segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Reaproveitamento de alimentos prontos em restaurantes por quilo.

 FAPEN ON-LINE. Ano 2, Volume 1, Série 25/01, 2021.


Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos

Doutor em Ciências Humanas - USP

MBA em Gestão de Pessoas - UNIA
Licenciado em História - CEUCLAR
Licenciado em Filosofia - FE/USP
Bacharel em Filosofia - FFLCH/USP

Orientador e líder do projeto


Autores: Anna Paula Lopes, Erica Lonson Schuab, Jessica Woloszin Pereira, Luciana Rodrigues Aloise Ferreira, Rafael DisciolliI Souza, Roberta Estefani Assunção.

 

RESUMO: Segundo pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), no Brasil, 40 mil toneladas de alimentos são jogados no lixo diariamente, o que daria para alimentar 19 milhões de pessoas. Apesar desse número assustador, a Legislação Brasileira não permite que os restaurantes doem os alimentos preparados que sobram às pessoas carentes de recursos, causando um grande desperdício. Este estudo visa propor alternativas apropriadas para reaproveitamento de alimentos coccionados, uma que vez que é vedada sua distribuição gratuita, para reduzir a quantidade de alimentos que vão para o lixo e orientar quanto ao gerenciamento adequado em restaurantes que servem comida por quilo. A diminuição do desperdício, foi estudada pensando em uma forma de usar sobras de alimentos já preparados, para a confecção de outros pratos em restaurantes, analisando o seu funcionamento para, assim, criar uma cartilha que orientará os estabelecimentos quanto ao preparo de pratos elaborados a partir destas sobras. Utilizou-se o método descritivo, pesquisas bibliográficas e pesquisa de campo para elaboração e fundamentação da investigação.

PALAVRAS-CHAVE: Alimentos Coccionados, Lixo Limpo, Reaproveitamento, Diminuição do Desperdício.

 

ABSTRACT: According to a survey carried out by the Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA), in Brazil, 40 thousand tons of food are not thrown away every day, which would feed 19 million people. Despite this issue, Brazilian legislation does not allow restaurants to donate the prepared food that is left over to people in need of resources, causing a great deal of waste. This study aims at appropriate proportions for reusing cooked food, since its free distribution is prohibited, to reduce the amount of food that goes to waste and to provide guidance on proper management in restaurants that serve food by the kilo. Regarding the reduction of waste, it was studied thinking about a way to use leftovers from already prepared food, for the preparation of other dishes in restaurants, analyzing its operation to, thus, create a booklet that will guide the equipment in the preparation of dishes prepared from of those leftovers. The descriptive method, bibliographic research and field research were used to elaborate and substantiate the investigation.

KEYWORDS: Cooked Foods; Clean Garbage; Reuse; Decrease in Waste



1. INTRODUÇÃO.

Este estudo prioriza encontrar meios de reaproveitamento de alimentos prontos, em restaurante por quilo, que foram preparados, mas não foram para o prato do cliente.

Esses alimentos são definidos pela Portaria do Centro de Vigilância Sanitária, como “sobras”.

Analisando o grande número de desperdício de alimentos no Brasil, pode-se ver quão grande é o impacto na sociedade e meio ambiente.

As perdas ocorrem desde o momento da colheita até o momento do consumo final.

A solução é complexa e incide justamente em uma ação integrada com todos os atores da cadeia produtiva, havendo a necessidade de aproveitamento integral dos alimentos e manutenção do consumo habitual, utilizando as sobras para criação de outros produtos alimentícios.

Atualmente, no Brasil, milhares de pessoas vivem em situação de miséria sem ter o que comer, pesquisa realizada pela EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), aponta que no Brasil 40 mil toneladas de alimentos são jogadas no lixo diariamente, o que daria para alimentar 19 milhões de pessoas.

Em 2013 a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) registrou um desperdício mundial de alimentos de 3.561,643kg por dia, o equivalente a 2.473kg por minuto.  

