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sábado, 15 de agosto de 2020

John Malone da TV a Cabo à criação da EBITDA.

FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 8, Série 15/08, 2020.


Profa. Ms. Janaina Barboza Ramos.

Mestre em Educação - Universidad Del Mar (Chile).

Especialista em Finanças e Contabilidade - FSA.

Licenciada em Matemática - Uniplena.

Graduada em Administração de Empresas – UNIMARCO.



RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar o desenvolvimento da ferramenta EBITDA, criada por John Malone, demonstração e relevância de utilização junto à empresa TCI na década de 70. Para tanto, um estudo exploratório, por meio de pesquisa de fatos comprobatórios, leituras da área e história. John Malone expandiu os negócios e elucidou os fatos que o levaram ao desenvolvimento da EBITDA, sua importância e como esse indicador é utilizado na área de investimentos para analises de Empresas.

PALAVRAS-CHAVE: John Malone, EBITDA, TCI.

 

ABSTRACT: This article aims to analyze the development of the EBITDA tool, created by John Malone, demonstration and relevance of use with the company TCI in the 70's. For this purpose, an exploratory study, by means of research of verifiable facts, readings of the area and story. John Malone expanded the business and elucidated the facts that led him to the development of EBITDA, its importance and how this indicator is used in the area of investments for business analysis.

KEYWORDS: John Malone, EBITDA, TCI.

 

 

1.INTRODUÇÃO.

No mundo dos investidores, dois grandes bilionários que são seguidos, de opiniões divergentes, são John Malone e W Buffet, empresários de sucesso que souberam e sabem analisar riscos, lucrando milhões com análises de investimentos.

Nos últimos anos, o indicador financeiro EBITDA, sigla em inglês de (Earnings before interest, taxes, depreciation and amortizationo - Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) tem se destacado como um indicador indispensável para a atividade de análise de desempenho de empresas.

Investidores buscam segurança e equilíbrio onde será direcionado o investimento, porém, conforme em Relatórios Anuais de Sociedades Anônimas, o que mais se destaca na demonstração é o EBITDA.

Em função disso, este estudo tem por objetivo identificar a história do EBITDA e por quem foi desenvolvido, demonstrando sua utilidade.

No âmbito acadêmico, o estudo poderá ser útil como fonte bibliográfica sobre o EBITDA e John Malone.

O tema EBITDA mostrou-se amplo com o tempo, porém, até o momento, existem somente dois livros que citam John Malone, sendo um sem tradução para o português; além de poucos trabalhos publicados, com textos específicos sobre a temática.

Temos por objetivo reforçar as afirmações de William N. Thorndike Jr. (2015: 106), “quando [a] referência que Malone enfatizou [sobre] o fluxo de caixa para credores e investidores”, dá continuidade na informação e reforça a utilização do mesmo.

Na obra Cable Cowboy (sem tradução em português), que tem como capítulo 3 Cash Flow, ou Fluxo de Caixa, é relata a história de como Malone formou o EBITDA (ROBICHAUX , 2002: 33).

 

2. REVISÃO DA LITERATURA.

 

2.1 John Malone.

John Carl Malone, ou como é conhecido, John Malone, nasceu em Milford, Connecticut, Estados Unidos, em 7 de março de 1941; filho de Daniel Malone, um engenheiro de origem irlandesa e de uma professora.

Na adolescência Malone já desenvolvia suas maneiras de ganhar dinheiro; comprava, reformava e vendia aparelhos de rádios, enquanto também praticava esportes. 

Formou-se em 1959, na Hopkins School, participou da Phi Beta Kappa Society, obteve mérito acadêmico da Universidade de Yale.

Em 1963, formou-se em bacharel em Engenharia Eletrotécnica e Economia; no ano seguinte obteve um mestrado em Gestão Industrial na Universidade Johns Hopkins e, posteriormente, conclui na mesma universidade o doutorado sobre Pesquisa Operacional em 1967.

Seus estudo sobre otimização e, como diz Thorndike (2015: 100), “minimizando o “ruído” e maximizando a “potência”, tornou sua carreira um sucesso que persiste até os dias de hoje.

Iniciou sua trajetória profissional na Bell Labs, que era ligada a AT&T, onde aceitou o desafio de pensar melhorias financeira, desenvolvendo uma pesquisa arrojada, que agradou a diretoria, mas cujos resultados não foram utilizados na ocasião.

Na Bell Labs, iniciou o foco da análise financeira, estudo estratégico de modelos financeiros, para um equilíbrio da AT&T; onde a mesma deveria aumentar seu nível de débito, incluindo a recompra de ações.

Malone, cansado da cultura burocrática do AT&T e ressentido pela não utilização de seu estudo pela empresa, aproveitou uma proposta da conceituada McKinsey Consulting, passando a atuar consultor financeiro.

Apesar de seu comprometido com a esposa, havendo tratado com ela que não estaria tanto nas estradas, com a nova função na McKinsey, acumulou o atendimento a General Instrument, para qual prestava serviço desde 1970, aceitando uma proposta para dirigir a Jerrold, o departamento de TV a Cabo, que na época já crescia.

O desempenho de Malone na Jerrold, em dois anos, permitiu cultivar relacionamento com outras empresas de TV a Cabo, despertando interesse em duas outras grandes, através de Steve Ross da Warner Communications e Bob Magness da Tele-communications Inc. (TCI).

As propostas de trabalho eram ousadas, mas diferentes; a TCI lhe pagaria menos que a Warner, porém oferecendo maior ganho em ações e atendendo a reivindicação da esposa para que ficasse mais próximo do lar.

Sendo a TCI localizada em Denver, mais tranquila que a agitada Manhattan que seria sua residência se optasse pela Warner; Malone tinha na época da mudança 32 anos, era 1973, preferiu a TCI.

