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sábado, 10 de outubro de 2020

Modelo Gerencial de empresas familiares: um estudo de caso do Magazine Luiza.


FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 10, Série 19/10, 2020.


Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos

Doutor em Ciências Humanas - USP

MBA em Gestão de Pessoas - UNIA
Licenciado em História - CEUCLAR
Licenciado em Filosofia - FE/USP
Bacharel em Filosofia - FFLCH/USP

Orientador e líder do projeto

 

Autores: A. S. M. Inácio, G. F. Paiva, P. M. Ferreira, S. S. Santana, T. P. Silva, T. T. N. Ventura.


RESUMO: As empresas familiares apresentam características peculiares e a sua importância é inegável em qualquer economia, de tal forma que estudos referentes a esse tema são indispensáveis. Empresas como essa são formadas por membros da mesma família e que geralmente possuem duas ou mais gerações presentes em sua gestão. Este trabalho tem por objetivo geral analisar os modelos de gestão utilizados em uma empresa familiar, utilizando-se de um estudo de caso a partir do Magazine Luiza. Os resultados apontam que há um aprimoramento no modelo de gestão adotada pela empresa, na qual o patriarca e seus filhos utilizam os conhecimentos adquiridos em suas formações. 

PALAVRAS-CHAVE: Empresa Familiar, Sucessão, Profissionalização, Gestão, Magazine Luíza.


ABSTRACT: Family businesses have unique characteristics and its importance is undeniable in any economy, so that studies on this topic are needed. Companies like this are formed by members of the same family and which usually have two or more generations in its present management. This work has the objective to analyze the management models used in a family business, using a case study from Magazine Luiza. The results show that there is an improvement in the management model adopted by the company, in which the patriarch and his children use the knowledge acquired in their training. 

KEYWORDS: Family Business, Succession, Professionalization, Management, Magazine Luiza.


1. INTRODUÇÃO.

As empresas familiares ao longo dos anos vêm sendo objeto de pesquisa crescente, o que se justifica devido a esse tipo de organização ser responsável pelo crescimento social e econômico nos mais diversos países, denotando sua importância no contexto global.

Vários estudos sobre empresas familiares fazem diferentes suposições, mas mesmo as mais conservadoras estimativas colocam a proporção destas entre 65% e 80% do total de empresas existentes globalmente.

As empresas familiares têm uma expressiva participação no cenário mundial, tanto economicamente, com grande participação do PIB; quanto socialmente, por gerarem milhões de empregos diretos e indiretos.

Ressalta-se que as organizações familiares possuem características que as diferenciam das outras, dentre as quais se destaca o processo sucessório, o qual envolve situações complexas que precisam ser estudadas.

O processo sucessório é um momento importante no ciclo da empresa familiar, de forma que o início de uma nova gestão pode trazer melhorias ou conduzir ao fracasso do projeto criado pelo patriarca.

Diante deste fato, a maioria das organizações familiares sente dificuldades em passar o comando aos sucessores.

Outro aspecto que merece atenção é a questão da profissionalização na gestão familiar, visto ser uma ferramenta essencial para que o processo sucessório ocorra de maneira satisfatória e alcançar o efetivo o sucesso do negócio.

Para analisar este contexto, utilizaremos como referencial, em um estudo de caso, o conglomerado empresarial Magazine Luiza, o qual possui uma gestão de alto nível, construída ao longo de décadas pela patriarca da família: Luiza Trajano.

 

2. CARACTERÍSTICAS DE UMA EMPRESA FAMILIAR.

Uma empresa é considerada familiar quando está perfeitamente identificada com uma família há pelo menos duas gerações e quando essa ligação resulta em uma influência recíproca na política da firma e nos interesses e objetivos da família.

Bornholdt (2005) considera uma empresa como familiar quando um ou mais dos fundamentos a seguir podem ser identificados:

• O controle acionário pertence a uma família e/ou a seus herdeiros;

• Os laços familiares determinam a sucessão no poder;

• Os parentes se encontram em posições estratégicas como na diretoria ou no conselho de administração;

• As crenças e os valores da organização identificam-se com os da família;

• Os atos dos membros da família repercutem na empresa, não importando se nela atuam;

• Ausência de liberdade total ou parcial de vender suas participações/quotas acumuladas ou herdadas na empresa.