No entanto, várias medidas poderiam ser apresentadas para o reaproveitamento de alimentos que não utilizados, tais como: sementes, folhas, talos.

Porém, dificilmente são encontradas orientações quanto ao reuso dos alimentos já preparados para consumo não utilizados, ou seja, as sobras.

Portanto, pretende-se apresentar soluções para o reaproveitamento dessas sobras, direcionado principalmente para a criação de atitudes voltadas para a reciclagem de resíduos sólidos e desenvolvimento da gestão sustentável em restaurantes, diminuindo o desperdício e reaproveitando os alimentos para a criação de novos pratos.

Isto, respeitando o que rege a Portaria CVS 5, de 09 de abril de 2013, que regula sobre boas práticas para estabelecimentos comerciais de alimentos, do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo.

O artigo 7º, inciso XLI, da referida legislação, visando proteger a saúde da população, define o termo “sobras de alimentos”, como: “o alimento que não foi distribuído e que foi conservado adequadamente, quando se tratar de alimento pronto para o consumo”.

Neste sentido, deve-se deixar bem clara a definição de “sobras” de alimentos, para que não haja confusão com “restos”.

“Sobras” são os alimentos produzidos e não distribuídos, enquanto “restos” são os alimentos devolvidos dos pratos, pelo cliente.

Sendo assim, com amparo na lei, serão estudadas quais sobras de alimentos podem ser reutilizadas para confecção de novos pratos, bem como seu modo de armazenamento e conservação, com o objetivo de elaborar uma cartilha com dicas e receitas.


2. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO DE CASO.

Realizamos visita a um estabelecimento de pequeno porte do setor de restaurantes na cidade de São Vicente, Estado de São Paulo, mantido aqui incógnito por uma questão ética, nomeado genericamente como “Buteco”. 

Fomos recebidos pela proprietária do estabelecimento, que mostrou o espaço do salão e a cozinha.

O estabelecimento atende em média 150 pessoas para o almoço. 

Funciona como restaurante por quilo de segunda-feira a sexta-feira, o almoço é servido das 11h:30 às 15h, aos sábados o horário é estendido até às 16h.

No período noturno, funciona das 18h às 1h, atendendo como bar, com festival de petiscos de boteco, sopas e caldos. 

O estabelecimento é conhecido também por ter variações de cervejas importadas, nacionais e da sua própria fabricação.

O ambiente é rústico, acolhedor, aconchegante, com um toque de sofisticação, lembra uma casa de fazenda, parece que cada detalhe foi pensado para dar essa atmosfera, como mostra a Figura 1. 

O restaurante está em funcionamento desde 2014, possui um quadro de funcionários enxuto, como na Figura 2.


Figura 1 – Ambientes do estabelecimento.

Figura 2 – Organograma do Bar e Restaurante.

Na cozinha o estabelecimento utiliza ficha técnica para manter o padrão e evitar que haja sobras.

Quando isso ocorre elas são transformadas em petiscos, uma vez que todo o processo de conservação dos alimentos, manipulação e conservação dos alimentos já coccionados são respeitados de acordo com as normas da ANVISA.


3. OBJETIVO E METODOLOGIA.

Para a elaboração da pesquisa utilizamos o método descritivo, usando pesquisas bibliográficas para fundamentação dos assuntos abordados e do procedimento de campo de levantamento de dados.

A elaboração do relatório foi realizada de acordo com a normatização da ABNT (Associação Brasileira de normas Técnicas), conforme preconizado pela NBR (Norma Brasileira Regulamentadora) 6023.

A partir da exploração de campo em restaurantes do segmento de comida por quilo, selecionamos um empreendimento para fazer o levantamento das informações necessárias, tais como: a perda de insumos no pré-preparo, os problemas ocorridos com a má armazenagem de alimentos e o desperdício ocorrido com a falta de planejamento correto do cardápio.

As informações obtidas embasaram a pesquisa das melhores alternativas para diminuição do desperdício e possíveis formas de reaproveitamento de alimentos coccionados (preparados/cozidos).