Ao longo de 25 anos no comando da TCI, gerou um retorno espetacular para os acionistas.

Malone comandou com pulso firme a empresa, gerenciando as dividas e o contínuo crescimento; o que gerou renda, transformando a história da TCI, em um momento de crise e dívida, propondo metas aos acionistas para superar tudo.

Não é atoa que ele atingiu posição 186º dentre os bilionários do mundo, da FORBES, no ranking de 2018.

Superou a crise e tornou a TCI uma das maiores empresas da área de TV a Cabo do mundo, demonstrando o esforço e a procura de soluções, analisando tudo o que podia ser recuperado e faturado com o que envolvia gastos e dividas.

Isto foi conseguido analisando as perdas e a recuperação destas, usando moldes e reflexões desenvolvidos por Malone, detalhando o foco e reforçando detalhes, base do desenvolvimento do EBITDA; fomentando a confiança dos investidores e possibilitando o incremento do lucro da TCI.

Em 1998, novamente a AT&T rodeou Malone, adquiriu em 25 de Junho a TCI, um grande investimento que aumentou o controle da empresa na área de TV a Cabo.

Conforme divulgado na época, a AT&T pagou US$51,00 por ação para comprar a TCI integralmente, no dia anterior a aquisição estes papéis valiam apenas US$ 38,69 no Nasdaq.

Malone continua em comando após a venda da TCI, a Liberty Global ficou com ele, e continua até os dias de hoje, assim como continua a frente da Silver Spur Ranches, grupo de empresas de criação de gado e venda de carne.

Paralelamente, John Malone desenvolveu trabalhos sociais com a esposa, evitando holofotes e cultivando um estilo de vida glamoroso.

No ano 2000, por exemplo, doou 24 milhões de dólares para a construção de uma universidade de engenharia com o nome de seu pai, no caso a Daniel L. Malone Engineering Center de Yale.

Sempre procurou contribuir com instituições de ensino, em 2014, junto com sua esposa, doou 42,5 milhões de dólares para Universidade do Colorado.

 

2.2 TCI.

No final da década de 1950, iniciou-se um novo serviço de antenas e divulgação de televisão em áreas rurais, procurando atender territórios afetados pela distância e recursos.

Passou-se a estudar como melhorar a recepção do sinal, o resultado foi a televisão a cabo, que passaria a ser um serviço oferecido para os locais até então atendidos pela TV aberta.

A oportunidade de negócio atraiu a atenção da iniciativa privada, permitindo uma rápida expansão, foi quando surgiu Tele-Communications, Inc., e com o tempo se tornando uma das maiores operadoras desse sistema nos EUA.

Robert Magness, conhecido como Bob, criador de gado no Texas, fundou a Tele-Communications em 1965; levantou parte do dinheiro com a venda de gado, iniciando o negócio do sistema de TV a Cabo em Menphis, no seu estado, o Texas.

Em pouco tempo, ampliou sua área de atuação para Denver, onde poderia atender mais cidades da área rural; como Montana, Utah e Nevada.

Bob Magness, no inicio dos anos 70, abriu a TCI ao mercado, a intenção era reinvestir o capital para crescer, mas passou por tempos difíceis que afetaram todas as indústrias de cabos.

Neste período, a TCI ainda tinha uma pequena área de abrangência, enfrentando grandes dividas com taxas flutuantes; foi quando decidiu vender ações para poder levantar dinheiro para quitar parte das dividas e ampliar o negócio, momento no qual o mercado de ações entrou em colapso.

Por volta de 1973, quando Malone entrou para TCI, esta já era a quarta maior operadora de cabo dos EUA, “era a quarta maior operadora de cabo do país, com 600 mil assinantes.” (THORNDIKE, 2015: 102); porém, possuía uma divida gigante em relação à renda, em torno de dezesseis vezes superior ao seu rendimento.

Quando Magness contratou Malone a intenção era equilibrar as dividas da TCI com sua rentabilidade.

Na época, para os empresários da área, era normal se endividar para construir infraestrutura de TV a Cabo, pensava-se que os clientes viriam depois, juntos com estes novas mensalidades que pagariam pelas dividas.

Apesar das dificuldades, o negócio era interessante, dificilmente havia desistência e os clientes estavam sempre em dia com seu pagamento.

As redes de cabo eram quase como monopólios por regiões, pois cada grupo cuidava da sua parte, sua região, não havia risco de passar outro cabo por lugares que já tinham os seus.

Logo de inicio na TCI, Malone teve que superar mais obstáculos: novos regulamentos e o mercado de ações das operadoras a cabo passando por um esfriamento do interesse; a empresa suspendeu suas ofertas e a dívida se tornou insustentável.

A dívida da TCI e a situação pela qual passava tornou necessário uma ação de pulso firme e decisões diretas junto aos credores, foram constantes negociações com banqueiros e, conforme Thorndike (2015: 103), Malone chegou a abandoná-los em reunião, causando pânico e forçando a aceitação de novos termos dos empréstimos.

Neste momento, aumentou em 10% o número de assinantes, mantendo a margem de lucro, o que só foi possível com a continuidade da independência administrativa facultada ao executivo.

Mesmo sem gerar lucro, a TCI se recuperava com lucros reinvestidos nos negócios.

Em 1976, a TCI conseguiu quitar os juros das dívidas, mas nada sobrava para amortizar a parte principal, o que acabava continuando a gerar preocupação, exigindo sempre buscar uma maneira de acalmar os ânimos dos credores, que não conseguiam enxergar uma solução ao curto prazo.

A partir disso, Malone buscou uma forma de demonstrar a capacidade da TCI em gerar “caixa” e não necessariamente riqueza, tencionando provar que merecia crédito.

