FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 2, Série 10/02, 2020.
Prof. Dr. Leonardo Teixeira Silveira.
Pós-Doutorado em Ciências Exatas e da Terra - USP/UNIFESP.
Doutor e Mestre em Química - USP.
Graduado em Ciências Químicas - FASB.
Orientador e líder do projeto. |
AUTORES: GIACON, R.; OLIVEIRA, R.; SILVA, J.; ROLIM, I.; SILVA, R.; BARROS, A.; SOARES, W.; SILVEIRA, L.T.
RESUMO:
Este
projeto tem como objetivo buscar, através do método de adsorção química, uma
forma eficaz de facilitar o tratamento do chumbo presente em resíduos
laboratoriais. Utilizando a folha da Ricinus Communis, conhecida popularmente
como mamona, devidamente preparada
como material adsorvente, serão filtradas soluções com concentrações que variam
de 0,002 mol/L a 0,01 mol/L de nitrato de chumbo II [Pb(NO3)2]
seguidas de breve agitação com 5g da folha da mamona afim de otimizar o
processo de adsorção. Após resultados experimentais, observou-se que o nitrato
de chumbo II, em solução com concentração de até 0,015 mol/L, tem sua massa
totalmente adsorvida pela folha da mamona. Foi comprovada a quimissorção, ao se
tentar precipitar possíveis resíduos de chumbo na solução filtrada com o
reagente iodeto de potássio, o que não ocorreu, demonstrando ausência do íon do
metal em solução. Conclui-se, portanto, a eficácia das propriedades de adsorção
química da folha da mamona através das reações químicas de seus grupos
funcionais, com os íons de Pb2+ em solução.
PALAVRAS-CHAVE: Adsorção Química, Mamona, Reações Químicas.
PALAVRAS-CHAVE: Adsorção Química, Mamona, Reações Químicas.
ABSTRACT: This project’s objective is to determine, through
chemical adsorption methods, an effective way to facilitate the treatment of
the lead II found in laboratory waste. Using the Ricinus Communis’ leaf,
commonly known as castor, properly prepared as an adsorption material, chemical
solutions of lead nitrate [Pb(NO3)2],
(whose concentration ranges
from 0,002 mol/L to 0,01 mol/L) will be filtrated and rocked with 5 grams of
castor leaf in order to optimize the adsorption process. Experimental results showed
that the castor leaf is able to utterly adsorb the mass of lead nitrate II when
its concentration limit is equal to 0,015 mol/L. The attempt to precipitate the
above-mentioned solution using potassium iodide (KI) proved that there wasn’t
any lead waste after the process of filtration through the castor leaf. It’s
possible to conclude, thus, the castor leaf’s chemical adsorption properties
effectiveness through chemical reactions which occur in its functional groups
with Pb2+ ion in solution.
KEYWORDS: Chemical Adsorption, Castor, Chemical Reactions;
1.
Introdução.
A geração de resíduos
químicos em laboratórios didáticos, onde há uso frequente de diversas
substâncias, muitas delas podendo ser nocivas para o meio ambiente, como metais
pesados, cianetos, nitratos, ácidos orgânicos e inorgânicos, possuindo estes
uma grande dificuldade de descarte, pois requerem um prévio tratamento, ou
muitas vezes necessitam de empresas terceiras especializadas, acarretam em um
grande custo de contrato e de mão de obra. (PENATTI, Fabio Eduardo; GUIMARÃES,
Solange T. Lima; SILVA, Paulo Marcos da. Gerenciamento de resíduos químicos em laboratórios
de análises e pesquisa. 2008).
Conhecendo os riscos que um
descarte incorreto pode gerar e levando em consideração o custo elevado deste
serviço, surge a necessidade de desenvolvimento de meios alternativos para um
prévio tratamento ou até mesmo um tratamento completo para promover uma maneira
econômica e sustentável à destinação final correta dessas substâncias.
Considerou-se conhecimentos
em reações químicas utilizando soluções aquosas de nitrato de chumbo II [Pb(NO3)2]
e iodeto de potássio 15% (KI), cujo resultado gera um precipitado amarelo de
fácil identificação; técnicas de filtração simples, no qual se obtém um
filtrado sem sólidos, essencial para o procedimento a ser realizado, já que não
se pretende obter nenhum resíduo da folha da mamona, planta denominada
cientificamente como Ricinus communis L; e
em aproveitamento de resíduos laboratoriais.
Com base nesses
conhecimentos, buscou-se desenvolver uma maneira de reduzir e quantificar a
quantidade de metais pesados, em especifico o chumbo (Pb2+), a
partir da quimissorção – que corresponde
a uma interação de tipo químico, na qual os elétrons de enlace entre as
moléculas e o sólido experimentam rearranjo e os orbitais respectivos mudam de
forma, de modo similar a uma reação química - que ocorre nos grupos
funcionais da mamona, como hidroxilas e carbonilas capazes de atrair os íons
metálicos.
