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domingo, 30 de agosto de 2020

Editorial - Ano 1 - Volume 8.

FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 8, Série 30/08, 2020.

 

Neste oitavo número, da Revista FAPEN ON-LINE, apresentamos aos leitores dois artigos com resultados de pesquisas desenvolvidas na instituição.

Lembramos que, deste o dia 25 de maio, contamos com a indexação do Latindex e que a publicação possui ISSN.

Portanto, os textos aqui publicados podem ser incluídos no currículo lattes e pontuam em concurso público de ingresso e progressão nas mais diversas áreas.

Pesquisadores, estudantes, professores e demais interessados, da instituição e fora dela, estão convidados a submeter textos ao conselho editorial, com vistas a sua publicação.

Assim, reforçamos o compromisso de divulgar projetos e pesquisas inovadoras desenvolvidos no Pentágono e o convite para submissão de textos.

Desde abril, estamos também abertos à participação de interessados vinculados a outras instituições.

Nesta edição, tivemos a participação do diretor da instituição, Prof. Dr. Carlos Rivera, em parceria com o ex-reitor da USP Prof. Dr. Roberto Lobo e Silva Filho, oferecendo os resultados de investigação em torno das medidas adotadas no ensino básico e superior para gerenciar a crise provocada pela pandemia.

A Profa. Ms. Janaina Barboza Ramos, docente no Colégio e Faculdade Pentagono, colaborou com um excelente artigo sobre analisar o desenvolvimento da ferramenta EBITDA, criada por John Malone, ainda hoje amplamente empregada na área contábil;

 

Para os docentes e estudantes que tencionam seguir estes exemplos e publicar os resultados de suas pesquisas na revista, o editor está disposição para ajudar na formalização do texto, podendo ser contatado através do e-mail da publicação.

Os artigos, ensaios, resenhas de livros ou filmes, noticias e sugestões de pautas devem ser enviados através do e-mail:

fapen.publicacoes@gmail.com

 

Lembramos que a revista é classificada como interdisciplinar e internacional, não possui fins lucrativos e tem periodicidade mensal.

Publica textos em 4 (quatro) segmentos:

 

1. Tecnologias: Projetos de articulação e Inovação;

2. Negócios/Empreendedorismo: Estratégias em Gestão Organizacional;

3. Sustentabilidade: Higiene, Segurança, Ambiente e Responsabilidade Social;

4. Educação e artes: divulgar a produção acadêmica sobre temas de interesse para a pesquisa em educação e artes.

 

A Revista possui expediente formalizado na coluna ao lado direito da tela, um corpo técnico-administrativo formado pelos coordenadores de cursos da faculdade e pelo revisor, um conselho editorial de professores titulados da FAPEN e de outras universidades (visando garantir a isonomia cientifico-acadêmica).

Na mesma coluna ao lado direito, o leitor tem acesso ao Sumário de cada publicação (mês), link de acesso para as normas de publicação e e-mail de contato, formulário de contato, link que permite seguir a publicação através de perfil no Google (possível também através de e-mail cadastrado na revista), acesso ao currículo lattes dos membros do conselho editorial e do corpo técnico-administrativo (clicar na foto correspondente).

 

Os textos mais acessados e o índice de volumes publicados podem ser encontrados na coluna ao lado direito; no rodapé temos o índice de assuntos/ temas publicados e o índice de autores dos textos.

Permitindo fácil localização da temática de interesse dos leitores.

 

Neste oitavo número, foram publicados dois artigos:

 

Artigos:

 

1. Desafios e Soluções para uma Instituição de Ensino na Crise da Covid-19. – de autoria do Prof. Dr. Carlos Rivera, em parceria com o ex-reitor da USP Prof. Dr. Roberto Lobo e Silva Filho.

https://fapenpentagono.blogspot.com/2020/08/desafios-e-solucoes-para-uma.html

 

2. John Malone da TV a Cabo à criação da EBITDA. – de autoria da Profa. Ms. Janaina Barboza Ramos, docente do Colégio e Faculdade Pentágono.

https://fapenpentagono.blogspot.com/2020/08/john-malone-da-tv-cabo-criacao-da-ebitda.html

 

 

Aguardamos novas propostas de colaboração do público interno e externo, as quais serão analisadas pelo editor e conselho editorial.

Convidamos todos a seguir a publicação, clicando no link seguir na coluna ao lado direito, abaixo do sumário.

 

Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

Editor de Publicações FAPEN.




terça-feira, 25 de agosto de 2020

Desafios e Soluções para uma Instituição de Ensino na Crise da Covid-19.

 FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 8, Série 25/08, 2020.


Prof. Dr. Carlos Rivera. 

Diretor Geral do Colégio e Faculdade Pentágono de Santo André.

Avaliador de Cursos de Graduação do INEP/MEC.

Membro fundador da Rede Latino Americana de Cooperação Universitária - RLCU.

 

Graduado em Engenharia - UMC.

Especialista em Gestão Universitária - Mackenzie.

Mestre e Doutor em Engenharia - Mackenzie.


Prof. Dr. Roberto Lobo e Silva Filho.

 

Professor Sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP.

Diretor do Instituto Lobo.

 

Foi Reitor da Universidade de São Paulo.

 

Graduado em Engenharia Elétrica - PUC/RJ.

Mestre e Doutor em Física pela Purdue University.


RESUMO: Este trabalho analisa as medidas adotadas por uma instituição de ensino básico e superior, cuja gestão decidiu enfrentar os problemas originados pela pandemia do Covid-19 com uma grande mobilização interna, baseada na liderança do Comitê Gestor da Crise e que contou com um apoio de professores e funcionários. Medidas adotadas são relatadas com suas repercussões na vida da Instituição, cujas análises permitiram a montagem de um plano institucional de retomada para os próximos meses.

PALAVRAS-CHAVE: Educação, Pandemia, Gestão de Crise.

 

ABSTRACT: This article analyzes the measures taken by an elementary/high school and higher education institution whose administration decided to face the problems caused by the Covid-19 pandemic with a large internal mobilization based on the leadership of the Crisis Management Committee  which was supported by teachers and staff. The measures adopted are reported with their repercussions on the life of the Institution, whose analysis allowed to establish an institutional recovery plan for the coming months.

KEYWORDS: Education, Pandemic, Crisis Management.

 


1. INTRODUÇÃO.

Instituições de Ensino de todo o mundo passam por um momento delicado, com maior ou menor grau de dificuldade diante da decretação da pandemia do Coronavírus.

Desafiadas por uma situação inesperada, viram-se obrigadas a reorganizar suas operações para enfrentar não apenas os impactos causados pela pandemia, mas, sobretudo, os desdobramentos que surgirão durante o pós-crise.

Este trabalho tem como objetivo específico relatar como uma instituição de ensino, atuante no ensino privado básico e superior, interpretou um cenário crítico, mobilizou suas principais lideranças e conseguiu, de certa forma, otimizar seus recursos durante o enfrentamento dessa crise.

Paralelamente serão apontadas alternativas de soluções para a retomada de suas atividades acadêmicas, paralisadas em razão da Covid19 em 2020.

Pretendemos, com esse relato, contribuir para estudos de casos que envolvam enfrentamento de crises.

A pandemia não será o foco de observação deste relato, mas sim o alto grau de incerteza e singularidade gerado por ela, bem como os eventos indesejados, inesperados e sem precedentes que mexem e geram descrença e angústia com relação ao futuro das instituições.