Desenvolveu uma análise para despertar a confiança dos credores, que ficou conhecida como EBITDA - Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization ou, em português, Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciações e Amortização, também chamada Lajida.

Usando este instrumental, a TCI conseguiu renegociar suas dívidas e obter taxas mais atraentes, Malone deixou claro que teriam que aceitar juros menores e cinco, de sete bancos, aceitaram.

Acertando os campos financeiros, oferecendo uma nova visão, a TCI foi crescendo.

No campo da TV fechada, surgiram canais como a HBO, que abriu as portas para empreendedores inovadores e novidades para os assinantes. 

A TCI passou a contar com quase um milhão de assinantes, aproveitando a boa maré.

Mostrando a estratégia das parcerias, nos anos 1970/80, a TCI e Malone foram fazendo aquisições, em torno de 482, “em média uma aquisição por semana” (THORNDIKE, 2015: 107).

No final dos anos 1980, com todos os investimentos, tornou-se a maior empresa de TV a cabos dos Estados Unidos, com 8,5 milhões de assinantes.

A rápida expansão do crescimento da TCI, no inicio dos anos 1990, fez surgirem criticas que incomodaram Malone, comparando a empresa com um monopólio, em virtude das muitas aquisições e em diferentes áreas de operação.

O que levou, inclusive, Malone a ter que depor no Congresso para esclarecer como ocorreu a rápida expansão da empresa.

No entanto, o crescimento também aumentou os riscos competitivos, com as regulamentações exigidas pelo governo cada vez mais rígidas.

Os desafios cresciam, quando Malone buscou mais uma nova saída, usando com o EBITDA para valorizar a análise financeira, criando uma nova empresa, de maneira que conseguisse uma separação entre conteúdo e distribuição: abriu a Liberty Media, na qual está até os dias de hoje, a mesma não foi “vendida”.

Visualizando novas oportunidades com as mudanças advindas com a internet, Malone fez a TCI investir bilhões de dólares para modernizar suas operações, realçando a separação de segmentos da Liberty Media, ressaltando nela o melhor acesso a internert em altas velocidades.

O que também demonstrava interesse em ressaltar a TCI para outras empresas, como a venda da mesma.

Destacou um mershandisig proprio para a venda da TCI, investimentos e o rápido crescimento da internet; despertando o interessa da AT&T, foi quando começou as negociações e ofertas.

Toda negociação sob o olhar de Malone, entre ofertas e acordos, saiu à venda pelo valor de US$ 48 bilhões em 1998.

Porém, no ano 2000, dois anos após as aquisições da AT&T, a mesma acabou em falência, e ainda, aquisições sem o consentimento de Malone, que fazia parte do Conselho de Administração, acabaram sendo vendidas para a Comcast.

 

2.3 Conceito EBITDA .

EBITDA é “a sigla corresponde a Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization ou, em português, Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciações e Amortização, também conhecido como Lajida” (LUDÍCIBUS, 2009: 232).

Atualmente, o EBITDA é muito utilizado, principalmente, por empresas de capital aberto, inclusive para apresentação à investidores por analistas de mercado, como avaliação de desempenho e “chamariz” na atenção do mercado.

O indicador EBITDA, costuma ser utilizado para análise da origem dos resultados da empresa, eliminando efeitos de financiamentos, para medir com precisão a eficiência do negócio, independente da área.

Porém, Iudícibus (2009), já dizia que o EBITDA é manipulável, pois ao somar a depreciação e a amortização, pode se conseguir Ebitda positivo, caso esse valor possa cobrir um prejuízo e deixar saldos.

Cita um exemplo de reconciliação com a medição econômica, mostrando o cálculo efetuado pela administração e explicação sobre a formação da medição econômica e comparação com outras companhias:

 

Lucro operacional

(+) despesas financeiras

(+) depreciação

(±) amortização de ágio ou deságio

(+) outras amortizações

(-) despesas não recorrentes

(=) Lucro antes dos Impostos, Juros, Depreciações e Amortizações - Lajida (Ebitda).

(IUDÍCIBUS, 2009: 234)

 

Vasconcelos (2002: 39) coloca o EBITDA como “misto de indicador de desempenho econômico-financeiro e base para avaliação de empresas [que] tem se mostrado bastante eficaz nas análises empresariais, o que ressalta sua importância”.

Outro aspecto importante a ser ressaltado é a preocupação da CVM em padronizar o cálculo do EBITDA, inclusive, pelo passar do tempo e nada formalizado com a mesma, então, reforçando, dessa forma, a sua importância para o mercado de capitais.

Essa padronização ocorreu com a promulgação da instrução nº 527/12, a qual determina que: “no cálculo do LAJIDA e do LAJIR, devem ser considerados somente os valores que constem das demonstrações contábeis”.

Nessa instrução da CVM, lê-se ainda:

 

“a divulgação das informações denominadas LAJIDA e LAJIR suscita cuidados que devem ser observados pelos administradores das companhias abertas. É necessário preservar a qualidade e a comparabilidade das informações divulgadas, tendo em vista que esse tipo de informação pode ser considerado relevante para a tomada de decisão econômica por parte dos seus usuários.” (CVM instrução 527/12)

 

Com o tempo também foram criados, em análises, outros indicadores que utilizam a base do EBITDA em seus cálculos, conforme apresentado a seguir na Tabela 1.




Embora, não haja consenso claro a respeito de quem criou o EBITDA, conforme já citado (THORNDIKE, 2017: 103), devemos observar que foi desenvolvido por John Malone, quando entrou para a TCI, em prol da melhoria da empresa e procurando encontrar a solução para salva-la.

Utilizou o cálculo para demonstrar o que buscava de maneira a provar melhoras e conseguir fazer os credores acreditarem na TCI.

