the evolution of his scientific thinking. The main objective of each visit is to make the student understand that practical knowledge and interaction in real situations is inseparable from the construction of technical knowledge.

KEYWORDS: Nuclear Power Plant, Mechatronics, Chemical Processes, Angra dos Reis.


1. APRESENTAÇÃO.

Em todo o mundo, a desinformação sobre o funcionamento e a segurança das usinas nucleares alimenta muitos mitos sobre o assunto. 

As principais razões para que a energia nuclear tenha sido reduzida, ou mesmo suprimida em muitos países, devem-se ao risco associado a acidentes relativamente recentes como Chernobyl e Fukushima, ao crescimento exponencial de energias alternativas sob custo muito inferior e às incertezas geradas na opinião pública em relação ao destino final do lixo nuclear produzido.

Vista das usinas nucleares de Angra I e Angra II - foto dos autores.

No caso específico do Brasil, adiciona-se o fato de haver suspeitas de desvios de verbas e dos atrasos constantes nas obras de novas usinas, especialmente da usina nuclear de Angra III. 

Apesar de seu impacto ambiental apresentar-se menos evidente do que a implantação de usinas hidrelétricas de capacidade similar, que representam a principal matriz energética brasileira, as usinas nucleares concentram ainda, em todo o mundo, preocupações em relação à possibilidade de geração de armas nucleares e da possibilidade da falta de contenção na geração de radiação no reator nuclear, impactando diretamente a comunidade e o meio ambiente local.

Por isso, desde a implantação da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), a Eletrobrás Eletronuclear adota uma política transparente de esclarecimento de suas atividades que se materializa por meio de visitas técnicas. 

Compreendem palestras e visita à exposição permanente mantida no Observatório Nuclear (antigo Centro de Visitação), filmes e folhetos educativos que explicam como é gerada a energia elétrica a partir de reatores nucleares, a história e o uso da energia nuclear no Brasil e no mundo, a eficiência e segurança implantada na Central Nuclear, a preocupação com o desenvolvimento local e o ecossistema ao redor. 

Além de visita guiada aos laboratórios e instalações como Sala de Controle Principal e Sala de Reunião (em anexo), Gerador Elétrico e Turbinas de Alta e Baixa Pressão, Saída da Água de Refrigeração, Sala de Treinamento e Projeto Tartaruga Viva.


2. INFORMAÇÕES SOBRE A VISITA TÉCNICA.

A visita foi realizada em 16 de dezembro de 2019, nas instalações da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto - CNAAA -, localizado na rodovia Rio-Santos, BR-101, km 522; na praia de Itaorna,  município de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro.

Participaram professores e estudantes do curso de Tecnologia em Processos Químicos e Mecatrônica da Faculdade Pentágono (FAPEN).

Estudantes e Professores da FAPEN em Visita Técnica às instalações da Sala de Treinamento da Usina Nuclear de Angra 2 - foto dos autores.

O objetivo da visita foi, primeiramente, possibilitar aos estudantes do curso de Tecnologia de Processos Químicos o contato com tecnologias avançadas de produção de energia, como é o caso da energia nuclear, desenvolvida em caráter exclusivo em nosso país nas instalações supracitadas. 

Depois, pretendia-se assegurar uma melhor compreensão da estrutura necessária ao funcionamento e procedimentos de proteção e segurança no uso de uma fonte de energia limpa. 

Estar em contato com este ambiente nuclear favoreceria a aprendizagem e o conhecimento específico do tema.

A visita técnica seguiu a seguinte programação: 

·      09:00 – Observatório Nuclear (Centro de Visitação);
·      11:30 -  Instalações da Usina Nuclear de Angra 2;
·      13:30 – Almoço;
·      15:00 – Simulador de Angra 2;
·      15:30 – Projeto Tartaruga Viva 

Estudantes e Professores da FAPEN em Palestra Técnica na Sala de Reuniões junto à Sala de Controle da Usina Nuclear de Angra 2 - foto dos autores.