Portanto, a pandemia gerada pelo Covid-19 será tratada como “crise”.

Embora a palavra crise tenha vários entendimentos, aqui será utilizado o conceito proposto por Rosenthal, Charles e Hart (1989) que define crise como um evento onde há uma ameaça percebida aos valores e funções centrais das organizações e que exige uma resposta imediata.

É exatamente esse o nosso caso, já que, se não tivéssemos respostas rápidas para os problemas que surgissem, a situação poderia desencadear descrenças e incertezas aos corpos docente, discente e técnico administrativo e o risco premente de inviabilidade de nossas atividades.

 

2. A ANÁLISE DA SITUAÇÃO.

O Pentágono é a instituição de ensino objeto desse estudo de caso.

Foi fundada em 1960, na cidade de Santo André, região metropolitana da cidade de São Paulo; atualmente oferece cursos e programas na educação básica e no ensino superior.

A instituição possuía no início do ano, 2.500 estudantes, dos quais 746 frequentam o ensino superior, 123 professores e 69 funcionários técnico-administrativos.

Há alguns anos, a Instituição criou um Comitê Gestor, formado por seus seis diretores e dois membros externos; com o objetivo de pautar decisões e ações das diversas diretorias e auxiliar nas grandes questões da gestão, tendo como princípio fundamental o respeito à missão e aos valores institucionais.

Logo que foi anunciada a interrupção das atividades presenciais em razão da Covid19, a atuação do Comitê Gestor foi ampliada, passando a funcionar como Gabinete de Crise.

Esta ampliação significou uma centralização de todos os dados e informações que chegavam ou saiam da Instituição.

Também houve uma centralização na definição de ações a serem tomadas em função das demandas que surgiam, bem como todo o processo de comunicação com a comunidade acadêmica.

Esta decisão de centralizar acabou configurando um recurso indispensável para o enfrentamento da crise e auxiliando na avaliação de alternativas no período de isolamento.

Algumas instituições concorrentes sinalizaram a antecipação das férias do meio de ano, incentivadas sobretudo pelo Sindicato das Instituições de Ensino, supondo, possivelmente, que esta situação seria resolvida em um curto espaço de tempo.

Internamente, havia uma corrente que defendia esta opção.

Entretanto, a alternativa se mostrou muito simples para uma situação que se vislumbrava como mais complexa, pois foi considerada a possibilidade de que a pandemia pudesse se estender por um tempo maior, podendo fazer haver inclusive perda de vínculo com os estudantes; o que impactaria a Instituição também com provável aumento dos índices de inadimplência, acarretando maior evasão dos alunos.

Caso ocorresse um pico maior de inadimplência, haveria uma situação de comprometimento de fluxo de caixa e dificuldades para cumprir compromissos, inclusive pagamento de salários.

Portanto, a interrupção das atividades acadêmicas se mostrava muito arriscada.

Para um maior entendimento da situação, foi utilizada a análise cruzada do SWOT[i], apoiada pela metodologia do Instituto Lobo de Pesquisa e Gestão Educacional (na qual não há apenas as somas de cada item, mas operações que confrontam numericamente as Forças e Fraquezas com as Oportunidades e Ameaças entre si); pois havia a necessidade de analisar a situação sob a ótica de dois ambientes - internos e externos - para compreender a real situação da Instituição, os meios para o enfrentamento da crise, bem como o estabelecimento de prioridades nas ações, como mostra a Figura 1:

 

Figura 1: Matriz do SWOT com análise cruzada.


Fonte:
 Faculdade Pentágono - FAPEN.


O levantamento das informações para a estruturação da matriz do SWOT contou com a participação dos seis diretores membros que compõe o Comitê Gestor.

Como demonstrado na Figura 1, a equipe de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) seria nossa grande força para dar o suporte necessário às demandas das coordenações, aliada ao corpo docente, uma vez que toda a operação passaria a ser online por um tempo indeterminado.

Além desta equipe, precisaríamos, mais do que nunca, contar com o comprometimento e cooperação do corpo docente.

Com relação à adaptação dos professores ao ambiente online, tínhamos um certo otimismo, pois vínhamos realizando programas de capacitação com atividades mensais nos últimos 4 anos.

Neste sentido, a crise desencadeou uma forma mais rápida de utilização de metodologias apoiadas em tecnologia da informação discutidas nos treinamentos.

O relacionamento entre professor e estudante apareceu no SWOT como uma força importante, sendo fundamental valorizar e apoiar ainda mais o corpo docente neste momento.

Os pontos que deveriam merecer mais atenção do Comitê Gestor, segundo a matriz SWOT, estariam centrados, de um lado, no tratamento das reclamações e, de outro, na comunicação com os diferentes grupos acadêmicos e técnico-administrativos que compõem a Instituição.

Considerando que a Instituição não dispõe de reservas financeiras para este tipo de situação - segunda maior fraqueza -, a gestão financeira, mais do que nunca, teria um papel fundamental para sustentar as operações e, entre elas, o controle da inadimplência seria fundamental.

No desdobramento da análise da matriz SWOT, obteve-se um posicionamento estratégico no limite inferior de equilíbrio, quando consideradas as forças e as fraquezas em relação aos seus impactos nas oportunidades e ameaças, para o enfrentamento da crise.

Para a melhoria deste indicador seria necessária, obrigatoriamente, a ampliação da capacidade ofensiva e a potencialização das áreas de domínio da Instituição.

Um dado que se mostrou preocupante foi a capacidade defensiva, uma vez que as ameaças poderiam fragilizar sobremaneira a Instituição.

Isto foi sentido logo no início da crise, quando surgiu um movimento político propondo a diminuição das mensalidades por meio da possível aprovação de projetos de lei, tanto na Assembleia do Estado como na Câmara dos Deputados.

A Instituição precisou enfrentar estas possibilidades de risco e criar barreiras contra as ameaças, como, por exemplo, abrir a todos os estudantes o percentual dos custos de cada alínea do orçamento, bem como focar no tratamento das reclamações.

Este movimento político acabou gerando, como será visto mais adiante, um forte aumento da inadimplência em 30 dias, já no segundo mês de paralisação.

A análise mais apurada da matriz apontou, também, para a necessidade de correção rápida de alguns problemas internos, uma vez que as debilidades deixavam a nossa situação desconfortável.

Isto significou, por exemplo, uma atenção maior no detalhamento dos comunicados a professores e estudantes.

Prevendo um cenário desfavorável do ponto de vista econômico, decidiu-se pela interrupção dos investimentos programados e pela não captação de empréstimos bancários para efetuar o pagamento de salários.

Foi levantado o histórico de gasto com pessoal e o Comitê Gestor assumiu o compromisso de dedicar 60% das receitas para esta finalidade, independentemente dos índices de inadimplência.

Após essas definições, todos os professores e funcionários foram informados sobre a possibilidade da ocorrência de variações salariais pela possível perda de receitas e, caso isto se concretizasse, seriam utilizados os dados históricos para garantir a proporcionalidade.

Esta comunicação auxiliou na conscientização de professores e funcionários de que seus salários estavam estreitamente vinculados ao grau de satisfação dos estudantes, refletido no pagamento das mensalidades.