Thorndike (2017: 106-107) explica como o executivo chegou ao EBITDA:

 

“deixando de lado os ganhos por ações, Malone enfatizou o fluxo de caixa para credores e investidores, e nesse processo inventou um novo vocabulário que gerentes e investidores atuais conhecem muito bem. Termos e conceitos, como EBITDA* (ganhos antes do desconto de juros, taxas, depreciação ou amortização), foram utilizados pela primeira vez por Malone. O EBITDA, em especial, era um conceito radicalmente novo, e pela primeira vez ultrapassou a “demonstração de resultados do exercício” para chegar a uma definição pura da habilidade de geração de caixa de um negócio antes do pagamento de juros, taxas, depreciações e amortizações”.

 

Outro fato interessante que Thorndike (2017: 107) ressalta é que “o EBITDA, em especial, era um conceito radicalmente novo, e”, pela primeira vez, ultrapassou “a demonstração de resultados do exercício”, para chegar a uma definição “pura da habilidade de geração de caixa de um negócio antes do pagamento de juros, taxas, depreciações e amortizações”.

Outro livro que cita os campos de análise de John Malone é o Cable Cowboy (sem tradução em português), de Robichaux, que tem no Capítulo 3 (2002: 33) o Cash Flow, ou Fluxo de Caixa onde relata a história de como o executivo formou o EBITDA, quais bases eram analisadas.

Robichaux (2002: 41) cita que se a TCI tivesse terminado de escrever o valor dos ativos para proteger o fluxo de caixa de impostos, teria que começar a pagar impostos sobre o rendimento e manter os juros de pagamento, e não teria como financiar o crescimento, mais uma informação que deixa claro o que se mostra no EBITDA.

 

O autor reforça (THORNDIKE, 2002: 42) que Malone usou técnicas financeiras inovadoras que não só poupariam a empresa de uma possível ruína, como também mostravam que ofereciam uma liberdade financeira, o que condiz com a explicação do EBITDA.

 

 “ Malone foi pioneiro no uso do débito na indústria de TV a cabo. Ele acreditava que a alavancagem financeira tinha dois importantes atributos: aumentava os ganhos financeiros e ajudava a proteger o dinheiro da TCI dos impostos, graças à dedução dos pagamentos de juros. Malone tinha como objetivo uma proporção de cinco vezes a dívida frente ao EBITDA, e a manteve durante grande parte das décadas de 1980 e 1990.” (THORNDIKE, 2017: 115)

 

Atualmente, o uso do EBITDA já não agrada a todos, para Warren Buffet (2010: 31) “a perspectiva de Buffett é procurar companhias que tenham algum tipo de vantagem competitiva durável, com as quais pode lucrar no longo prazo. Ele descobriu que companhias com excelentes condições econômicas de longo prazo funcionando a seu favor tendem a ter margens de lucro bruto constantemente mais altas do que as outras”.

Ou seja, o mesmo prefere a fórmula básica da margem de lucro bruto, sendo lucro bruto dividido pela receita total.


 

Lucro bruto R$ 7.000 + Receita R$ 10.000 = Margem de lucro bruto 70%

(CLARK, 2010: 31).

 

Segundo Warren Buffett:

 

"Procuro empresas cuja situação dali a 10 ou 15 anos eu acho que posso prever. Veja o caso da goma de mascar fabricada pela Wrigley. Acredito que a internet não vai mudar a maneira como as pessoas mascam chiclete." (CLARK, 2010: 133)

 

Para Buffet e Malone, dois grandes investidores americanos, cujas visões de investimento são diferentes, comparar e analisar a empresa por categoria pode-se ter um ótimo retorno, são visões estratégicas, um esperando a médio longo prazo e outro a curto médio prazo.

Porém, ambos em busca de resultado, e com essa colocação deixa-se claro que sabendo utilizar por categoria ajuda a entender qual a analise a ser vista.

Como o EBITDA foi aplicado por Malone na área de Televisão, onde o produto principal era a “TV a Cabo”.

No Brasil, o EBITDA começou a ser utilizado depois de uma estabilidade econômica e monetária, com a entrada do Plano Real, a estabilização da moeda, a partir do ano 1994, onde o Banco Central controla a inflação através da fixação da taxa básica de juros SELIC, fixada pelo Conselho de Política Monetária (COPOM).

 

3. METODOLOGIA DA PESQUISA.

A metodologia utilizada nesta pesquisa é de natureza qualitativa/bibliográfica, pois através de informações e referências a base da leitura focou-se em basear o EBITDA como um indicador elaborado por John Malone, no tempo de trabalho na TCI, superando as dificuldades; sendo também hoje um indicador com utilidade no mercado.

Analisamos a percepção dos analistas e gestores em relação ao EBITDA.

Tozono-Reis (2009: 26) diz que: “no entanto, é importante observar que os procedimentos metodológicos da pesquisa bibliográfica são bastante específicos. A leitura, para análise e interpretação dos dados, é a atividade específica em todo processo, e exige do pesquisador maturidade e muita disciplina.”

As pesquisas foram feitas em livros direcionados a John Malone e sítios com sua história e atividades exercidas.

E sendo os dados coletados da própria bibliografia, significa que a técnica utilizada para elaboração do tema em desenvolvimento é a pesquisa qualitativa. (TOZONI-REIS, 2009). 

 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Esta pesquisa teve como intuito demonstrar que o EBITDA foi desenvolvido por John Malone, segundo os métodos que utilizava para o crescimento da TCI, de maneira a controlar e recuperar a situação financeira da empresa.

O primeiro passo deste trabalho foi identificar, através de estudos sobre John Malone, que sua carreira e desafios profissionais os levaram a buscar um novo método de análise para entender como se aproveitava a lucratividade da empresa, na área da TV a Cabo.