Optou-se por tal planta
pois, além de ser de grande abundância no Brasil, possui baixo custo de
produção e, entre suas características, têm a capacidade de adsorção de metais
pesados, sejam eles no solo, com o plantio da mamona em locais contaminados, ou
em soluções aquosas, fazendo o uso de suas folhas secas através de um processo
de agitação mecânica seguida de filtração em solução que contenha o íon Pb2+.
2.
Materiais e Reagentes.
Proveta, béquer, pipetas (2mL,
5mL, 10mL e 25mL), pipeta volumétrica, filtro, funil, argola, suporte, tesoura,
peneira, balança analítica, estufa, agitador magnético, barra magnética, água
destila-da (H2O), etanol (C2H5OH 0,1 mol.L-1),
solução aquosa de nitrato de chumbo II [Pb(NO3)2 0,1 mol.L-1],
solução aquosa de iodeto de potássio 15% (KI).
3.
Procedimento Experimental.
3.1
Preparação da mamona.
As folhas de mamona
coletadas foram lavadas sob água corrente e etanol (C2H5OH
0,1 mol.L-1) a fim de retirar quaisquer sujidades e eliminar grande
parte das bactérias.
Após a lavagem, as folhas
foram cortadas em pequenos pedaços, conforme a imagem abaixo.
Figura 1 - Folha da mamona picotada (imagem autoral). |
Em seguida, depositou-se as folhas em um forno com a temperatura em aproximadamente 50ºC por cerca de 20 minutos.
Com o produto desidratado, fez-se a peneiração para se obter somente o pó da folha da mamona, vide imagem a seguir.
Figura 2
- Pó da mamona obtido através da peneiração (imagem autoral).
|
3.2
Pesagem da mamona.
Pesou-se 5,0g do pó da
mamona previamente desidratado em um béquer de 100 mL, conforme a figura 3.
Figura 3
- Pesagem do pó da mamona (imagem autoral).
|
3.3
Diluição da solução de nitrato de chumbo II [Pb(NO3)2 0,1 mol.L-1]
para a filtração.
Pipetou-se 5mL da solução
de nitrato de chumbo II, para sua diluição, previamente preparada com
concentração de 0,1 mol/L, em 50 mL de água destilada com auxílio de pipetas e
provetas, resultando em uma com concentração equivalente a 0,01 mol/L ou 7,5.10-4
mol.
3.4
Mistura dos reagentes.
A solução foi depositada em um béquer e, ao produto da
mistura, acrescentou-se os 5,0g de mamona previamente pesados que foram
agitados em um agitador magnético com o auxílio de uma barra magnética, vide
figura 4.
Figura 4 - Agitação da mistura (imagem autoral). |
Para aumentar a superfície de contato, por meio da expansão dos poros do adsorvente, a agitação foi feita sob a temperatura de 60ºC; dessa forma, a aderência do adsorvato na superfície da mamona é facilitada.
3.5
Filtração.
Após a agitação
demonstrada acima, filtrou-se o produto para um béquer de 100 mL em um filtro
comum fixado em um funil que, por sua vez, estava anexado em um suporte por uma
garra, como é ilustrado abaixo.
Figura 5 - Filtração do produto (imagem autoral).
|
3.6
Teste com o filtrado.
Sabendo-se que o iodeto de
potássio (KI), ao reagir com o nitrato de chumbo II [Pb(NO3)2 0,1
mol.L-1], forma um precipitado amarelo, partiu-se desse meio de
constatação para se determinar qualitativamente a presença de íons de chumbo no
filtrado, assim, provando a ausência do metal.
Dessa forma, o resultado obtido
pode ser visto na figura 6.
Figura 6 - Resultado da pipetagem de KI no filtrado
sem precipitação (imagem autoral).
|
4. Resultados Obtidos.
Para se determinar quantitativamente a massa de íons de chumbo II obtida, baseou-se no seguinte cálculo:
refere-se à concentração de nitrato de chumbo
II.
Enquanto:
refere-se ao volume pipetado dessa solução.
indica a concentração final a se determinar e
representa o volume adicionado de
água, que agiu como diluidor.
Proporcionalmente, considerando que
em 331g (1 mol) de Pb(NO3)2 há 207g de Pb, em 1.10-4
mol tem-se 20,7mg.
No segundo teste, no qual a
concentração de nitrato de chumbo II era de 0,005 mol/L e seu número de mols
igual a 2,5.10-4, e utilizando-se dos mesmos cálculos, obteve-se
51,75mg de chumbo.