A metodologia embasou medidas práticas para uma boa gestão, dentro da cozinha como o uso de fichas técnicas, indispensável para o planejamento do cardápio e identificação dos dias de maiores e menores fluxos de clientes, para uma previsão mais correta da quantidade de alimentos a serem preparados.

Tendo como orientação o sistema de APPCC (manual de boas práticas utilizado para garantir a qualidade dos alimentos), buscamos os meios adequados para a utilização das sobras limpas de alimentos, na recriação de um novo prato.

E a partir destas análises, elaboramos uma cartilha de reaproveitamento de compostos orgânicos limpos (alimentos coccionados, preparados, cozidos), para que seja distribuída em restaurantes deste segmento, a fim de conscientizar os proprietários para a diminuição da perda de alimentos e as opções possíveis de destinação paro o uso destes alimentos na reinvenção do cardápio.

O objeto de estudo de caso foi um estabelecimento de pequeno porte do setor de restaurantes na cidade de São Vicente, Estado de São Paulo, mantido aqui incógnito por uma questão ética, nomeado genericamente como “Buteco”.

Inaugurado em 2014, tem como especialidade a comida caseira mineira, funcionando de domingo a domingo, serve no período do almoço comida por quilo e, no jantar, o serviço é à la carte, totalizando uma média de 150 refeições servidas ao longo do dia.

A pesquisa de campo constatou diversos pontos positivos presentes na gestão do “Buteco”, a começar pelos proprietários que atuam também como cozinheiros, buscando melhorar seus conhecimentos através de uma formação superior em Gastronomia.

Utilizam fichas técnicas e trabalham com o porcionamento de ingredientes, sendo quase nulo o desperdício de matéria e, no caso sobra, esta é armazenada corretamente, ficando reservada à alimentação dos funcionários do próximo turno.

As observações mostraram a importância de um simples planejamento, algo que deveria ser seguido por todos os empreendimentos do segmento, mas que na prática do dia-a-dia não acontece.

Após o levantamento desses dados passamos a investigar a segurança alimentar, os processos de armazenagem e as melhores formas de reutilização desses ingredientes combinados com outros, na recriação de um novo prato.

Empregando nossos conhecimentos, colocamos em prática nossos objetivos na realização de testes, em laboratório de gastronomia de uma grande universidade privada localizada na cidade de Santos (Estado de São Paulo), com as receitas pesquisadas.

Os resultados obtidos se mostraram positivos, posteriormente foram utilizados para a apresentação da proposta ao público, com oferecimento de degustação, feita com as receitas desenvolvidas.


4. ANÁLISE DOS RESULTADOS.

No decorrer da pesquisa, apuramos que o maior desperdício ocorre desde que o alimento sai do produtor até o momento que chega às prateleiras dos supermercados.

As principais razões dessas perdas são atribuídas à falta de pessoal habilitado, desconhecimento de técnicas de seleção de sementes, erros no preparo de solo, técnicas inadequadas de manuseio, falha ou ausência de tratamento de pragas, moléstias durante as fases pré e pós-colheita, desconhecimento do ponto ideal de colheita para alguns frutos, uso de tecnologias inadequadas de colheita, armazenamento, embalagem e transporte.

 A Tabela 1 mostra as perdas pós-colheita de frutos e hortaliças em porcentagem.

O objetivo deste estudo é evitar o desperdício e gerar mais lucro ao estabelecimento, transformando as sobras em outros pratos, ao invés de jogá-las no lixo.

Para que isso aconteça, algumas atitudes importantes que influenciam na qualidade do produto final devem ser tomadas.

A primeira delas é realizar a higienização adequada do ambiente de trabalho e dos alimentos ainda “in natura”, bem como seu correto armazenamento, para garantir que as sobras reaproveitadas cheguem ao prato do cliente de uma forma segura para o consumo.

Os manipuladores também devem se apresentar adequadamente para a realização dos trabalhos, evitando contaminação dos alimentos.