 

3. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ESTUDADA.

O Magazine Luiza é um exemplo para as empresas familiares no Brasil, o profissionalismo está à frente dos negócios e sem dúvidas é parte fundamental para o crescimento da organização.

 

3.1. Constituição da Organização.

Em 1957, o casal Luiza Trajano e Pelegrino José Donato comprou uma pequena loja na cidade de Franca, interior de São Paulo, até então chamada “A Cristaleira” e a inauguram no dia 16 de novembro.

Iniciou-se o que seria uma das maiores redes de varejo do país, o Magazine Luiza.

O nome da loja foi escolhido em um concurso cultural, promovido em uma rádio local, um exemplo de que a empresa ouve e respeita a opinião de seu público.

 

3.2. Origem da Organização.

O Magazine Luiza S/A é uma empresa familiar brasileira de médio porte, sua natureza é sociedade anônima fechada, tem como presidente Luiza Helena Trajano e mantém uma franquia de 737 lojas que emprega mais de 24.000 funcionários, com mais de 20 milhões de clientes, a organização atua no comércio varejista em 16 estados do país.

O seu faturamento anual, em 2010, foi de R$ 6 bilhões, destacando seus principais produtos de venda, como produtos eletrônicos, eletrodomésticos e móveis, além de brinquedos, cama, mesa, banho, etc.

Dez anos depois, este faturamento alcançou 7 bilhões de reais somente no primeiro trimestre de 2020.

 

4. METODOLOGIA.

Para elaboração deste estudo seguimos a normatização da ABNT (Associação Brasileira de normas Técnicas), conforme preconizado pela NBR (Norma Brasileira Regulamentadora) 6023.

A metodologia científica foi composta a partir de uma junção de METHODÓS, os quais exprimem um caminho percorrido ou organização do pensamento, funcionando como elemento facilitador da produção do conhecimento que auxiliou o entendimento do processo de busca por respostas dos fenômenos abordados.

A pesquisa se caracteriza como um estudo de caso, exploratório e descritivo com abordagem qualitativa e quantitativa, baseado na coleta de dados empíricos.

Para realizar o estudo, foi feita uma amostra de pesquisa de campo com alguns funcionários de uma filial da empresa estudada, através de um questionário.

As perguntas não tinham nenhum caráter invasivo e por esse motivo foi possível ter uma conversa informal que deu liberdade, não só para os funcionários responderem as questões, como para desenvolver o ponto de vista essencial para concretizar a investigação.

Durante a realização do estudo de caso, foram feitos embasamentos em livros e teses sobre a gestão familiar.

A análise dos dados foi realizada de forma intuitiva e o resultado não é o foco da abordagem, mas sim seu processo e significado.

 

5. AS EMPRESAS FAMILIARES PARA ECONOMIA BRASILEIRA.

Segundo dados do ano de 2011(IBGE), as empresas familiares representam cerca de 98% do total do mercado brasileiro, portanto, a principal engrenagem econômica do país.

Segundo Gersick (1997), o crescimento e o desenvolvimento econômico mundial foram fortemente marcados pelo sistema de produção doméstico e, ainda hoje, grande parte das empresas no mundo tem sua origem como “negócio familiar”.

No atual cenário macroeconômico, em que fusões e aquisições acontecem com frequência e produtos que são importados representam muito para o mercado brasileiro, a concorrência em qualquer setor está cada vez mais forte.

Consequentemente, as empresas precisam ampliar horizontes e organizar os negócios se quiserem crescer ou até mesmo sobreviver.

Segundo Bernhoeft (1987), um dos graves erros que continua sendo cometido, no tratamento das empresas familiares no Brasil, é não fazer uma clara separação entre controle e gestão.

Fala-se muito em profissionalizar o gerenciamento dos negócios para enfrentar os desafios da globalização e de uma economia instável.

Para abrir capital, por exemplo, é necessário que a empresa tenha total transparência nas metas e objetivos de rentabilidade, pois passará a prestar contas aos acionistas.

E foi seguindo esse modelo de gestão que a empresa Magazine Luiza veio a lançar ações na Bolsa no começo do ano de 2011, captando R$ 925,8 milhões.