O resultado obtido no terceiro, por
sua vez, seguindo-se o mesmo princípio, foi de 106,5g de Pb2+.
Por último, fez-se o procedimento
supracitado para a concentração de 0,015 mol/L, o equivalente a 7,5.10-4 mol
de Pb(NO3)2 – que em massa corresponde a 155,75mg - e ainda
assim não houve precipitação após a pipetagem da solução aquosa de iodeto de
potássio (KI).
A concentração de 7,5.10-4 mol
de Pb(NO3)2 foi a máxima capaz de ser adsorvida
quimicamente por 5g da folha da mamona devidamente tratada, pois uma massa
maior que 155,75mg de chumbo II excedia essa capacidade; portanto, pôde-se
determinar essa quantidade como seu limite.
5. Conclusão.
Através do desenvolvimento
dos experimentos realizados, é possível constatar que a folha da mamona é capaz
de adsorver íons de Pb2+ através da quimissorção – ou adsorção
química – que consiste na aderência dos átomos na superfície do adsorvente por
meio de ligações que são, em grande parte, covalentes, ocorrendo por conta dos
grupos funcionais, como carbonilas, carboxilas, aminas e hidroxilas, presentes
nas proteínas que, em soluções aquosas, atraem os íons de chumbo.
Sabendo-se que o nitrato de
chumbo II [Pb(NO3)2] reage com o iodeto de potássio (KI)
e forma um precipitado amarelo, observou-se que 5g da folha da mamona foram
capazes de adsorver totalmente a massa de chumbo até a concentração de 0,015
mol.L-1, ou 7,5.10-4 mol, o que corresponde a 155,25mg de Pb2+ (ou
62,54% da massa total) adsorvido por meio do método utilizado, pois, ao se
pipetar KI na solução filtrada, não houve reação, uma vez que todo metal
necessário para formar o composto PbI2 foi adsorvido.
Tendo ciência dessa
capacidade, é possível ajustar previamente uma solução, diluindo-a ou
consolidando-a, para que a folha da mamona adsorva totalmente o chumbo; assim,
considerando que se queira reter quimicamente esse metal de uma solução que
apresenta concentração igual a 0,1 mol/L basta diluí-la até que esse valor seja
de aproximadamente 0,01, considerando seu limite como 0,015.
Adicionalmente, a folha de
manga, que também apresenta características de adsorção de metais pesados,
passou pelo mesmo procedimento com concentração de 0,01 mol/L de Pb(NO3)2
e não foi capaz de adsorver totalmente os íons de Pb2+; resultado
constatado através da visualização do precipitado formado após se pipetar KI na
solução filtrada.
Conclui-se, portanto, que entre as folhas que apresentam
características de quimissorção similares, a da mamona é a mais eficaz, que o
método desenvolvido é aplicável em qualquer laboratório e apresenta baixo
custo.
6. Agradecimentos.
Este trabalho agradece o
apoio da FAPEN por ter cedido seus equipamentos e seu laboratório para os
experimentos da adsorção de chumbo de resíduos laboratoriais pela folha da
mamona.
Agradecemos também aos
professores Dr. Leonardo T. Silveira, Dr. Fabrício Carvalho e ao técnico
responsável pelo laboratório, Vanderlei, por proporcionarem ao grupo о
conhecimento não apenas racional, mas а manifestação do caráter е afetividade
da educação no processo de formação profissional, à instituição pelo ambiente
criativo е amigável, à direção e administração que através do esforço de cada
um nos guia e nos mostra os caminhos certos para alcançarmos todos nossos
objetivos da maneira mais digna possível através dos campos da educação.
Finalmente, agradecemos a
todos que direta ou indiretamente fizeram parte da nossa formação.
7. Referências.
PENATTI,
Fabio Eduardo; GUIMARÃES, Solange T. Lima; SILVA, Paulo Marcos da.
Gerenciamento de resíduos químicos em laboratórios de análises e pesquisa: o
desenvolvimento do sistema em laboratórios da área química. 2008. Disponível
em: <http://hygeia.fsp.usp.br/siades/documentos/Publicacoes/artigo_9f.pdf>.
Acesso em: 09 jun. 2019.
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em 19/07/2019. Disponível em: <http://nordesterural.com.br/a-importancia-e-a-producao-mundial-de-mamona/> Acesso em 18/05/2019.
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Biodieselbr. Atualizado em 2011. Disponível em: <https://www.biodieselbr.com/plantas/mamona/producao-nacional-mamona>. Acesso em 18/05/2019.
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Adsorção: aspectos teóricos e aplicações ambientais. 2014. Disponível em:
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Disponível em:
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Acesso em: 19 maio 2019.