Em visitas realizadas ao estabelecimento não foram apuradas irregularidades no que diz respeito aos móveis superfícies, instalações, equipamentos utensílios. 

Os produtos de limpeza utilizados possuem registro no Ministério da Saúde e a frequência de limpeza é adequada.

Em relação aos manipuladores, foram observados aspectos de apresentação, higiene pessoal e procedimentos higiênicos corretos durante a manipulação, bem como a existência de programa de controle de saúde.

Foram encontradas orientações para técnica correta de higienização de mãos e uso de adornos.

O armazenamento de alimentos em temperatura ambiente e temperatura controlada são bem executados, principalmente quanto à identificação correta dos produtos e a disposição dos mesmos, de forma a evitar risco de contaminação cruzada.

O estabelecimento informou que é feita medição de qualidade para aprovação de fornecedor.

As embalagens externas de papelão ou madeira são descartadas de imediato, uma vez que apresentam risco de contaminação e esconderijo de pragas.

A manipulação, produção e preparo de alimentos envolvendo cocção/reaquecimento, resfriamento e espera/manutenção, são regidos pela Portaria CVS 5, de 09 de abril de 2013.

Para o aspecto “recolhimento de amostras”, existe a precaução de coletar amostrar de tudo o que é produzido no dia.

O estabelecimento possui uma cópia do Manual de Boas Práticas, a existência do manual de BP é preconizada na RDC 216/MS e os serviços de alimentação devem dispor do mesmo para descrever suas instalações e procedimentos na produção de alimentos (Brasil, 2004).

Quanto aos critérios para a utilização correta das sobras de alimentos, foi analisado que o estabelecimento reutiliza apenas os alimentos que não foram distribuídos e que foram monitorados durante sua manutenção.

Como o restaurante serve almoço de dia, e petiscos à noite, conseguem reaproveitar adequadamente alguns insumos que não foram utilizados no almoço, transformando-os em porções para serem servidas à noite.

Baseado nestes dados, idealizamos um cardápio para reutilizar os alimentos que até então eram dispensados e, assim, foi confeccionada uma cartilha ilustrada com algumas receitas saborosas e fáceis de preparar, utilizando as sobras.

Logo, os alimentos que sobraram do almoço, poderão ser usados em outras preparações, surgindo novas receitas para serem servidas à noite, como: transformar o arroz em bolinho de arroz; o feijão em bolinho de tutu de feijão; a alface em bolo de alface e maçã; e o peixe ou o frango em croquete.

 

A. Conservação dos alimentos.

Para que possa haver um reaproveitamento correto dos alimentos prontos, alguns cuidados devem ser tomados desde o momento em que o insumo chega ao estabelecimento, ainda cru, onde é armazenado em estoque seco ou refrigerado.

Passando pelo preparo (cocção adequada para cada tipo de alimento) que é realizado pelos manipuladores, é devidamente porcionado, levado ao balcão para servir aos clientes e parte do que foi porcionado é etiquetado e mantido em refrigeração. 

O cuidado começa já na hora da entrega do fornecedor para o estabelecimento, que deve verificar as condições dos alimentos, data de validade, condições de conservação e medir a temperatura.

Depois deve-se conferir se as embalagens não foram violadas, verificar se a quantidade recebida confere com a descrita na nota e principalmente a qualidade dos produtos, o estabelecimento somente pode receber alimentos que estejam em ótimas condições de conservação.

Após analisado os insumos recebidos, devem ser armazenados de forma a impedir a contaminação e/ou a proliferação de microrganismos.

O local de armazenamento deve ser limpo, sendo os alimentos mantidos separados por tipo ou grupo, sobre estrados distantes do piso, ou sobre paletes, bem conservados e limpos ou sobre outro sistema aprovado.

Estes insumos devem ser mantidos afastados das paredes e distantes do teto de forma a permitir apropriada higienização, iluminação e circulação de ar, respeitando o empilhamento máximo, utilizar o método PVPS, mantendo a etiqueta de prazo de validade visível.