Os resultados obtidos nas pesquisas mostram que o desempenho do mesmo houve êxito, e até nos dias atuais é um dos campos mais utilizados por analistas de créditos, gestores de empresas.

O segundo passo proposto para este trabalho foi explanar a história da TCI, onde John Malone por mais tempo ficou e fez da mesma um império.

Com base nas dificuldades que a TCI enfrentava Malone criou o indicador EBITDA de maneira que o mesmo recuperasse a situação que a TCI passava e provasse aos investidores que seria possível retorno.

Magness o trouxe para a TCI ciente da situação e inclusive com proposta salárial menor do que outras, porém, a localização e o interesse do empreendimento chamou a atenção de Malone, e assim a tornou, senão a maior, uma das maiores empresas da área da TV a Cabo dos EUA.

O terceiro passo foi apresentar as informações e estudos do EBITDA e sua importância como indicador financeiro.

Destacou-se da década de 1990 para os dias de hoje, muito utilizado, mas sem muita explicação, inclusive as regras da da CVM para a utilização do mesmo no Brasil.

E conforme as pesquisas feitas, diretamente sobre o EBITDA, sempre mostra simplesmente suas fórmulas, significado e como utilizar, e em dois livros se afirma que o mesmo foi desenvolvido por John Malone, onde junto a sua história com a TCI reforça as afirmativas.

A metodologia qualitativa / bibliográfica se aplica, pois, considerando o objeto desse estudo, a criação do EBITDA se encaixa nessa teoria, pois a mesma é baseada em análise da história e a utilização do EBITDA.

Concluí se que o EBITDA realmente foi desenvolvido por Malone, os fatos da situação da TCI quando o mesmo a assumiu para ajudar Magness a recuperar a mesma, e a comparação com Buffet por serem dois grandes bilionários americanos a lidarem com investimentos e serem seguidos.

Malone que desenvolveu o indicador por análise e recuperação de grupo de TV a Cabo, onde o aproveitamento e a depreciação são menores que em outras áreas atendia uma visão de expectativa de recuperação.

Thorndike reforça a informação, inclusive com as décadas em que Malone já utilizava o EBITDA para a recuperação da TCI:

 

“Outra importante fonte de capital da empresa era evitar impostos. Como já vimos, a minimização dos impostos era um componente central da estratégia de Malone na TCI, que elevou a abordagem histórica de Magness frente aos impostos a um nível inteiramente novo. Malone tinha horror aos impostos.” (THORNDIKE, 2017: 116)

 

5. REFERÊNCIAS.

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segunda-feira, 25 de maio de 2020

O ensino e a pandemia: adaptação da prática docente pelos professores de matemática, química e física.


FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 5, Série 25/05, 2020.



Profa. Janaina Barboza Ramos.

Professora no Colégio Pentágono.


RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar a pesquisa feita com professores das áreas de matemática, química e física sobre as ações para adaptação da prática do ensino, que devido ao momento da Pandemia do CONVID-19, tornou necessárias novas maneiras de ensinar inseridas no ambiente virtual. Tendo como referência o ensino fundamental e médio, onde o ambiente virtual não era totalmente conhecido.

PALAVRAS-CHAVE: Professores; Ensino; Exatas.

 

ABSTRACT: This article aims to analyze the research carried out with teachers in the areas of mathematics, chemistry and physics on actions to adapt to teaching practice, which due to the moment of the CONVID-19 Pandemic, new ways became necessary, and such as the virtual environment. And still being a reference for elementary and high school, where the virtual environment was not fully known.

KEYWORDS: Teachers, Teaching, Exact.

 

1. INTRODUÇÃO. 

No início do ano 2020, as notícias já corriam pelo mundo sobre a pandemia, ocorrida devido a um vírus com a sigla de CONVID-19, chamado corona vírus, iniciado no ano anterior no continente asiático, especificamente na China.

O surto iniciava uma pandemia, conforme o dicionário Michaelis: “doença epidêmica de ampla disseminação”.

Pelas informações e notícias que corriam sobre o perigo do vírus e as consequências do mesmo: “o surto do coronavírus começou em dezembro de 2019, em Wuhan, a capital da província de Hubei, onde se concentram as mortes causadas pelo coronavírus.Hoje, há 60 milhões de pessoas isoladas do resto do mundo na região” (https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/02/16/xi-jinping-lider-da-china-sabia-da-gravidade-do-coronavirus-desde-janeiro-mas-nao-fez-alerta.ghtml) acesso em 20 de abril de 2020).

No inicio, a preocupação no Brasil era quase nula, pois até o mês de fevereiro não havia registro de contaminados, tudo estava normal, existiam apenas notícias que vinham de outros países, alias, outros continentes.

Em março surgiu o primeiro caso confirmado em pessoas que vinham fora do Brasil, estavam a trabalho ou passeio.

Em seguida, as primeiras informações eram que o risco da contaminação ocorria onde havia aglomerações, foi quando os governantes, já conhecendo o que ocorria pelas notícias de outros países, partiram para tentativas iniciais de controle do surto, interrompendo, em alguns Estados, o fluxo de pessoas em locais de aglomeração: comércio, centros educacionais e religiosos.

Trataremos aqui justamente dos impactos na educação. Quando surgiu a preocupação em como adaptar o ensino, em pleno andamento do primeiro bimestre, em escolas de nível fundamental e médio. 

Um momento em que foi preciso lidar também com pais e alunos com dúvidas e insegurança; atendendo, no Estado de São Paulo, as determinações com força de lei colocada pelas autoridades locais.

No âmbito acadêmico, este estudo pretende contribuir para o entendimento do desafio do ensino em tempos de pandemia para os professores de matemática, química e física.

Em exatas, por envolver cálculos, os professores precisaram construir estratégias para trabalhar como facilitadores, um grande problema em se tratando da educação voltada para crianças e adolescentes.