Com certeza, caso ocorresse, essa não seria uma situação confortável, mas era o sacrifício coletivo necessário, uma vez que foi decidido também que ninguém seria demitido.

No comunicado, houve uma sugestão de cautela na programação de gastos e assunção de dívidas pessoais.

 

3. A INADIMPLÊNCIA.

A inadimplência é uma velha companheira das instituições de ensino, necessitando de gerenciamento constantemente.

Há três anos foi organizado no Pentágono um setor específico de crédito e cobrança e, desde o ano de 2019, foi iniciado um trabalho com cronogramas e procedimentos sistematizados definidos pelo Comitê Gestor e oficializado na forma de Procedimento Operacional Padrão (POP).

A Instituição tem utilizado o sistema acadêmico como apoio à prevenção da inadimplência, bem como ações cotidianas de cobrança, ciente é claro de que ainda haverá sempre espaço para melhorias.

Possuía um seguro contratado com uma das maiores seguradoras do mercado, a fim de cobrir situações de perda de renda do responsável financeiro e para situações de desemprego que possam impactar o pagamento das mensalidades.

Foi feita a opção por este sistema, sobretudo em razão da análise do perfil dos nossos estudantes.

Em situações de sinistro, achávamos que bastaria comunicar a instituição financeira e enviar a documentação exigida.

Entretanto, quando surgiu a crise, para nossa surpresa, foi verificada a existência de uma cláusula específica nos contratos (que achamos que nunca seria usada) que impede o acionamento do seguro em casos de guerra, desastres naturais e pandemia.

Portanto, este seguro não poderia, infelizmente, ser utilizado.

Em razão disso, realizamos um levantamento dos valores pagos à seguradora e confrontamos com o recebido até aquela data, cuja análise identificou uma situação financeiramente desfavorável para nossa Instituição.

Ficou decidido que seria revista a necessidade ou conveniência de manter o seguro e suas condições.

Na prática, nesse momento, a solução do uso do seguro para atenuar a inadimplência premente verificou-se inviável.

Nosso monitoramento dos índices de inadimplência é baseado em cinco pontos de medição: no mês corrente, em 30, 60, 90 dias e ao final do ano.

Quando o Comitê Gestor se reúne toda segunda-feira pela manhã, estes dados são apresentados, analisados e comparados.

A inadimplência de 30 dias possui um impacto nos compromissos de curto prazo, afetando diretamente o fluxo de caixa da Instituição e, por esta razão, vamos aprofundar sua análise no gráfico da Figura 2.

 

Figura 2: Gráfico comparativo da inadimplência de 30 dias - 2019/2020.


Fonte: 
Faculdade Pentágono - FAPEN.

 

No início do período letivo, os dados eram mais favoráveis quando comparados ao mesmo período do ano anterior, ou seja, os resultados eram promissores para 2020.

Entretanto, de fevereiro para março foi observado um processo crescente da inadimplência de 30 dias, tendo seu pico de 18,99% alcançado entre 4 e 8 de maio.

Posteriormente, houve uma queda e no mês de junho o índice praticamente recuperou-se, mantendo o patamar do ano de 2019.

A ação da equipe de cobrança, na manutenção rigorosa dos procedimentos anteriormente descritos na forma de POP, juntamente com a rápida resposta à comunidade no detalhamento do orçamento, justificando e demostrando a impossibilidade na concessão de descontos, geraram os resultados demonstrados no gráfico da Figura 2, o que foi considerado como demonstração do sucesso das estratégias gerais que já vínhamos adotamos.

Uma forte hipótese é que este crescimento da inadimplência de 30 dias esteja vinculado, sobretudo, à expectativa dos estudantes em receber descontos nas mensalidades.

Foi neste período que alguns políticos apresentaram projetos de lei, já mencionados, para que as instituições de ensino fossem obrigadas a conceder descontos nas mensalidades.

Isto pode ser observado pelo monitoramento das reclamações na forma de e-mails ou manifestações nas redes sociais.

Um fato como este revela o risco de certas notícias prematuras gerarem crises desnecessárias no setor de serviços.

 

4. A EVASÃO.

Do ponto de vista da evasão, foram observadas duas situações distintas: no ensino básico, embora tenha havido um número significativo de reclamações, não houve grande impacto no comportamento das transferências, conforme apontam os números da Tabela 1.

 

Tabela 1: Evasão no nosso Ensino Básico e Superior - 2019 /2020.


Fonte:
 Colégio e Faculdade Pentágono.


Um aspecto a ser observado como positivo foi a estabilidade - em cerca de 1,5%  -  da evasão no ensino básico.

Logo que surgiram as primeiras solicitações de descontos, com a alegação de que nossas despesas operacionais estavam mais aliviadas pela ausência dos estudantes no campus, preparamos uma comunicação a todos os responsáveis financeiros, detalhando a composição orçamentária da instituição.

Paralelamente, à medida em que sofríamos críticas nas redes sociais, fomos nos posicionando e, com isto, as reclamações caíram paulatinamente.

É possível inferir que o baixo índice de evasão neste segmento, com um quadro mais favorável a este ano de pandemia, esteja vinculado, além da pronta resposta às reclamações, às dificuldades de mobilidade estudantil; em função do fechamento das escolas e ainda ao fato de os competidores não ofereceram soluções ou alternativas que viessem a seduzir os nossos estudantes para uma transferência.

No ensino superior, a evasão observada no mesmo período praticamente dobrou, passando de 4,9% para 9,3%. Houve um aumento da evasão em todos os cursos oferecidos pela Instituição.

Este aumento significativo, nos índices de evasão, pode indicar, na análise feita pelo Comitê Gestor, um adiamento no projeto de ensino superior do estudante ou ainda um questionamento sobre suas prioridades.

Outra questão determinante é o fato de o próprio estudante assumir os custos com sua formação e, ainda, muitos trabalharem de forma autônoma; tendo muitos destes, em razão da pandemia, perdido suas fontes de renda.

 

Figura 3: Motivação declarada pelos estudantes do ensino superior para a evasão - 2019 /2020.


Fonte:
 Faculdade Pentágono - FAPEN.

 

Como havíamos previsto no SWOT, quando analisadas as causas da evasão declaradas pelos alunos, houve um aumento considerável da evasão motivada por problemas financeiros; passando de 19,0% em 2019 para 42,7% em 2020, índices apontados na tabela anterior, conforme Figura 3.

 

5. AS PREOCUPAÇÕES COM A APRENDIZAGEM.

Com os estudantes impedidos de desenvolver atividades presenciais, a partir de março, a Instituição aumentou seu foco na busca de alternativas para o atendimento às necessidades impostas pelo planejamento acadêmico do período letivo; discutindo, testando e implementando metodologias de ensino que, em curto espaço de tempo, tinham que ser disponibilizadas aos estudantes.

Foram fornecidas aulas virtuais e orientação aos estudos em casa.

Entretanto, a Instituição não dispõe de mecanismos que possa garantir, com precisão, a eficácia do trabalho desenvolvido, considerando que a maioria dos estudantes e professores não possui experiência com educação à distância e que existem dificuldades de acesso à tecnologia em muitas casas.

Como apontam Harris e Larsen (s.d), além dos desafios educacionais, nos deparamos também com problemas mais amplos para os estudantes e o entorno de suas famílias, incluindo a crise econômica, perda ou diminuição de renda e a ameaça à saúde.