 

B. Manipulação dos alimentos.

A Resolução-RDC nº216, de 15 de setembro de 2004, dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação, a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias dos alimentos preparados.

Assim, além do correto armazenamento dos materiais, outros cuidados também devem ser tomados.

O local de preparo dos alimentos precisa ser limpo e organizado e, antes de manipulados, mesmo que ainda in natura, o profissional deve higienizar corretamente as mãos, assim como rege o regulamento citado.

Antes do preparo, o alimento também deve ser higienizado.

As carnes cruas e os vegetais não lavados apresentam micróbios patogênicos que podem ser transferidos aos alimentos prontos por meio das mãos dos manipuladores.

Deve-se cozinhar muito bem os alimentos até que atinja a temperatura mínima de 70 graus Celsius, ou mais, pois os micróbios somente são destruídos com altas temperaturas.

 

C. Conservação de alimentos já coccionados.

Após a cocção, os alimentos merecem cuidados especiais, principalmente se o objetivo do restaurante for utilizar as sobras (alimentos preparados porém não consumidos) para utilizá-los na confecção de novos pratos.

Os micróbios se multiplicam rapidamente e em números elevados se o alimento coccionado não estiver armazenado na temperatura adequada.

Temperaturas entre 5º e 60ºC, conhecida como zona de perigo, são as mais favoráveis para que ocorra essa multiplicação.

Daí a importância do balcão de self-service para os alimentos expostos para o consumo imediato.

De acordo com a Vigilância Sanitária, devem ser obedecidos alguns critérios de tempos x temperaturas, para esses alimentos expostos, sendo que os alimentos que não forem mantidos de acordo com tais critérios deverão ser desprezados.

A Tabela 2 indica o tempo de exposição por temperatura.

O ideal é que a água do balcão térmico seja trocada diariamente e mantida a temperatura de 80 a 90ºC, durante o tempo de distribuição.

Havendo supervisão desta temperatura, os alimentos que sobraram e não ultrapassaram o tempo máximo de 2 horas em exposição no balcão, poderão retornar à cozinha para serem reutilizados em outra receita, contanto que não tenham ficado em temperatura ambiente por mais de duas horas.


Caso sejam resfriados, deverão obedecer aos seguintes critérios de resfriamento em geladeira, com temperatura abaixo de 5ºC para reutilização:

- Carnes cozidas: máximo 2 dias;

- Arroz cozido: máximo 3 dias;

- Feijão: máximo 3 dias.

 

Os critérios de resfriamento são regidos pela Portaria CVS 5, de 09 de abril de 2013, que diz:

 “O processo de resfriamento de um alimento preparado deve ser realizado de forma a minimizar o risco de contaminação cruzada e a permanência do mesmo em temperaturas que favoreçam a multiplicação microbiana [...]”

 

A cartilha foi confeccionada com o objetivo de mostrar de forma clara, didática e objetiva o que deve ser feito para manter a qualidade dos alimentos para permitir sua utilização em novas e saborosas receitas.


5. CONCLUSÃO.

A pesquisa de campo abordou o tema reaproveitamento de alimentos prontos em restaurantes por quilo, onde se buscou conscientizar os proprietários de restaurantes sobre em quais condições e como podem ser reaproveitados alimentos, visando à diminuição do lixo orgânico.

Entendemos que com uma cartilha voltada para esse tema é possível ajudar as pessoas de uma forma didática, objetiva e assertiva. 

Nesse estudo buscamos opções de receitas que podem facilmente ser acrescentadas no cardápio de qualquer restaurante. 

São receitas fáceis, aproveitando-se do alimento já coccionado e transformando-o em um novo produto, ajudando a reduzir o desperdício, evitando a perda de dinheiro e consequentemente gerando lucro para o dono do estabelecimento, sendo assim a forma apropriada de reutilizar os alimentos.

Tendo em vista tudo o que foi apresentado, concluímos que o desperdício de alimentos pode ser gradativamente diminuído desde que as normas da ANVISA sejam respeitadas, podendo ser produzidas receitas deliciosas e até saudáveis com as “sobras limpas”.