Analistas de mercado apontam que o ponto chave da expansão, da rede Magazine, é o profissionalismo que esta à frente dos negócios, não permitindo que os egos familiares ganhem destaque.

De acordo com uma pesquisa realizada em 2010 pela consultoria McKinsey, empresas familiares têm rentabilidade 3% superior, em média, comparativamente com negócios não familiares, justamente pelo comprometimento do fundador.

As empresas familiares são de extrema e total importância para a economia do nosso país e do mundo, mas para que esse modelo continue crescendo e alcance bons resultados, é necessário uma profissionalização.

 

6. EMPRESAS FAMILIARES E O PRINCÍPIO DA ENTIDADE.

A contabilidade financeira tem por finalidade controlar o patrimônio das empresas e apurar o resultado (variação do patrimônio).

Deve também prestar dados a usuários externos que tenham interesse em acompanhar a evolução da empresa, tais como entidades financeiras que irão lhe conceder empréstimos, debenturistas e quaisquer pessoas que desejem obter ações da empresa se ela for uma companhia aberta (NEVES; VICECONTI, 2001: 05).

 

6.1. Conceito: Princípio da Entidade.

Alguns princípios e conceitos da contabilidade são muito interessantes e, quando aprofundamos o conhecimento sobre eles, aprendemos e extraímos informações extremamente úteis para vida pessoal e profissional.

Um desses conceitos diz respeito ao princípio da entidade, que reconhece o patrimônio como objeto da contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos.

Nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

Outro conceito diz respeito especificamente às empresas familiares, consideradas unidades econômicas de produção, cuja função é a criação de riquezas mediante a produção de bens e serviços, sob a direção, responsabilidade e controle do empresário que a criou.

Uma característica presente de forma acentuada e marcante são os interesses da família proprietária, que influem de maneira decisiva na tomada de decisões e na forma de dirigir a empresa.

O resultado desta influência é que alguns membros do grupo familiar sentem-se envolvidos, como gestores, na direção da empresa.

 

6.2. O Princípio da Entidade e o Patrimônio das Empresas Familiares.

Infelizmente, muitos empresários e administradores não praticam o princípio da entidade, uma vez que misturam ou confundem finanças pessoais com finanças empresariais.

Acham que a empresa é uma continuação da sua casa, do seu lar.

Quando entendemos e aplicamos a conceituação de Entidade, percebemos que essa prática é totalmente contrária a uma administração profissionalizada e eficaz.

É extremamente importante que o empresário ou administrador entenda que o dia-a-dia patrimonial não pode ser confundido com o cotidiano dos proprietários e sócios da empresa.

Não é essa a realidade encontrada no majoritariamente no Brasil.

É comum administradores fazerem retiradas do caixa da empresa para pagar dívidas pessoais, ou adquirir bens para seu uso pessoal, utilizando para isso o “nome” da empresa.

O problema é que esse tipo de prática compromete o controle e a organização da empresa, podendo até mesmo provocar o seu fechamento.

Para um efetivo controle, o patrimônio organizacional não deve ser misturado ao dos seus sócios.

Exemplificando, quando um sócio retira dinheiro do caixa da empresa para efetuar algum pagamento pessoal, esse valor deve ser lançado como uma dívida para com a empresa e, portanto, deverá ser reembolsado.

Na contramão deste exemplo, caso a retirada efetuada pelo sócio seja utilizada em prol da empresa, comprovando-se com a respectiva documentação, visto o benefício desfrutado pela empresa, o reembolso não precisa ser efetuado.

Assim, o controle e a escrituração das contas dos sócios e da empresa devem ser feitos de forma separada, sempre efetivando registros contábeis claros e precisos e, principalmente, que forneçam informações sólidas e corretas para a tomada de decisões organizacionais.

 

7. VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS EMPRESAS FAMILIARES.

Quando a empresa é conduzida de forma ímpar por proprietários, as vantagens se tornam inúmeras e gratificantes, mas se em algum momento a importância da gestão se tornar menor que os privilégios de seus gestores, as desvantagens se tornam maiores que os benefícios.