Em resumo, o tempo prolongado de isolamento, possivelmente afetou e afetará de maneira negativa o desempenho dos estudantes e esse impacto será difícil dimensionar.

Ficou decidido que haveria a realização de um levantamento com os estudantes do ensino superior no mês de junho, com o objetivo de verificar suas percepções e sentimentos com relação a algumas questões que precisariam ser respondidas no retorno das atividades presenciais.

Foi organizado um questionário em formato digital e as respostas dos estudantes foram feitas online.

Os resultados estão resumidos na Figura 4.

 

Figura 4: Resumo de percepções e sentimentos dos estudantes do ensino superior sobre as atividades durante a pandemia até junho de 2020.


Fonte:
 Faculdade Pentágono - FAPEN.

 

A Figura 4 mostra que se confirmaram as suspeitas iniciais.

Antes, porém, é importante destacar o reconhecimento dos estudantes com relação ao engajamento do corpo docente (100% de percepção positiva), cuja importância havia sido detectada na análise SWOT.

Positivo também é o reconhecimento de que, mesmo à distância, os alunos sentiram que sua carga de estudos aumentou.

Os resultados apontam, entretanto, que praticamente dois terços dos estudantes sinalizaram que sentiram perdas de aprendizagem e esta questão se apresenta como crítica, até porque há pouco histórico de monitoramento para concluir qual o percentual de perda que esta situação pode gerar para o desempenho adequado do corpo discente.

Junto com a equipe acadêmica, já havia sido levantado que essa situação impactaria em perdas e atrasos educacionais não somente neste ano, mas também em anos futuros.

Embora as interrupções decorrentes da pandemia não tenham precedentes, há algumas pesquisas existentes sobre os impactos da falta da escola devido ao absenteísmo, férias de meio de ano e encerramentos de período letivo que podem fornecer algumas pistas e dar condições de projetarmos possíveis perdas de aprendizagem devido a essa situação.

Pesquisas anteriores sobre o tempo em que os alunos passam fora da escola são úteis, dada à importância de se prever o impacto da pandemia no desempenho de curto e longo prazo.

Segundo o National Bureau of Economic Research of Massachusetts (GOODMAN, 2014), o estudante americano médio fica ausente por mais de duas semanas em cada ano escolar devido à queda de neve.

De acordo com as pesquisas de Joshua Goodman, (2014), cada ausência induzida pelo mau tempo reduz o aprendizado de matemática em 5%.

Após discussão com as coordenações, foi decidido que todo o planejamento para o segundo semestre e para o ano de 2021 precisará ser revisto.

Para tentar estimar as perdas, foi realizada, na segunda quinzena de junho, uma matriz avaliativa, em que os professores elaboraram uma avaliação diagnóstica abrangendo os conceitos básicos, essenciais e acessórios de suas disciplinas, tendo como referência o plano de ensino.

Estes resultados subsidiarão o replanejamento para a recuperação das perdas acadêmicas.

Outro ponto que chamou a atenção, no levantamento com os estudantes, foi o fato de 32,5% não se declararem aptos emocionalmente para a crise.

O isolamento dos estudantes, causado pela pandemia possui aspectos adicionais de trauma para como a perda de recursos e de oportunidade de aprendizado que vão muito além do que podemos monitorar.

Os estudantes com recursos financeiros, empregos estáveis e flexibilidade no trabalho; certamente terão mais facilidade do que aqueles que pagam aluguel, trabalham de forma autônoma, com redução de salários e mais afetados pela situação econômica.

Recentemente, a ONG americana Education Trust (2020) realizou uma pesquisa com os pais de estudantes da Califórnia e de Nova York e descobriu que níveis elevados de estresse para famílias (pais e filhos) devem continuar por um tempo, ainda indefinido; devido à incerteza econômica e à perda de emprego, temores com relação ao vírus, com risco de vida e o impacto psicológico dos problemas sociais, isolamento e perturbações da vida cotidiana.

Pesquisas sugerem que o impacto das interrupções escolares após desastres naturais no desenvolvimento do aluno foi duradouro, com alguns deles continuando a mostrar sofrimento psicológico e problemas de concentração por vários anos ainda.

Fato demonstrado no trabalho desenvolvido por Jacqui Duncan (2016) para a Canterbury Primary Principals' Association, sobre os efeitos do terremoto ocorrido na Nova Zelândia em 2016.

Há que se destacar também o alto grau de reconhecimento pelos educandos de suas dificuldades em administrar o tempo (89,2%), competência que as escolas precisam se empenhar em desenvolver em seus alunos, tanto para sua vida pessoal e profissional.

A falta dos colegas (88,5%) sentida pela grande maioria dos alunos pesquisados é um demonstrativo de que o ensino virtual jamais substituirá a necessária experiência de convivência social, entre os alunos e desses com os professores, por mais que se valorize e se possa usar bem as ferramentas de ensino a distancia.

A geração da internet se ressente, mesmo ela, da convivência com colegas e professores, decorrente da presença física nas escolas e de aulas práticas (56,5%) que exigem sua presença na Instituição.

A crise da pandemia também deixou claro que as atividades de educação a distância precisam ser incorporadas e aprimoradas, de modo a fazerem parte do cotidiano dos alunos, na sua melhor forma e com todo o seu potencial, complementando ou substituindo com qualidade e sempre que necessário e desejável, parte das atividades presenciais.

 

6. A PREPARAÇÃO PARA O RETORNO.

Mesmo que os estudos, até agora desenvolvidos, apontem para impactos potenciais na vida e na aprendizagem dos alunos (com base em diferentes suposições feitas sobre a situação atual); pensar em como lidar com o problema pode auxiliar na formulação de estratégias e ações para o acolhimento dos estudantes no retorno às atividades presenciais.

É possível que o retorno das atividades presenciais necessite de um escalonamento para evitar aglomerações e, consequentemente, diminuir os riscos de contaminação.

Caso esta situação se configure, considerando que dois terços dos estudantes declararam ter tido perda de aprendizagem (conforme demonstrado na Figura 4), daremos preferência ao retorno presencial deste grupo, como também daqueles que apresentaram dificuldade de acesso por falta de recursos tecnológicos.

A alternativa do escalonamento está sendo discutida em diversas instituições.

O Massachusetts Institute of Technology (2020), em seu MIT News Office de 17 de junho, após analisar várias opções - indo desde a presença de todos os estudantes de graduação no campus a um curso totalmente online -, sinalizou que o retorno deveria ser escalonado.

Considerando o aspecto de biossegurança, foi estruturada uma equipe que se encarregou de preparar um documento denominado Plano de Retorno das Atividades Presenciais, cujo lema é: “A sua saúde depende dos meus hábitos e a minha depende dos seus”.

Este documento, organizado na forma de protocolos, tem por objetivo sinalizar ações sanitárias preventivas e incentivar mudanças de hábitos sociais que possam baixar os riscos de contaminação e evitar a disseminação do vírus entre estudantes, funcionários, colaboradores, prestadores de serviços e parceiros.

Quanto aos aspectos acadêmicos, em discussão com toda a equipe de coordenação, foram considerados cinco pontos importantes para que os impactos desta parada compulsória possam ser atenuados neste e nos próximos anos:

 

Primeiro:

Os docentes, expondo sua privacidade, transferiram parte do ambiente da aula para suas casas, muito embora alguns não possuíssem recursos tecnológicos adequados, bem como experiência em instruções online.