6. REFERÊNCIAS.

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MEZOMO, Iracema F. de Barros. Os serviços de alimentação: planejamento e administração. São Paulo: Monole, 2002.

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WOLKE, Robert L. O que Einsteins disse a seu cozinheiro: a ciência na cozinha. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.


7. ANEXO: Cartilha apresentando soluções para o reaproveitamento de sobras de alimentos em restaurantes.











sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Desenvolvendo o conceito de sustentabilidade com responsabilidade ambiental e social: projeto multidisciplinar para estudantes de ensino médio por meio de estudo de caso das práticas industriais de uma empresa.

FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 12, Série 18/12, 2020.


Prof. Dr. Edson Luís Tocaia dos Reis.

Doutor em Ciências - USP.

Graduado em Química Industrial - FOC.


Profa. Dra. Luciana Mollo.

Doutora em Biologia - USP.


Profa. Ms. Rosemarie Sanches.

Mestre em Sociologia e Filosofia - UNICAPITAL.

Graduada em Ciências Sociais Aplicadas - UVA-RJ.


RESUMO: O projeto realizado anualmente em uma instituição de educação básica consiste em desenvolver nos estudantes o conceito de sustentabilidade de forma multidisciplinar, abordado aspectos da biologia, química e sociologia em uma empresa reconhecida no mercado por suas práticas sustentáveis. Foi realizada uma visita monitorada à empresa escolhida, onde grupos de estudantes dos segundos anos do ensino médio ficaram responsáveis pela coleta e registro de informações relacionadas às ações sustentáveis da empresa, desenvolvendo a partir da visita quatro temas principais. Posteriormente, estes grupos realizaram uma apresentação no pátio da escola aos outros estudantes do colégio, que desenvolveram subtemas na forma de trabalhos escritos, multiplicando a abordagem inicial relacionada à sustentabilidade industrial.

PALAVRAS-CHAVE: Projeto Multidisciplinar, Sustentabilidade, Natura.

 

ABSTRACT: The project carried out annually at the college consists of developing in students the concept of sustainability in a multidisciplinary way, addressing aspects of biology, chemistry and sociology in a company recognized in the market for its sustainable practices. A monitored visit was made to the chosen company, where groups of students from the second years of high school were responsible for collecting and recording information related to the company's sustainable actions, developing from the visit four main themes. Subsequently, these groups made a presentation in the schoolyard to the other students of the school, who developed subthemes in the form of written works, multiplying the initial approach related to industrial sustainability.

KEYWORDS: Multidisciplinary Project, Sustainability, Natura.

 

1. INTRODUÇÃO.

A sustentabilidade representa hoje uma fonte de estudos muito ampla, compreendendo a maioria dos aspectos da vida moderna, abrangendo não somente o meio ambiente e as ciências sociais, facilmente reconhecíveis em primeiro plano, mas também planos de negócios até a mais sofisticada tecnologia. Seu conceito hoje está sustentado principalmente nas ciências da natureza e nas ciências sociais, mas com enfoque também em áreas tão diversas como a filosofia, a política e a economia (Barbosa, 2008).

A sustentabilidade tornou-se também uma formidável opção de oportunidades: estratégias corporativas são baseadas em serviços de consultoria ambiental, a avaliação e planejamento de novas legislações, o desenvolvimento de novas tecnologias baseadas em fontes de combustíveis renováveis, novas técnicas agrícolas, programas de saúde para a população, todas elas sempre buscando a proteção do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida, mantendo os ecossistemas do planeta em seu delicado equilíbrio (Araújo et al., 2014).

Mas qual a importância do estudante do ensino médio entender a multidisciplinaridade da sustentabilidade?

É acima de tudo compreender que todos possuem hoje a capacidade de mudar a sociedade ou a si próprio; entender também que vivemos em nosso planeta em um sistema dinâmico, onde os organismos e ecossistemas estão em mudança de forma contínua e que muitas vezes estas mudanças envolvem sistemas econômicos, ambientais e sociais.