 

 7.1. Vantagens.

Segundo Ricca Neto (1998), quando analisamos os pontos fortes das empresas familiares, existem vários aspectos a considerar.

Alguns itens secundários podem ser lembrados, mas, embora importante, não são essenciais.


Interesses Comuns: os laços afetivos entre as pessoas, a harmonia dos gostos e as formas de atuação geram interesses comuns entre os membros da família que trabalham na empresa; existe uma exigência maior e sacrifício em prol de um objetivo comum.

Facilidade na transmissão da informação: a comunicação é intensa e fluida, sem barreiras desnecessárias, desde que haja unidade e confiança entre as pessoas envolvidas no gerenciamento e execução de tarefas.

Flexibilidade de Processos: a maior simplicidade na estrutura da organizacional facilita à atribuição das responsabilidades, a delegação de funções, a autonomia e flexibilização dos sistemas de informação e controle. As empresas familiares são, em regra, menos burocráticas.

Projeto ao longo prazo: a dedicação dos membros da família é maior do que nas empresas com outro tipo de gestão; os planos são feitos ao longo prazo, no melhor interesse da família e dos sucessores que garantirão a continuidade do negócio.

Permanência da cultura e dos valores: as organizações de tipo familiar são marcadas pela cultura e pelos valores definidos pelo fundador; para o bem ou mal, a sua personalidade e hábitos de trabalho funcionam como um exemplo a seguir pelo restante dos colaboradores.

 

 7.2. Desvantagens.

São muitas as causas que explicam a elevada mortalidade das empresas familiares, inclusive, algumas comuns às empresas não familiares, tais como as crises económicas e as mudanças no meio envolvente e no perfil dos clientes.

Cada pessoa quer mostrar sua importância na empresa, a mentalidade é que sem ela a empresa não poderia existir.

Segundo Ricca Neto (1998: 52), isso é mais sentido por empresários e pessoas que têm posições de comando por um longo tempo e, neste sentido, podemos enumerar como principais desvantagens:


Falta de capacidade para gerir a empresa: muitas vezes, a família não dispõe de alguém com experiência para liderar pessoas e projetos; só sabe que é dona da empresa, mas não tem um membro da família com competências suficientes para levar o negócio à diante.

Isolamento negocial: fechada em si, uma empresa familiar tende a deixar tudo em família, ignorando quaisquer mudanças no meio envolvente, nos produtos e nos clientes; não está atenta ao que se passa no exterior, não atualiza os produtos e serviços, nem satisfaz os clientes da melhor forma.

Não seguir as regras do mercado quanto à gestão: uma empresa familiar tem que ser ainda mais flexível na capacidade de adaptação às novas exigências do mercado. Isso nem sempre acontece porque o dono da empresa tende a centralizar as decisões e a ser pouco propenso a mudanças radicais, em particular, as relativas ao rompimento com a cultura e os hábitos de trabalho enraizados.

Problemas a nível familiar: os gestores sentem uma grande dificuldade em separar a vida profissional da pessoal; trabalham, em regra, mais horas e vivem mais intensamente os problemas da empresa, sacrificando muitas vezes a sua vida familiar. Por outro lado, quando existem conflitos no seio dos negócios, estes acabam por se alargar ao campo das relações pessoais.

Problemas com a sucessão: a saída é uma das decisões mais difíceis para o diretor de uma empresa familiar, por isso, é normalmente adiada. A falta de sangue novo pode comprometer fatalmente a capacidade de inovação da empresa. Por outro lado, mesmo que o processo de sucessão tenha sido bem conduzido, a história demonstra que muitas empresas familiares de sucesso acabam por não resistir à saída do seu fundador, nomeadamente quando este era particularmente carismático.

 

8. ESTUDO DE CASO: MAGAZINE LUIZA.

A amostra de pesquisa foi realizada na filial 553 da rede Magazine Luiza situada na cidade de Vicente de Carvalho/Guarujá, a loja foi inaugurada a pouco mais de seis anos e, desde então, é uma das mais frequentadas da região do litoral paulista.

A filial emprega 33 funcionários e a amostra foi realizada por meio de um questionário respondido por 10 funcionários.