Este conjunto, vinculado às novas demandas surgidas pela direção, coordenação e estudantes, pode ter afetado emocionalmente o professor.

Portanto, é de suma importância proporcionar oportunidades de apoio psicoemocional prévio, respaldando os docentes para a retomada dos trabalhos presenciais.

 

Segundo:

A partir da premissa de que haverá perdas e atrasos substanciais de aprendizagem, será necessário, na medida do possível, garantir que os estudantes assimilem os conceitos básicos e essenciais de cada disciplina.

Os resultados da avaliação diagnóstica são essenciais para que, coordenadores e professores, tenham em mãos informações suficientes para discutir como será o replanejamento para os dois próximos anos.

 

Terceiro:

É provável que os estudantes retornem com diferenças mais acentuadas em suas habilidades acadêmicas do que em circunstâncias normais, de acordo com o estudo de Harris e Larsen (2014).

Percebemos também, em nossas capacitações e discussões com os professores, a dificuldade de boa parte do corpo docente em trabalhar com turmas heterogêneas.

O que possivelmente afetará a capacidade de alguns em se adaptar e às suas aulas para atender às necessidades dos estudantes.

Portanto, será preciso considerar a necessidade de preparar os professores e discutir alternativas de aprendizagem individualizada.

 

Quarto:

Historicamente - segundo Cooper, Charlton, Lindsay e Greathouse (1996) -, há perdas escolares no retorno das férias dos estudantes.

No entanto, o que os alunos terão que recuperar, após o retorno às atividades presencias, provavelmente será maior devido à crise da pandemia.

Será importante criar situações com os estudantes para determinar as taxas de crescimento necessárias, visando alcançar e estabelecer metas de aprendizado para o restante deste ano.

Nestas ações, deverão ser incluídas alternativas de apoio à aprendizagem para os alunos mais afetados pelo fechamento temporário da Instituição, com a utilização dos estagiários e de plataformas digitais, à semelhança das utilizadas durante a crise.

 

Quinto:

A Instituição, na medida do possível, disponibilizará suporte e orientação para coordenadores e professores, para que os estudantes consigam assimilar as atividades acadêmicas remotamente.

Há uma variável também determinante no processo de aprendizagem que é o bem-estar emocional. 

A compreensão desses impactos e a melhor forma de apoiar as necessidades sociais e emocionais do corpo discente no pós-crise será essencial.

Neste sentido, será estruturado um programa de capacitação ao corpo docente para dar suporte psicoemocional a estes estudantes.

 

7. REFERÊNCIAS.

COOPER, H. et al.  The effects of summer vacation on achievement test scores: A narrative and meta-analytic review. Review of Educational Research, 66, 227-268, 1996.

DUNCAN, J. CPPA Inquiry into the Ministry of Education’s post-earthquake response for education in Christchurch, Canterbury Primary Principals Association. New Zealand, 2016.

EUA. Massachusetts Institute of Technology. MIT News Office, Massachusetts de 17 de junho de 2020.

EUA. The Education Trust. COVID-19: Impact on education equity: Resources and responses. USA, 2020. Disponível em https://edtrust.org/covid-19-impact-on-education-equityresources-responding/ Acesso em 03 de junho de 2020.

GOODMAN, J. Flaking Out: Student Absences and Snow Days as Disruptions of Instructional Time. National Bureau of Economic Research of Massachusetts, NBER Working Paper No. 20221, Massachusetts, 2014.

HARRIS, D. e LARSEN, M. The effects of the New Orleans post-Katrina market-based school reforms on medium-term student outcomes. Education Research Alliance for New Orleans. Disponível em https://educationresearchalliancenola.org/files/publications/Harris-Larsen-ReformEffects-2019-08-01.p. Acesso em 03 de junho de 2020.

ROSENTHAL, CHARLES e HART. Coping with Crises: The Management of disasters, riots and Terrorism. C.C Thomas, the University of Michigan. 1989.





[i] SWOT é a sigla formada pelas iniciais em inglês das palavras: Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças).

sábado, 15 de agosto de 2020

John Malone da TV a Cabo à criação da EBITDA.

FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 8, Série 15/08, 2020.


Profa. Ms. Janaina Barboza Ramos.

Mestre em Educação - Universidad Del Mar (Chile).

Especialista em Finanças e Contabilidade - FSA.

Licenciada em Matemática - Uniplena.

Graduada em Administração de Empresas – UNIMARCO.



RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar o desenvolvimento da ferramenta EBITDA, criada por John Malone, demonstração e relevância de utilização junto à empresa TCI na década de 70. Para tanto, um estudo exploratório, por meio de pesquisa de fatos comprobatórios, leituras da área e história. John Malone expandiu os negócios e elucidou os fatos que o levaram ao desenvolvimento da EBITDA, sua importância e como esse indicador é utilizado na área de investimentos para analises de Empresas.

PALAVRAS-CHAVE: John Malone, EBITDA, TCI.

 

ABSTRACT: This article aims to analyze the development of the EBITDA tool, created by John Malone, demonstration and relevance of use with the company TCI in the 70's. For this purpose, an exploratory study, by means of research of verifiable facts, readings of the area and story. John Malone expanded the business and elucidated the facts that led him to the development of EBITDA, its importance and how this indicator is used in the area of investments for business analysis.

KEYWORDS: John Malone, EBITDA, TCI.

 

 

1.INTRODUÇÃO.

No mundo dos investidores, dois grandes bilionários que são seguidos, de opiniões divergentes, são John Malone e W Buffet, empresários de sucesso que souberam e sabem analisar riscos, lucrando milhões com análises de investimentos.

Nos últimos anos, o indicador financeiro EBITDA, sigla em inglês de (Earnings before interest, taxes, depreciation and amortizationo - Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) tem se destacado como um indicador indispensável para a atividade de análise de desempenho de empresas.

Investidores buscam segurança e equilíbrio onde será direcionado o investimento, porém, conforme em Relatórios Anuais de Sociedades Anônimas, o que mais se destaca na demonstração é o EBITDA.

Em função disso, este estudo tem por objetivo identificar a história do EBITDA e por quem foi desenvolvido, demonstrando sua utilidade.

No âmbito acadêmico, o estudo poderá ser útil como fonte bibliográfica sobre o EBITDA e John Malone.

O tema EBITDA mostrou-se amplo com o tempo, porém, até o momento, existem somente dois livros que citam John Malone, sendo um sem tradução para o português; além de poucos trabalhos publicados, com textos específicos sobre a temática.

Temos por objetivo reforçar as afirmações de William N. Thorndike Jr. (2015: 106), “quando [a] referência que Malone enfatizou [sobre] o fluxo de caixa para credores e investidores”, dá continuidade na informação e reforça a utilização do mesmo.

Na obra Cable Cowboy (sem tradução em português), que tem como capítulo 3 Cash Flow, ou Fluxo de Caixa, é relata a história de como Malone formou o EBITDA (ROBICHAUX , 2002: 33).

 

2. REVISÃO DA LITERATURA.

 

2.1 John Malone.

John Carl Malone, ou como é conhecido, John Malone, nasceu em Milford, Connecticut, Estados Unidos, em 7 de março de 1941; filho de Daniel Malone, um engenheiro de origem irlandesa e de uma professora.

