sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Comunicação e Storytelling nas Organizações.


FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 2, Série 07/02, 2020.


Profª Drª Sandra Regina Pícolo

Doutora em Ciências da Comunicação - USP. 
Mestre em Literatura e Crítica Literária - PUC-SP.
Especialista em Literatura e Semiótica - FASBS. 
Graduada em Letras - FSA. 
Graduada em Pedagogia - FASB.



“Seres humanos não são moldados para entender a lógica, mas para entender histórias”. (Roger C. Schank, especialista e cientista cognitivo)

Sabe-se que contar histórias é a mais antiga das artes e uma experiência de interação, pois as histórias despertam a imaginação, o interesse e geram expectativas.

Uma obra interessante para nos fazer entender a estrutura das histórias contadas (storytelling) chama-se ‘’O Herói de Mil Faces’’, de Joseph Campbell. Já ouviram falar? 

Vale a pena ler, pois se trata de um estudo que aponta um padrão estrutural em todo mito ou lenda da cultura humana. Campbell discute a questão:


“De que maneira histórias influenciam determinados comportamentos?”

Contar histórias é uma das maneiras mais eficazes de passar uma informação e quando uma história é narrada com autenticidade, a mensagem é decodificada de maneira inspiradora, pois, ao compartilhar histórias de sucesso, o interlocutor sente-se motivado.

Storytelling é, portanto, uma técnica que garante o envolvimento do receptor. É a narrativa de um fato que tem como personagem principal um produto, uma marca ou uma situação vivenciada dentro de departamentos das empresas. 

Em relação ao mundo corporativo, o grande desafio das empresas - para persuadir seus colaboradores e fortalecer o seu envolvimento com a organização - é saber fazer uso da storytelling. 

Apesar de uma técnica um tanto nova na área empresarial, tem se mostrado uma ferramenta de comunicação e gestão de pessoas muito eficaz para a cultura organizacional. 

Por exemplo, a jornada percorrida por um executivo pode ser comparada a de um herói de contos de fadas. 

Ao enfrentar obstáculos, ele consegue subir degrau por degrau da escada corporativa e atingir o topo, o que revela um excelente desfecho.

Estudos comprovam que nosso cérebro é estimulado a replicar gatilhos emocionais, por isso ao ouvir histórias autênticas e verdadeiras somos persuadidos e levados a girar a chave da resistência.

Por isso, contar histórias como ferramenta de comunicação e gestão de pessoas pode transformar ou modelar a cultura organizacional, já que uma história narrada de forma simples, objetiva e em sintonia com seus colaboradores, pode – com certeza - inspirá-los e engajá-los, atingindo seus objetivos e, como consequência, obter maiores resultados em seus negócios.

Por isso, em vez de reuniões com informações passadas de maneira fria e enfadonha, adotar a técnica de ‘storytelling’ é uma excelente saída. E, é claro, preparar-se para aplicá-la. 


Como?

1.    Conscientizar os gestores do significado e do poder transformador da arte de contar histórias;

2.    Capacitar os gestores para praticá-las como habilidade de comunicação e liderança;

3.    Aplicar estrategicamente a ferramenta nas funções organizacionais;

4.    Criar uma plataforma para captação de boas histórias dentro dos departamentos;

5.  Garantir a recompensa aos líderes pela sua efetiva aplicação. Verifique quais são os objetivos a serem atingidos.


Para efetivamente narrar uma história ocorrida num departamento é preciso seguir algumas dicas:


1.  Escolha um personagem principal (protagonista) que se destaque e enfrente o inimigo (antagonista). 

2.  Para 'sequestrar' o ouvinte, comece pelo final e, em seguida, faça um flashback, ou seja, retorne ao início e narre na sequência até atingir o clímax (ponto mais importante). 

3. Escolha um evento o qual seja importante para que os ouvintes queiram se envolver na trama.

4. Não se esqueça de criar momentos de tensão e conflitos, tornando a vida do protagonista difícil até encontrar saídas.

5. Surpreenda com um desfecho motivador e, principalmente, engajador.


Como uma ferramenta estratégica a história narrada e o significado dos valores compartilhados possibilitam a geração de identificação e confiança, importantes para a adesão do colaborador.


REFERÊNCIA.

SIMON, H. Comportamento administrativo. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1970.

THOMPSON, J. Dinâmica Organizacional. São Paulo: MacGraw Hill do Brasil, 1976.




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