A média de tempo dos funcionários entrevistados é de 4 anos atuando na empresa, sendo que o mais antigo deles trabalha há 6 anos e o mais novo há 7 meses; o questionário foi entregue a 5 homens e 5 mulheres.

O questionário continha 5 perguntas:

1. Há quanto tempo você trabalha na empresa?

2. Você sabe a história da Magazine Luiza? Participou de alguma Integração?

3. Você participou de algum tipo de treinamento?

4. Em relação ao ambiente de trabalho, você se sente seguro?

5. A empresa estimula a contratação de familiares e/ou pessoas próximas de alguma forma?

 

8.1. Resultado da amostra.

Foi constatado que 100% dos funcionários entrevistados participaram da Integração, logo podemos afirmar que a organização se preocupa em transmitir os valores e a cultura para o recém-chegado.

Já 20% dos funcionários entrevistados não tinham conhecimento sobre a história da rede Magazine Luiza antes da Integração.

Todos afirmaram que já participaram de mais de um tipo de treinamento; este tipo de gestão traz benefícios para os colaboradores e para os empresários.

Um dado muito relevante e interessante é que todos os funcionários se sentem seguros, um colaborador que se sente seguro tem mais motivação e bom humor para trabalhar.

Os dez funcionários afirmaram que a empresa permite que um parente trabalhe em outra filial e que indicações de pessoas próximas são importantes para a empresa.

As indicações através de quem já trabalha na empresa vêm sendo utilizadas com intuito de facilitar a busca por profissionais que se enquadram com o perfil da organização, pois passaria mais confiança.

O Magazine Luiza aposta também na indicação, porque dessa forma valoriza os colaboradores que estão comprometidos com a empresa.

Na visão da organização, quem indica um amigo “é porque gosta da empresa onde trabalha e tem a preocupação de atender as expectativas do colaborador que o indicou”.

 

8.2. Profissionalização.

A despeito de continuar com sua fundado a frente da gestão, a organização está já nas mãos da segunda e terceira geração, primando pela profissionalização do negócio, que tem como palavra chave e fundamental a INOVAÇÃO.

Em uma entrevista para site Tribuna do Norte, Luiza Helena Trajano, sobrinha dos fundadores, hoje superintendente da empresa, afirmou que o Magazine Luiza investe em treinamentos e cursos de técnicas de vendas, produtos, e técnicas comportamentais.

O Magazine Luiza possui um grande plano de treinamento para os colaboradores, que é colocado em prática pela equipe de Recursos Humanos, profissionais internos da empresa e consultores.

O Magazine Luiza tem um Centro de Treinamento e Desenvolvimento, que trabalha para treinar e capacitar a equipe para atender a clientela.

Também formam pessoas que são chamados de multiplicadores, que recebem treinamento e o transmitem para outras pessoas.

Como apoio a esse processo, nas lojas e nos ambientes da empresa existe uma rádio interna, a TV Luiza, jornais e um canal via intranet, para manter a interatividade com nossos colaboradores.

Com uma visão tecnológica, o Magazine Luiza sempre investiu em vendas on-line, quando ainda não existia internet, já vendia nas lojas eletrônicas, por meio de computadores e foi a primeira empresa a investir neste mercado.

Hoje pode se afirmar que sua maior loja é a internet, inclusive com forte estimulo propiciado pela pandemia de 2020 e o apoio da fundadora Luiza Trajano a tese do isolamento social como forma de combater o alastramento do vírus e promover a redução das mortes provocadas pela covide-19, o que ampliou a simpatia das pessoas pela marca.

Para Luiza Trajano, o segredo é ter uma equipe sempre está atenta às inovações que possa surgir no mercado, com liberdade para apresentar suas ideias.

A empresa, inclusive, foi uma das primeiras a adotar o trabalho remoto para seus funcionários em função da pandemia, para preservar a saúde dos mesmos, comprometendo-se a não reduzir salários ou demitir, mesmo se as vendas sofressem queda, o que não aconteceu.

Pelo contrário, houve aumento do faturamento com a aposta do fomento a vendas on-line com acompanhamento de funcionários, antes presenciais, alocadas em uma atendimento remoto personalizado ou no setor logístico.