Na adolescência Malone já desenvolvia suas maneiras de ganhar dinheiro; comprava, reformava e vendia aparelhos de rádios, enquanto também praticava esportes. 

Formou-se em 1959, na Hopkins School, participou da Phi Beta Kappa Society, obteve mérito acadêmico da Universidade de Yale.

Em 1963, formou-se em bacharel em Engenharia Eletrotécnica e Economia; no ano seguinte obteve um mestrado em Gestão Industrial na Universidade Johns Hopkins e, posteriormente, conclui na mesma universidade o doutorado sobre Pesquisa Operacional em 1967.

Seus estudo sobre otimização e, como diz Thorndike (2015: 100), “minimizando o “ruído” e maximizando a “potência”, tornou sua carreira um sucesso que persiste até os dias de hoje.

Iniciou sua trajetória profissional na Bell Labs, que era ligada a AT&T, onde aceitou o desafio de pensar melhorias financeira, desenvolvendo uma pesquisa arrojada, que agradou a diretoria, mas cujos resultados não foram utilizados na ocasião.

Na Bell Labs, iniciou o foco da análise financeira, estudo estratégico de modelos financeiros, para um equilíbrio da AT&T; onde a mesma deveria aumentar seu nível de débito, incluindo a recompra de ações.

Malone, cansado da cultura burocrática do AT&T e ressentido pela não utilização de seu estudo pela empresa, aproveitou uma proposta da conceituada McKinsey Consulting, passando a atuar consultor financeiro.

Apesar de seu comprometido com a esposa, havendo tratado com ela que não estaria tanto nas estradas, com a nova função na McKinsey, acumulou o atendimento a General Instrument, para qual prestava serviço desde 1970, aceitando uma proposta para dirigir a Jerrold, o departamento de TV a Cabo, que na época já crescia.

O desempenho de Malone na Jerrold, em dois anos, permitiu cultivar relacionamento com outras empresas de TV a Cabo, despertando interesse em duas outras grandes, através de Steve Ross da Warner Communications e Bob Magness da Tele-communications Inc. (TCI).

As propostas de trabalho eram ousadas, mas diferentes; a TCI lhe pagaria menos que a Warner, porém oferecendo maior ganho em ações e atendendo a reivindicação da esposa para que ficasse mais próximo do lar.

Sendo a TCI localizada em Denver, mais tranquila que a agitada Manhattan que seria sua residência se optasse pela Warner; Malone tinha na época da mudança 32 anos, era 1973, preferiu a TCI.

Ao longo de 25 anos no comando da TCI, gerou um retorno espetacular para os acionistas.

Malone comandou com pulso firme a empresa, gerenciando as dividas e o contínuo crescimento; o que gerou renda, transformando a história da TCI, em um momento de crise e dívida, propondo metas aos acionistas para superar tudo.

Não é atoa que ele atingiu posição 186º dentre os bilionários do mundo, da FORBES, no ranking de 2018.

Superou a crise e tornou a TCI uma das maiores empresas da área de TV a Cabo do mundo, demonstrando o esforço e a procura de soluções, analisando tudo o que podia ser recuperado e faturado com o que envolvia gastos e dividas.

Isto foi conseguido analisando as perdas e a recuperação destas, usando moldes e reflexões desenvolvidos por Malone, detalhando o foco e reforçando detalhes, base do desenvolvimento do EBITDA; fomentando a confiança dos investidores e possibilitando o incremento do lucro da TCI.

Em 1998, novamente a AT&T rodeou Malone, adquiriu em 25 de Junho a TCI, um grande investimento que aumentou o controle da empresa na área de TV a Cabo.

Conforme divulgado na época, a AT&T pagou US$51,00 por ação para comprar a TCI integralmente, no dia anterior a aquisição estes papéis valiam apenas US$ 38,69 no Nasdaq.

Malone continua em comando após a venda da TCI, a Liberty Global ficou com ele, e continua até os dias de hoje, assim como continua a frente da Silver Spur Ranches, grupo de empresas de criação de gado e venda de carne.

Paralelamente, John Malone desenvolveu trabalhos sociais com a esposa, evitando holofotes e cultivando um estilo de vida glamoroso.

No ano 2000, por exemplo, doou 24 milhões de dólares para a construção de uma universidade de engenharia com o nome de seu pai, no caso a Daniel L. Malone Engineering Center de Yale.

Sempre procurou contribuir com instituições de ensino, em 2014, junto com sua esposa, doou 42,5 milhões de dólares para Universidade do Colorado.

 

2.2 TCI.

No final da década de 1950, iniciou-se um novo serviço de antenas e divulgação de televisão em áreas rurais, procurando atender territórios afetados pela distância e recursos.

Passou-se a estudar como melhorar a recepção do sinal, o resultado foi a televisão a cabo, que passaria a ser um serviço oferecido para os locais até então atendidos pela TV aberta.

A oportunidade de negócio atraiu a atenção da iniciativa privada, permitindo uma rápida expansão, foi quando surgiu Tele-Communications, Inc., e com o tempo se tornando uma das maiores operadoras desse sistema nos EUA.

Robert Magness, conhecido como Bob, criador de gado no Texas, fundou a Tele-Communications em 1965; levantou parte do dinheiro com a venda de gado, iniciando o negócio do sistema de TV a Cabo em Menphis, no seu estado, o Texas.

Em pouco tempo, ampliou sua área de atuação para Denver, onde poderia atender mais cidades da área rural; como Montana, Utah e Nevada.

Bob Magness, no inicio dos anos 70, abriu a TCI ao mercado, a intenção era reinvestir o capital para crescer, mas passou por tempos difíceis que afetaram todas as indústrias de cabos.

Neste período, a TCI ainda tinha uma pequena área de abrangência, enfrentando grandes dividas com taxas flutuantes; foi quando decidiu vender ações para poder levantar dinheiro para quitar parte das dividas e ampliar o negócio, momento no qual o mercado de ações entrou em colapso.

Por volta de 1973, quando Malone entrou para TCI, esta já era a quarta maior operadora de cabo dos EUA, “era a quarta maior operadora de cabo do país, com 600 mil assinantes.” (THORNDIKE, 2015: 102); porém, possuía uma divida gigante em relação à renda, em torno de dezesseis vezes superior ao seu rendimento.

Quando Magness contratou Malone a intenção era equilibrar as dividas da TCI com sua rentabilidade.

Na época, para os empresários da área, era normal se endividar para construir infraestrutura de TV a Cabo, pensava-se que os clientes viriam depois, juntos com estes novas mensalidades que pagariam pelas dividas.

Apesar das dificuldades, o negócio era interessante, dificilmente havia desistência e os clientes estavam sempre em dia com seu pagamento.

As redes de cabo eram quase como monopólios por regiões, pois cada grupo cuidava da sua parte, sua região, não havia risco de passar outro cabo por lugares que já tinham os seus.

Logo de inicio na TCI, Malone teve que superar mais obstáculos: novos regulamentos e o mercado de ações das operadoras a cabo passando por um esfriamento do interesse; a empresa suspendeu suas ofertas e a dívida se tornou insustentável.

A dívida da TCI e a situação pela qual passava tornou necessário uma ação de pulso firme e decisões diretas junto aos credores, foram constantes negociações com banqueiros e, conforme Thorndike (2015: 103), Malone chegou a abandoná-los em reunião, causando pânico e forçando a aceitação de novos termos dos empréstimos.