A multidisciplinaridade ajuda a entender que a vida no planeta depende da conexão equilibrada entre todos estes sistemas, por meio de soluções sustentáveis, e quais os efeitos causados pelo excesso de intervenções antrópicas nos sistemas naturais. (Souza, 2013).

A discussão da sustentabilidade com estudantes do ensino médio deve utilizar-se de recursos úteis para ajudá-los a aprofundar sua compreensão e pesquisa, além da reflexão sobre um tema atual tão importante.

A realização de projeto multidisciplinar sobre o assunto proporciona aos estudantes a decodificação pelo estudante da terminologia sobre o assunto, aplicada a diversas áreas, como a biologia, química e sociologia. Portanto, o projeto aqui descrito contemplou trabalhar com os estudantes do ensino médio, conceitos teóricos e práticos de sustentabilidade e suas implicações em relação a questões atuais ambientais, econômicas e sociais.

 

2. MATERIAL E MÉTODOS.

O projeto foi proposto e executado por etapas, conforme descrito a seguir, para um melhor entendimento e mobilização dos estudantes envolvidos, todos eles dos segundos anos do ensino médio:

Etapa 1 - Apresentação do projeto aos estudantes e discussão do conceito e da importância da sustentabilidade. As vantagens da sustentabilidade para a sociedade moderna e introdução ao conceito de sustentabilidade empresarial;

Etapa 2 - Definição dos grupos de estudantes que participariam da visita; foram definidos grupos de 15 estudantes por cada sala, que seriam responsáveis pela coleta de informações e registro visual das práticas sustentáveis a serem detectadas na empresa. Para a realização da visita, este grupo de estudantes foi incentivado a observar na empresa práticas sustentáveis como:

a) Uso racional de matérias primas e insumos;

b) Descarte adequado de esgotos e resíduos do processo industrial;

c) Reciclagem e reutilização de resíduos produzidos pela empresa;

d) Cumprimento pela empresa às leis ambientais do país;

e) Marketing verde da empresa junto aos consumidores e comunidade em geral;

f) Adoção de materiais recicláveis para de embalagens dos produtos.

g) Criação de projetos para desenvolvimento social da comunidade em que a empresa está inserida;

h) Uso de fontes de energia limpa e renovável;

i) Não utilização de fornecedores que não utilizem práticas sustentáveis;

j) Adoção de logística reversa;

k) Economia gerada por práticas sustentáveis;

l) Qualidade de vida no ambiente industrial;

m) Orientação aos consumidores da importância do respeito do descarte das embalagens de forma correta;

Após a realização da visita, estes grupos que realizaram a visita trabalharam os temas principais propostos, para posterior apresentação de seminários aos outros estudantes.

Por se tratar de quatro turmas dos segundos anos de ensino médio envolvidas no projeto, foram definidos e submetidos à escolha dos estudantes, quatro temas principais para apresentação por seminários, sendo um tema escolhido em comum acordo por cada turma, por meio de reunião com os representantes dos grupos.

Os temas propostos e as formas de avaliação estão resumidos na tabela a seguir:

Etapa 3 - Apresentação dos seminários: realizou-se em data agendada para todas as turmas envolvidas no projeto, com a presença de uma banca de professores para a avaliação das apresentações. As notas resultantes da avaliação dos seminários resultaram em uma média aritmética de todos os critérios de avaliação considerados e representaram nota unificada de atividade para Biologia, Química e Sociologia.

Etapa 4 - Definição dos temas secundários (subtemas) - os estudantes que assistiram aos seminários foram divididos em grupos de quatro membros, que deveriam entregar um trabalho impresso, digitalizado e formatado, a ser avaliado pelos professores das áreas envolvidas. Na tabela a seguir, estão relacionados os subtemas apresentados e de livre escolha dos estudantes envolvidos. Não foi permitida a repetição de subtemas pelos grupos em uma mesma turma.