Em função disso, este estudo tem por objetivo identificar como foi a adaptação dos professores de matemática, química e física perante o atual momento.

Quadro 1 apresenta a relação entre questões a serem respondidas na pesquisa e os objetivos específicos.

 

 


2. REVISÃO DA LITERATURA.

 

2.1 O sentido do ensinar e aprender.

A questão do ensinar e aprender, em um momento de pandemia, constitui um processo centrado no professor, pois este precisou reaprender a ensinar, ou de maneira popular “se virar”.  

Um grande problema para matemática, química e física; visto que o conteúdo formado por cálculos, onde o professor procura demonstrar de forma clara e dissertativa, aos alunos, como desenvolver o módulo demonstrado.

No ensino presencial, existe um apoio do professor ao educando, sendo essencial a interação presencial; a mudança da situação, com a pandemia, inverteu esta lógica, fazendo surgir mais um problema: a integração com a tecnologia.

A questão é que, retomando o que se dizia no passado, citando Paulo Freire, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”; a situação passou a exigir “criar as possibilidades para (...) produção” do conhecimento (1996, p.26).

Surgiu a obrigatoriedade de criar uma nova visão do ensinar e aprender, buscando desenvolver possibilidade para facilitação da aprendizagem.

As  transformações tecnológicas acumuladas nas duas últimas décadas, ignoradas pela realidade educacional brasileira, precisaram se assimiladas em poucos dias.

A pandemia paralisou tudo, mas não a educação. Fomentou a necessidade de uma nova visão do ensinar e aprender, forçando mudanças.

O momento não é único, o tempo vai transformando as ideias, os estudos, a visão do homem; mas a pandemia acelerou a mudança de paradigma.

Furtado dos Santos, em 2008, já citava a necessidade de mudança dos paradigmas na educação para implementar um novo ensinar e aprender.

Descrever o mundo, seus fenômenos e processos, caracterizar os métodos e estratégias de intervenção, sempre foi o principal papel da escola.

Tudo sempre esteve bem “arrumadinho”: professor ensina algo inquestionável, aluno aprende e reproduz exatamente com aprendeu e todos são felizes para sempre, como nos contos de fadas.

Mas esse conto continua e, depois do “final feliz”, tem início um período sombrio, recheado de incertezas, de novos paradigmas e impulsionado pela mudança cada vez mais frequente. (SANTOS, 2008, p.63)

Seguindo ainda esta reflexão, quando o autor mencionava um “um período sombrio, recheado de incertezas” parecia prever o momento de pandemia.

Obviamente, a sua preocupação era com a modernização da educação, no sentido de aguçar as crianças e adolescentes para o estudo, pensada em termos gradual, não de um dia para o outro. 

Certamente não foi pensada ou prevista em meio ao desenvolvimento do calendário escolar de 2020, sem prévio planejamento.

A pandemia forçou a necessidade de mudança de como o professor  ensinava e aprendia, ampliando o horizonte antes estacionado, conduzindo até a centralização no papel desempenhado pelos docentes. Uma vez que:  

 

“se espera muito dos professores, que se lhes irá exigir muito, pois depende deles, em grande parte, o a concretização dessa aspiração (desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades). A contribuição dos professores é crucial para preparar os jovens, não só para encarar o futuro com confiança, mas para construí-lo eles mesmos de maneira determinada e responsável.” (DELORS, 2000, p.152)

 

Diante da importância dos professores no processo educativo, não adianta simplesmente mudar leis para forçar sua adequação aos novos tempos. 


2.2 Educar à distância.

Nas últimas décadas, já era muito comum o ensino à distância, popularmente chamado EAD, mas estava, antes da pandemia, apenas no ensino superior e alguns outros poucos nichos.

A pandemia deslocou e generalizou o uso das novas tecnologias para o ensino fundamental e médio, onde existia uma certa tentativa de introdução ao EAD, principalmente como meio de comunicação, nas escolas particulares, entre gestores e seus professores com os pais e alunos; utilizando aplicativos, sites, e-mails, etc.

No segmento de humanas e linguagens, a relação impessoal, mediada por tecnologias, já estava consolidada, mas entre os professores de exatas era praticamente desconhecida.

Os docentes desta área precisaram, primeiro, entender o que é o ensino à distância. Segundo Niskier:

 

“...educação a distância é a aprendizagem planejada que geralmente ocorre num local diferente do ensino e, por causa disso, requer técnicas especiais de desenho de curso, técnicas especiais de instrução, métodos especiais de comunicação através da eletrônica e outras tecnologias, bem como arranjos essenciais organizacionais e administrativos.” (1999, p.50)

 

Depois, foi necessário se apropriar de “técnicas especiais", providenciar uma mudança de paradigma em tempo extremamente curto.

Em exatas, tornou-se evidente a necessidade de técnicas especiais, surgiu a questão de como atrais e ajudar o aluno a entender a importância do cálculo, apresentado por uma tela. 

O professor ficou sozinho, sem sua turma, em frente a uma tela de computador dentro de sua casa; aluno também ficou sozinho do outro lado dessa tela, ambos foram pegos de surpresa. 

O que, inicialmente ampliou os velhos problemas existentes na educação brasileira e criou outros, enquanto algumas escolas particulares e a maioria das públicas optaram por antecipar férias; outras prosseguiram com a educação remota, com aulas on-line, tentando reproduzir o ambiente como se estivesse na escola.

O que foi referendo e respaldado pelas diretrizes legislativas do país e do governo do Estado de São Paulo. 