3. DADOS SOBRE AS USINAS NUCLEARES DE ANGRA.

As usinas nucleares de Angra 1 - em operação comercial desde 1985 - e Angra 2 estão operação desde 2001, Atualmente está em construção Angra 3, com 62% das obras já executadas.

A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, que compreende um complexo com as usinas nucleares de Angra 1 (640 MW) e Angra 2 (1.350 MW), e futuramente Angra 3 (em construção) pertence à empresa Eletrobrás Eletronuclear. Foi criada pelo governo federal em 1997 para operar e construir as usinas termonucleares do país. 

Estudantes e Professores da FAPEN no Complexo Nuclear de Angra dos Reis -
foto dos autores.

As usinas respondem hoje pela geração de cerca de 3% da energia elétrica consumida no Brasil, considerando apenas as usinas de Angra 1 e 2, mas este percentual será mais expressivo quando Angra 3 (1.405 MW) estiver concluída, com previsão para 2026. 

Em razão do sistema de transmissão de energia no Brasil ser interligado, a energia gerada pela central nuclear chega aos principais centros consumidores do país e corresponde a mais de 30% da eletricidade consumida no Estado do Rio de Janeiro.

Estudantes e Professores da FAPEN em Visita Técnica às instalações do Gerador Elétrico e Turbinas da Usina Nuclear de Angra 2 - foto dos autores.


4. VANTAGENS DA ENERGIA NUCLEAR.

A energia nuclear apresenta grandes vantagens em nosso país para sua utilização com aspectos positivos como não gerar gases poluidores para o ar ou que contribuem para o efeito estufa. 

Exige pequena área para construção da usina (3,5 km2), causa pouco impacto no entorno, grande disponibilidade do combustível (urânio), gerando energia de forma independente a fatores climáticos. 

Outro fator é a pequena quantidade de resíduos gerados e guardados no próprio centro, baixos riscos quando comparada à energia gerada por gás e óleo de termelétricas. 

Somam-se também a inexistência em nosso país de efeitos climáticos mais severos, como furacões e maremotos, além de instabilidades geológicas, como tremores de terra, mesmo aqueles de baixo risco.

Palestra Técnica no Complexo Nuclear de Angra dos Reis - foto dos autores.



5. AVALIAÇÃO DA VISITA.

A visita proporcionou aos estudantes do curso de Tecnologia em Processos Químicos da FAPEN uma oportunidade inestimável em ampliar seus conhecimentos em técnicas industriais in loco. 

A discussão técnica em relação ao todo processo de geração da energia nuclear e tratamento de água utilizada no processo ocorreu de forma técnica e adequada ao nível de formação de nossos estudantes, proporcionando um claro entendimento sobre todos estes procedimentos físicos e químicos.

Estudantes e Professores da FAPEN em Palestra Técnica no Complexo Nuclear de Angra dos Reis - foto dos autores.


6. CONCLUSÃO.

A visita tem sido regularmente realizada com os estudantes da FAPEN desde 2014 e se mostrado cada vez mais importante na formação tecnológica destes estudantes. 

Um dos resultados da experiência é o aprimoramento do conceito de segurança em nível operacional, em razão da avaliação de riscos demonstrada. 

Levando os estudantes a concluírem que o risco para a população local e regional da operação dos atuais reatores em Angra dos Reis é muito pequeno. 

Portanto, os reatores atuais operantes no país são seguros conforme a avaliação dos próprios estudantes e professores, como resultado da análise crítica e percepção realista em face de todas as informações apresentadas. 

Estudantes e Professores da FAPEN em Visita Técnica às instalações do Projeto Tartaruga Viva da Central Nuclear - CNAAA - foto dos autores.


Estudantes e Professores da FAPEN em vista ao Complexo Nuclear de Angra dos Reis - foto dos autores.