Neste momento, aumentou em 10% o número de assinantes, mantendo a margem de lucro, o que só foi possível com a continuidade da independência administrativa facultada ao executivo.

Mesmo sem gerar lucro, a TCI se recuperava com lucros reinvestidos nos negócios.

Em 1976, a TCI conseguiu quitar os juros das dívidas, mas nada sobrava para amortizar a parte principal, o que acabava continuando a gerar preocupação, exigindo sempre buscar uma maneira de acalmar os ânimos dos credores, que não conseguiam enxergar uma solução ao curto prazo.

A partir disso, Malone buscou uma forma de demonstrar a capacidade da TCI em gerar “caixa” e não necessariamente riqueza, tencionando provar que merecia crédito.

Desenvolveu uma análise para despertar a confiança dos credores, que ficou conhecida como EBITDA - Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization ou, em português, Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciações e Amortização, também chamada Lajida.

Usando este instrumental, a TCI conseguiu renegociar suas dívidas e obter taxas mais atraentes, Malone deixou claro que teriam que aceitar juros menores e cinco, de sete bancos, aceitaram.

Acertando os campos financeiros, oferecendo uma nova visão, a TCI foi crescendo.

No campo da TV fechada, surgiram canais como a HBO, que abriu as portas para empreendedores inovadores e novidades para os assinantes. 

A TCI passou a contar com quase um milhão de assinantes, aproveitando a boa maré.

Mostrando a estratégia das parcerias, nos anos 1970/80, a TCI e Malone foram fazendo aquisições, em torno de 482, “em média uma aquisição por semana” (THORNDIKE, 2015: 107).

No final dos anos 1980, com todos os investimentos, tornou-se a maior empresa de TV a cabos dos Estados Unidos, com 8,5 milhões de assinantes.

A rápida expansão do crescimento da TCI, no inicio dos anos 1990, fez surgirem criticas que incomodaram Malone, comparando a empresa com um monopólio, em virtude das muitas aquisições e em diferentes áreas de operação.

O que levou, inclusive, Malone a ter que depor no Congresso para esclarecer como ocorreu a rápida expansão da empresa.

No entanto, o crescimento também aumentou os riscos competitivos, com as regulamentações exigidas pelo governo cada vez mais rígidas.

Os desafios cresciam, quando Malone buscou mais uma nova saída, usando com o EBITDA para valorizar a análise financeira, criando uma nova empresa, de maneira que conseguisse uma separação entre conteúdo e distribuição: abriu a Liberty Media, na qual está até os dias de hoje, a mesma não foi “vendida”.

Visualizando novas oportunidades com as mudanças advindas com a internet, Malone fez a TCI investir bilhões de dólares para modernizar suas operações, realçando a separação de segmentos da Liberty Media, ressaltando nela o melhor acesso a internert em altas velocidades.

O que também demonstrava interesse em ressaltar a TCI para outras empresas, como a venda da mesma.

Destacou um mershandisig proprio para a venda da TCI, investimentos e o rápido crescimento da internet; despertando o interessa da AT&T, foi quando começou as negociações e ofertas.

Toda negociação sob o olhar de Malone, entre ofertas e acordos, saiu à venda pelo valor de US$ 48 bilhões em 1998.

Porém, no ano 2000, dois anos após as aquisições da AT&T, a mesma acabou em falência, e ainda, aquisições sem o consentimento de Malone, que fazia parte do Conselho de Administração, acabaram sendo vendidas para a Comcast.

 

2.3 Conceito EBITDA .

EBITDA é “a sigla corresponde a Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization ou, em português, Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciações e Amortização, também conhecido como Lajida” (LUDÍCIBUS, 2009: 232).

Atualmente, o EBITDA é muito utilizado, principalmente, por empresas de capital aberto, inclusive para apresentação à investidores por analistas de mercado, como avaliação de desempenho e “chamariz” na atenção do mercado.

O indicador EBITDA, costuma ser utilizado para análise da origem dos resultados da empresa, eliminando efeitos de financiamentos, para medir com precisão a eficiência do negócio, independente da área.

Porém, Iudícibus (2009), já dizia que o EBITDA é manipulável, pois ao somar a depreciação e a amortização, pode se conseguir Ebitda positivo, caso esse valor possa cobrir um prejuízo e deixar saldos.

Cita um exemplo de reconciliação com a medição econômica, mostrando o cálculo efetuado pela administração e explicação sobre a formação da medição econômica e comparação com outras companhias:

 

Lucro operacional

(+) despesas financeiras

(+) depreciação

(±) amortização de ágio ou deságio

(+) outras amortizações

(-) despesas não recorrentes

(=) Lucro antes dos Impostos, Juros, Depreciações e Amortizações - Lajida (Ebitda).

(IUDÍCIBUS, 2009: 234)

 

Vasconcelos (2002: 39) coloca o EBITDA como “misto de indicador de desempenho econômico-financeiro e base para avaliação de empresas [que] tem se mostrado bastante eficaz nas análises empresariais, o que ressalta sua importância”.

Outro aspecto importante a ser ressaltado é a preocupação da CVM em padronizar o cálculo do EBITDA, inclusive, pelo passar do tempo e nada formalizado com a mesma, então, reforçando, dessa forma, a sua importância para o mercado de capitais.

Essa padronização ocorreu com a promulgação da instrução nº 527/12, a qual determina que: “no cálculo do LAJIDA e do LAJIR, devem ser considerados somente os valores que constem das demonstrações contábeis”.

Nessa instrução da CVM, lê-se ainda:

 

“a divulgação das informações denominadas LAJIDA e LAJIR suscita cuidados que devem ser observados pelos administradores das companhias abertas. É necessário preservar a qualidade e a comparabilidade das informações divulgadas, tendo em vista que esse tipo de informação pode ser considerado relevante para a tomada de decisão econômica por parte dos seus usuários.” (CVM instrução 527/12)

 

Com o tempo também foram criados, em análises, outros indicadores que utilizam a base do EBITDA em seus cálculos, conforme apresentado a seguir na Tabela 1.




Embora, não haja consenso claro a respeito de quem criou o EBITDA, conforme já citado (THORNDIKE, 2017: 103), devemos observar que foi desenvolvido por John Malone, quando entrou para a TCI, em prol da melhoria da empresa e procurando encontrar a solução para salva-la.

Utilizou o cálculo para demonstrar o que buscava de maneira a provar melhoras e conseguir fazer os credores acreditarem na TCI.

Thorndike (2017: 106-107) explica como o executivo chegou ao EBITDA:

 

“deixando de lado os ganhos por ações, Malone enfatizou o fluxo de caixa para credores e investidores, e nesse processo inventou um novo vocabulário que gerentes e investidores atuais conhecem muito bem. Termos e conceitos, como EBITDA* (ganhos antes do desconto de juros, taxas, depreciação ou amortização), foram utilizados pela primeira vez por Malone. O EBITDA, em especial, era um conceito radicalmente novo, e pela primeira vez ultrapassou a “demonstração de resultados do exercício” para chegar a uma definição pura da habilidade de geração de caixa de um negócio antes do pagamento de juros, taxas, depreciações e amortizações”.