O Decreto nº 2.494 da Presidência da República, regulamenta o artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), cita logo no inicio que:

 

“Educação a Distância é uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação." (BRASIL, 1998)

 

Em sentido amplo e dentro destas diretrizes legislativas, deve-se ressaltar, novamente, que a educação não é algo recente, já existia, até mesmo no ensino fundamental, pois lições complementares, em algumas escolas, utilizavam sistemas e aplicativos para aplicação. 

No entanto, o ensino online até então não existia na educação básica, a tecnologia de comunicação era usada somente no reforço ao abordado no presencial, em geral, como lição de casa..

A pandemia transformou o que era complemento em centro do processo educacional, em um primeiro momento, os professores entraram em uma situação de surpresa, inseridos em um momento de preparação para lidar com a tecnologia.

O impacto maior foi o desconhecido, do dia para a noite foi necessário se apropriar de recursos que eram secundários ou não utilizados; ou ainda melhor de um dia para o outro, mudar a rotina, lembrar que agora era um professor presente à distância, sem recursos conhecidos, mas com uma rotina e conteúdos a serem abordados obrigatoriamente.

Conforme Belloni:

 

“A educação é e sempre foi um processo complexo que utiliza a medida de algum tipo de meio de comunicação como complemento ou apoio à ação do professor em sua interação pessoal e direta com os estudantes”. (1999. p.54)

 

Por isso, a ação do professor sempre foi o grande desafio, requerendo a utilização de recursos de comunicação diversos, mas, no Brasil, geralmente, não ultrapassado a zona de conforto do conhecido como tradicional.

Analisando um estudo de caso, com dados levantados junto a professores de uma escola particular da região metropolitana da cidade de São Paulo; pudemos notar que os professores se adaptaram de forma rápida para providenciar saídas para o “novo” momento causado pela pandemia.


3. METODOLOGIA DA PESQUISA.

A metodologia aplicada para esta pesquisa é de natureza qualitativa/exploratória, realizada através da coleta de dados com base em entrevistas.

Diante da pandemia, as entrevistas usaram recursos da distância, no caso o Google Forms (através de formulário), onde ficou registrado os dados qualitativos.

Focou-se em saber como os professores conseguiram se adaptar a urgência do ensino online, no momento da suspensão das aulas presenciais.

As questões foram formuladas de forma individuais, semiestruturadas, registradas nos Google Forms com a amostra de 3 professores das devidas matérias citadas: matemática, física e química.

Seguindo Bardin, “o material verbal obtido a partir de questões abertas é muito mais rico em informações do que as respostas a questões fechadas ou pré-codificadas” (2011, p.180). 

As questões foram aplicadas considerando um script de quatro perguntas, estruturadas de forma a otimizar a análise de conteúdo, e foram conduzidas individualmente.

O método de análise dos dados coletados, através das questões, foi o de análise de conteúdo.

 

Questionário foi elaborado a partir dos constructos:

1 – Como o professor se encontrou nesse momento?

2 – Quais as dificuldades encontradas?

3 – A posição dos alunos perante a situação?


4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.

Este tópico demonstrará as questões apresentadas e respondidas pelos 3 entrevistados, relacionando-os ao referencial teórico e às possíveis inferências que causou a situação do COVID-19.

Segue, a discussão dos resultados conforme os objetivos específicos abaixo no Quadro 2:

 

Os professores gentilmente colocaram-se à disposição e responderam as questões, mesmo diante de tantas surpresas e desafios para enfrentar a situação e superar o que estava ocorrendo. Cada um de uma das áreas sugeridas como a reflexão do artigo.

Em primeiro momento, o importante da visão dos entrevistados foi a confiança do desafio, não mediram esforços e entenderam que tudo seria possível resolver, claro, sendo de uma unidade particular, que também tem integração de faculdade, tiveram suportes como o da área de TI e sistemas já disponíveis de uso. E se colocaram à disposição sem medir esforços!

A professora de Física, perante a situação, no primeiro momento: “Primeiramente uma vasta pesquisa sobre ferramentas disponíveis que pudessem me auxiliar, buscas em sites, conversas com amigos de TI (...).

No segundo momento verificar se estes recursos que são muitos e fascinam pelo sinal eu poderia instalar no equipamento que tenho disponível. E aí vem a tristeza, não consegui instalar tudo o que me apaixonei.

Procurei então utilizar os aqueles que no momento conseguia trabalhar. Logicamente nada substitui as aulas presenciais, mas confesso que sou grande admiradora deste tipo de recurso.”

O professor de Química partiu também para bases que já oferecia a escola: “Utilização de plataformas, realização de vídeo aulas, slides, seminários e discussões online com compartilhamento de telas.”

A entrevistada, professora de Física, demonstra claramente que atualmente temos recursos para suprir situações como essa, mesmo não sendo esperada, e não constar na programação, porém buscando soluções é possível resolver os desafios. Como também o professor de Química que aproveitou a plataforma que a própria escola já o oferecia, até que aprimorasse novas soluções.

Os professores entrevistados também entenderam que a adaptação dos alunos, do ensino fundamental II e Ensino Médio, em primeiro momento foram difíceis, com acertos e aceite das crianças e adolescentes perante uma coisa tão diferente da rotina de vida deles.

Participar de uma sala de aula “online” com a distância do professor e amigos de sala, em casa, com tantas notícias, os deixaram como um primeiro susto, porém pelo informado eles estão se adaptando.

O professor de matemática foi claro: “Os alunos apresentaram um certo grau de dificuldade no começo, porém se adaptaram bem ao novo método”

A professora de física expressou sobre as dificuldades: “Muito complicado, principalmente pelo momento que estamos passando.

Nas primeiras semanas muitos ajustes. Agora nos parece até que está fluindo melhor. Mas foi imposto, eles não estão preparados em todos os sentidos.”

Porém também encontrada as dificuldades para o ensinar a distância, não tendo a experiência, e a rotina desse fato.