Segundo Luiza Trajano, o Magazine é realmente muito bom em inovação porque tem uma usina de ideias em que todos participam, o que garante respostas rápidas as mudanças do mercado.

 

8.3. A sociedade e o meio ambiente.

O slogan “Jeito Luiza de Ser” adotados pela empresa, sugere a um modelo democrático, atrelando uma significativa diversidade de ações que visam promover benefícios para todos, inclusive funcionários, clientes, fornecedores, meio ambiente e sociedade.

Segundo dados do site da empresa, os gerentes das lojas recebem recursos específicos para apoiar eventos comunitários e participar ativamente de campanhas e mobilizações em prol da saúde e da sociedade.

Para o Magazine Luiza a solidariedade é um dos valores mais fortes, razão pela qual participa de inúmeros projetos sociais e culturais nas comunidades em que suas lojas estão inseridas, valorizando e auxiliando as iniciativas locais e, principalmente, a cultura regional.

O “Projeto Rede do Bem”, reúne e divulga ações sociais desenvolvidas por colaboradores ou unidades da empresa.

Este projeto incentiva campanhas do agasalho, projetos de voluntariado, doação de sangue, de alimentos, de presentes, cobertores e outras utilidades para entidades ou hospitais.

O Magazine Luiza, desenvolve também políticas e práticas de preservação e conscientização em relação aos recursos naturais.

Já desenvolveu campanhas de sensibilização, como, por exemplo, o “Projeto Cuidar do Ambiente” e o “Sua Empresa e Sua Casa”.

Participou do movimento “Hora do Planeta”, criado pela ONG internacional World Wildlife Fund (WWF), campanha que pedia um apagar das luzes em um momento de reflexão e de demonstração de preocupação com o futuro do planeta, ameaçado pelo aquecimento global.

 

8.4. O Magazine Luiza e a Cultura.

Por meio de incentivo fiscal, a empresa também patrocina eventos e ações culturais.

Um exemplo é o lançamento do livro “Tudo que é sólido pode derreter”, uma obra da série da TV Cultura.

Desde 2008, patrocina um dos maiores eventos da cidade de São Paulo, o Show da Virada, em comemoração a passagem de ano.

A estrutura é preparada para receber em torno de dois milhões de pessoas, que celebram juntos o réveillon na avenida mais movimentada de São Paulo, a Avenida Paulista.

Entre outros compromissos com a sociedade, podemos citar também “Adote um Universitário”, programa de estágio na empresa, e o “Clube Recreativo Gamalu”, entre outros.

 

8.5. Prêmios e Reconhecimento.

Em 2013, o Magazine Luiza foi classificado como uma das 10 marcas mais valiosas do Brasil (10º lugar), em pesquisa inédita da Interbrand - Best Retail Brand 2013.

Integrou a lista das "100 Melhores Empresas para Trabalhar na América Latina" em diversas ocasiões e anos consecutivos desde 2013, em pesquisa do Instituto Great Place to Work. 

Eleita, igualmente, uma das "100 melhores empresas em Índice de Desenvolvimento Humano e Organizacional" (IDHO), em pesquisas da Editora Gestão RH.

Conquista o prêmio de 2º melhor empresa em atendimento do Varejo, segundo Instituto Ibero-Brasileiro de Relacionamento com Cliente (IBRC), divulgado na Revista Exame.

Recebeu mais de 4 vezes o “Prêmio Empresa Amiga do Esporte”, concedido pelo Ministério dos Esportes (Governo Federal) às organizações que mais apoiaram ações desportivas no País.

 

9. DISCUSSÃO.

A presidente do Magazine, a fundadora Luiza Trajano, acreditava que o primeiro semestre de 2015 seria o mais difícil para o setor de varejo, mas na ocasião, a gestão profissionalizada do grupo garantiu a manutenção do faturamento e, mesmo durante a pandemia de 2020, aumentou sua lucratividade.

Os bons resultados podem ser creditados ao desempenho nos esforços de marketing para dar conta competição em meio a constantes mudanças de cenário no Brasil e no mundo.

Os principais desafios para os próximos anos continuam centrados na continuidade do caráter inovador da gestão familiar da empresa.