 

Outro fato interessante que Thorndike (2017: 107) ressalta é que “o EBITDA, em especial, era um conceito radicalmente novo, e”, pela primeira vez, ultrapassou “a demonstração de resultados do exercício”, para chegar a uma definição “pura da habilidade de geração de caixa de um negócio antes do pagamento de juros, taxas, depreciações e amortizações”.

Outro livro que cita os campos de análise de John Malone é o Cable Cowboy (sem tradução em português), de Robichaux, que tem no Capítulo 3 (2002: 33) o Cash Flow, ou Fluxo de Caixa onde relata a história de como o executivo formou o EBITDA, quais bases eram analisadas.

Robichaux (2002: 41) cita que se a TCI tivesse terminado de escrever o valor dos ativos para proteger o fluxo de caixa de impostos, teria que começar a pagar impostos sobre o rendimento e manter os juros de pagamento, e não teria como financiar o crescimento, mais uma informação que deixa claro o que se mostra no EBITDA.

 

O autor reforça (THORNDIKE, 2002: 42) que Malone usou técnicas financeiras inovadoras que não só poupariam a empresa de uma possível ruína, como também mostravam que ofereciam uma liberdade financeira, o que condiz com a explicação do EBITDA.

 

 “ Malone foi pioneiro no uso do débito na indústria de TV a cabo. Ele acreditava que a alavancagem financeira tinha dois importantes atributos: aumentava os ganhos financeiros e ajudava a proteger o dinheiro da TCI dos impostos, graças à dedução dos pagamentos de juros. Malone tinha como objetivo uma proporção de cinco vezes a dívida frente ao EBITDA, e a manteve durante grande parte das décadas de 1980 e 1990.” (THORNDIKE, 2017: 115)

 

Atualmente, o uso do EBITDA já não agrada a todos, para Warren Buffet (2010: 31) “a perspectiva de Buffett é procurar companhias que tenham algum tipo de vantagem competitiva durável, com as quais pode lucrar no longo prazo. Ele descobriu que companhias com excelentes condições econômicas de longo prazo funcionando a seu favor tendem a ter margens de lucro bruto constantemente mais altas do que as outras”.

Ou seja, o mesmo prefere a fórmula básica da margem de lucro bruto, sendo lucro bruto dividido pela receita total.


 

Lucro bruto R$ 7.000 + Receita R$ 10.000 = Margem de lucro bruto 70%

(CLARK, 2010: 31).

 

Segundo Warren Buffett:

 

"Procuro empresas cuja situação dali a 10 ou 15 anos eu acho que posso prever. Veja o caso da goma de mascar fabricada pela Wrigley. Acredito que a internet não vai mudar a maneira como as pessoas mascam chiclete." (CLARK, 2010: 133)

 

Para Buffet e Malone, dois grandes investidores americanos, cujas visões de investimento são diferentes, comparar e analisar a empresa por categoria pode-se ter um ótimo retorno, são visões estratégicas, um esperando a médio longo prazo e outro a curto médio prazo.

Porém, ambos em busca de resultado, e com essa colocação deixa-se claro que sabendo utilizar por categoria ajuda a entender qual a analise a ser vista.

Como o EBITDA foi aplicado por Malone na área de Televisão, onde o produto principal era a “TV a Cabo”.

No Brasil, o EBITDA começou a ser utilizado depois de uma estabilidade econômica e monetária, com a entrada do Plano Real, a estabilização da moeda, a partir do ano 1994, onde o Banco Central controla a inflação através da fixação da taxa básica de juros SELIC, fixada pelo Conselho de Política Monetária (COPOM).

 

3. METODOLOGIA DA PESQUISA.

A metodologia utilizada nesta pesquisa é de natureza qualitativa/bibliográfica, pois através de informações e referências a base da leitura focou-se em basear o EBITDA como um indicador elaborado por John Malone, no tempo de trabalho na TCI, superando as dificuldades; sendo também hoje um indicador com utilidade no mercado.

Analisamos a percepção dos analistas e gestores em relação ao EBITDA.

Tozono-Reis (2009: 26) diz que: “no entanto, é importante observar que os procedimentos metodológicos da pesquisa bibliográfica são bastante específicos. A leitura, para análise e interpretação dos dados, é a atividade específica em todo processo, e exige do pesquisador maturidade e muita disciplina.”

As pesquisas foram feitas em livros direcionados a John Malone e sítios com sua história e atividades exercidas.

E sendo os dados coletados da própria bibliografia, significa que a técnica utilizada para elaboração do tema em desenvolvimento é a pesquisa qualitativa. (TOZONI-REIS, 2009). 

 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Esta pesquisa teve como intuito demonstrar que o EBITDA foi desenvolvido por John Malone, segundo os métodos que utilizava para o crescimento da TCI, de maneira a controlar e recuperar a situação financeira da empresa.

O primeiro passo deste trabalho foi identificar, através de estudos sobre John Malone, que sua carreira e desafios profissionais os levaram a buscar um novo método de análise para entender como se aproveitava a lucratividade da empresa, na área da TV a Cabo.

Os resultados obtidos nas pesquisas mostram que o desempenho do mesmo houve êxito, e até nos dias atuais é um dos campos mais utilizados por analistas de créditos, gestores de empresas.

O segundo passo proposto para este trabalho foi explanar a história da TCI, onde John Malone por mais tempo ficou e fez da mesma um império.

Com base nas dificuldades que a TCI enfrentava Malone criou o indicador EBITDA de maneira que o mesmo recuperasse a situação que a TCI passava e provasse aos investidores que seria possível retorno.

Magness o trouxe para a TCI ciente da situação e inclusive com proposta salárial menor do que outras, porém, a localização e o interesse do empreendimento chamou a atenção de Malone, e assim a tornou, senão a maior, uma das maiores empresas da área da TV a Cabo dos EUA.

O terceiro passo foi apresentar as informações e estudos do EBITDA e sua importância como indicador financeiro.

Destacou-se da década de 1990 para os dias de hoje, muito utilizado, mas sem muita explicação, inclusive as regras da da CVM para a utilização do mesmo no Brasil.

E conforme as pesquisas feitas, diretamente sobre o EBITDA, sempre mostra simplesmente suas fórmulas, significado e como utilizar, e em dois livros se afirma que o mesmo foi desenvolvido por John Malone, onde junto a sua história com a TCI reforça as afirmativas.

A metodologia qualitativa / bibliográfica se aplica, pois, considerando o objeto desse estudo, a criação do EBITDA se encaixa nessa teoria, pois a mesma é baseada em análise da história e a utilização do EBITDA.

Concluí se que o EBITDA realmente foi desenvolvido por Malone, os fatos da situação da TCI quando o mesmo a assumiu para ajudar Magness a recuperar a mesma, e a comparação com Buffet por serem dois grandes bilionários americanos a lidarem com investimentos e serem seguidos.

Malone que desenvolveu o indicador por análise e recuperação de grupo de TV a Cabo, onde o aproveitamento e a depreciação são menores que em outras áreas atendia uma visão de expectativa de recuperação.

Thorndike reforça a informação, inclusive com as décadas em que Malone já utilizava o EBITDA para a recuperação da TCI:

 

“Outra importante fonte de capital da empresa era evitar impostos. Como já vimos, a minimização dos impostos era um componente central da estratégia de Malone na TCI, que elevou a abordagem histórica de Magness frente aos impostos a um nível inteiramente novo. Malone tinha horror aos impostos.” (THORNDIKE, 2017: 116)

 

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