O primeiro momento também foi de dificuldade para os professores, as divergências do momento, e como a adaptação de cada um, reforçando nessa a opinião dos 3 entrevistados, matemática, química e física que tanto necessitam de espaço físico, como uma lousa que seja, para expor as ideias e a troca de informação com os alunos.

O professor de matemática expôs a dificuldade conforme declarado: “Problemas com a conexão e no começo uma interação maior com os alunos.”

O professor de química ressaltando a falta do contato: “A falta do contato, das discussões e interação com os alunos. O compartilhamento de ideias e a falta da vivência em âmbito social dificuldade o processo de aprendizagem como um todo.”

E a professora de física a urgência do tempo: “Para este momento a falta de um planejamento prévio. Está sendo tudo preparado na véspera e muitas vezes no contra turno”.

Conforme ressaltado no início do artigo, o interesse para a pesquisa focada em professores de química, física e matemática, são principalmente a base principal das 3 matérias, cálculos, e como muitos demonstram as dificuldades, então a preocupação e o interesse em entender como conviveram nesse momento para conseguir auxiliar os alunos e demonstrarem algum modo de trazer os alunos ao entendimento.

Como tratando-se do além de sala de aula, laboratório, lousa, e sim uma tela entre as partes, os professores informam como acharam solução e conseguiram seguir.

O professor de matemática explica que: “Deixo os exercícios resolvidos no PowerPoint e no caso de dúvidas resolvo o exercício em folha de sulfite mostrando algum detalhe específico.”

O professor de química partiu para outros meios como diz: “Compartilhamento de tela com caneta do powerpoint e gravações de vídeos de resoluções feitas por mim.”

Já a professora de física procurou outros recursos: “Como recurso um programa de lousa digital, vídeo onde faço a resolução passo a passo. Enfim depende da aula e dúvidas que vão surgindo”

Nota-se o desafio encarado por todos, esta pesquisa está resumida a uma escola que paralisou o funcionamento somente em uma semana do mês de março, quando se iniciou as declarações governamentais de fechamento, atendo as normas colocou os professores em ação para que em breve cumprisse o necessário, até que urgentemente fosse decidida a maneira de trabalho, através de um programa ao qual já havia parceria, o Team da Microsoft, e também utilizar um outro no qual já era comum para controle de notas, faltas, e afins e chamado SEI.

Professores tiveram apoios e suporte de equipes de TI, sendo sempre orientados, reforçamos tais informações para que seja entendida a opinião e dificuldades encontradas por eles.

 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

A pesquisa realizada foi com a intenção de compreender a situação dos professores de física, química e matemática com a situação passada da urgência das mudanças e continuar a lecionar da maneira que fosse possível.

O objetivo foi atendido com as quatros questões analisadas.

O primeiro objetivo específico era identificar o grau de conhecimento do professor e como se adaptou ao mesmo.

Os resultados foram bem claros a respeito do esforço, e do interesse de buscar o melhor para atender os alunos e a situação. Sendo objetivos e em todo momento se dedicaram em busca do melhor.

O segundo objetivo específico era saber a respeito da adaptação dos alunos junto à mudança para aula “online”, como eles se encontravam nesse momento.

Os professores reforçaram que ouve uma dificuldade dos alunos em se adaptar e aceitar de primeiro momento, mas estavam se acostumando e entendendo a necessidade da maneira utilizada, virtual.

O terceiro objetivo específico identificar as diferenças com o desafio do ensinar de outra maneira, a distância como foi o ocorrido.

Os professores ressaltaram os problemas mais simples como os de conexão, por depender de tudo pessoal para desenvolver o trabalho, até mesmo como aplicar os cálculos para que fosse possível aos alunos entenderem. Mas reforçando que com o tempo foram também se adaptando.

O quarto objetivo específico foi identificar as maneiras aplicadas para trabalhar junto aos alunos, sendo a base de cálculos.

Mais uma vez todos citaram um primeiro momento de dificuldade, as maneiras para poder expressar os cálculos para facilitar a compreensão, ainda que diferente da sala de aula, mas, que atraísse a atenção e o interesse dos alunos.

Com a pesquisa feita, a voluntariedade de três professores contribuindo para entendermos como foi a interação com a situação COVID e a mudança ocorrida, foi possível notar que o esforço contribuindo com a assistência e apoio da escola e outros professores, como também informado que tiveram (e têm) reuniões de suporte e sugestões, demonstra que nessa escola estudada foi possível conseguir prosseguir os bimestres correntes.

Adaptaram professores e alunos, de maneira a se unirem e seguirem os ensinos e aprendizagem, mesmo sendo muito longe da rotina acostumada, mas com tanto trabalho e mudanças conseguiram seguir o barco no mar revolto.

 

6. REFERÊNCIAS.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.

BELLONI, M. L. Educação à distância. Campinas: Autores Associados, 2001.

BERLO, D. K. O processo da comunicação: introdução à teoria e à prática. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

BRASIL. Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998. Regulamenta o Art. 80 da LDB (Lei nº 9.394/96). Brasília: Presidência da República. Disponível em: <http://www.mec.gov.br/seed/tvescola/ftp/leis/D2494.doc>. Acesso em: 12 maio 2020. 

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Presidência da República. Disponível em: <http://www.mec.gov.br/seed/tvescola/ftp/leis/lein9394.doc>. Acesso em: 12 maio 2020.

DELORS, Jacques et al. Educação: um tesouro a descobrir - Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez; Brasília: MEC: UNESCO, 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

NISKIER, A. Educação à distância: a tecnologia da esperança. São Paulo: Loyola, 1999.

SANTOS, Julio César Furtado. Aprendizagem significativa: modalidades de aprendizagem e o papel do professor. Porto Alegre: Mediação, 2008.