Como empresa familiar, a profissionalização da administração e uma transição gradual do comando tem garantindo aos aspectos positivos sobressair-se sobre os negativos, no âmbito deste modelo de gestão organizacional.

Uma eficácia administrativa que prima pela comunicação, valorizando muito mais os benefícios trazidos pelos produtos que o Magazine vende em lojas físicas e virtual.

Adotando uma política de valorização das pessoas, quer sejam colaboradores ou clientes.

 

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Esta pesquisa acadêmica foi realizada com objetivo de compreender, analisar e entender a gestão das empresas familiares, utilizando como referencial o Magazine Luiza.

Para que o trabalho não limitasse apenas a teoria, realizamos entrevistas e pesquisa documental, visando gerar dados empíricos.

Através de um questionário, entrevistamos colaboradores da empresa estudada, obtendo respostas espontâneas.

Embora os resultados não possam ser generalizados, visto que se tratou de um estudo de caso em apenas uma filial, pode-se afirmar que o Magazine Luiza é uma empresa familiar, diferenciada com relação ao que se verifica na maior parte das organizações que seguem este modelo de gestão.

Acreditamos que as empresas familiares serão obrigadas se profissionalizar e atualizar para sobreviver às exigências do mercado, em um contexto de cenários instáveis.

Os herdeiros destas organizações possuem apenas dois caminhos para o futuro: profissionalizar a gestão ou abrir mão do controle sobre a empresa.

Caso contrário, o resultado em insistir nos erros, ressaltados como desvantagens presentes nas empresas familiares, resultará em falência.

Isto não significa o abandono de aspectos estritamente vinculados com a gestão familiar do negocio, tal como a proximidade e intimidade, que positivamente permite liberdade ao colaborador para dar opiniões diretamente ao tomador principal de decisões.

Não obstante, exige uma visão mais ampla e voltada à adaptação constante da empresa familiar a realidade do mundo e do mercado onde se insere.

Neste sentido, a empresa estudada foi significativa para o entendimento deste fato, podemos, assim, afirmar que é uma organização importante para a economia do país, e pode ser seguida como exemplo de gestão de empresa familiar.

Portanto, através deste breve estudo de caso, esperamos ter contribuído para uma nova compreensão das organizações administradas ou controladas por familiares.

 

11. REFERÊNCIAS.

11.1. Fontes.

Magazine Luiza - Compromisso Com a Sociedade. 2012. Trata-se de um site empresarial. Disponível em <http://www.magazineluiza.com.br/quem-somos/compromisso-com-a-sociedade/>. Acesso em: 10 out. 2014

Magazine Luiza - Quem Somos. 2012. Trata-se de um site empresarial. Disponível em: <http://www.magazineluiza.com.br/quem-somos/>. Acesso em: 10 out. 2014

Mundo das Marcas - Magazine Luiza. 2014. Trata-se de um site sobre marcas e cases de marketing. Disponível em: <http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/09/magazine-luiza-vem-ser-feliz.html>. Acesso em: 15 out. 2014

O Globo - Presidente da Magazine Luiza vê piora na economia em 2015. Trata-se de um site de artigos aos mais diversos temas. Disponível em <http://oglobo.globo.com/economia/presidente-da-magazine-luiza-ve-piora-na-economia-em-2015-13570027>. Acesso em: 15 out. 2014

WIKIPEDIA. Página do projeto: fontes fiáveis. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Magazine_Luiza>. Acesso em: 22 out. 2014

 

11.2. Bibliografia.

BERNHOEFT, Renato. Empresa Familiar: Sucessão Profissionalizada ou Sobrevivência Comprometida. São Paulo: Ibecon (Instituto Brasileiro de Educação Continuada), 1987.

BORNHOLDT, Werner. Governança da Empresa Familiar. São Paulo: Bookman, 2005.

GERSICK, Kelin E. De Geração para Geração: Ciclos de Vida das Empresas Familiares. São Paulo: Negócio, 1997.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

NEVES, Silvério das; VICECONTI, Paulo E. V. Contabilidade de Custos: Um Enfoque Direto e Objetivo. São Paulo: Copyright, 2000.

RICCA NETO, Domingos. Da Empresa Familiar à Empresa Profissional. São Paulo: CL-A Cultural, 1998.