Etapa 5 – Avaliação dos trabalhos escritos relacionados aos subtemas – os trabalhos entregues foram avaliados conforme os requisitos, a seguir:

a) Utilização de pesquisas bibliográficas (fundamentações teóricas);

b) Conteúdo das apresentações dos seminários;

c) Articulação com os temas, os fundamentos teóricos da pesquisa e conceitos em sala de aula;

d) Formatação acadêmica pela ABNT.

Da mesma forma que na atribuição de notas aos seminários, as notas atribuídas aos trabalhos escritos representaram uma média aritmética de todos os critérios de avaliação considerados e foram consideradas pelos professores como nota única de atividade para Biologia, Química e Sociologia.

 

3. DESENVOLVIMENTO.

Agendou-se uma visita monitorada à empresa Natura, situada na cidade de Cajamar, estado de São Paulo, com o acompanhamento dos professores envolvidos no projeto.

Previamente no colégio, foram submetidos os temas à escolha livre pelas quatro turmas participantes do projeto.

No início da visita foram apresentados aos estudantes pela empresa, os aspectos relacionados aos seus aspectos sustentáveis por meio de palestra (Figuras 1 e 2), e posteriormente por visita monitorada às principais instalações (Figura 3).

Figura 1 - Palestra durante visita à empresa Natura.
Fonte: Foto dos Autores.

Figura 2 - Grupo de estudantes durante palestra.
Fonte: Foto dos Autores.

Figura 3 - Grupo de estudantes em visita a Natura.
Fonte: Foto dos Autores.


Após a visita à empresa, os professores responsáveis pelo projeto ajudaram os estudantes nas discussões e desenvolvimento dos temas, bem como auxiliaram os mesmos na escolha dos recursos áudio visuais específicos a serem utilizados na apresentação dos seminários.

Os estudantes tiveram cerca de 30 dias para o desenvolvimento do material visual a ser utilizados nos seminários.

Os estudantes foram também orientados a buscar informações com a própria empresa, por meio de publicações sobre o tema e principalmente no site comercial da Natura, que possui amplo material sobre suas práticas sustentáveis.

Foi proposta aos estudantes a apresentação dos seminários na quadra coberta da escola.

Os estudantes fizeram uso de material audiovisual de PowerPoint em Datashow, em telão e com uso de microfone, para a audiência de todos os estudantes dos segundos anos, coordenadores, orientadores e direção do colégio.

O principal objetivo dos seminários foi a propagação e uniformização a todos os estudantes dos segundos anos das informações adquiridas na visita à empresa.

Foram destacadas por todos os grupos as ações sustentáveis da empresa, conforme cada tema abordado.

As figuras 4 a 6, a seguir, destacam algumas destas apresentações e os recursos utilizados.

Figura 4 - Apresentação dos seminários na quadra do colégio.
Fonte: Apresentação Imagem, 2018.

Figura 5 - Apresentação dos Seminarios.
Fonte: Foto dos Autores.

Figura 6 - Apresentação dos Seminários.
Fonte: Foto dos Autores.

Após a apresentação, os estudantes que assistiram aos seminários tiveram cerca de 20 dias para elaboração e entrega dos trabalhos escritos.

 

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.

As apresentações dos estudantes foram focadas em três eixos (temas) principais:

a) Ações realizadas pela empresa e observadas pelos estudantes em relação a práticas industriais sustentáveis;

b) O impacto econômico para a empresa das práticas sustentáveis realizadas;

c) O impacto positivo para o meio ambiente e para a sociedade, das práticas sustentáveis realizadas pela empresa.

A obrigatoriedade de apresentação dos trabalhos em evento aberto a outros estudantes de outras turmas permitiu atribuir ao trabalho um caráter de importância maior, tal qual o tema proposto permite.

 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

A aplicação de projetos que permitam ao estudante desenvolver uma visão mais ampla e crítica a respeito dos problemas ambientais é de extrema importância por incentivar a formação de sua consciência como cidadão responsável e atuante.

A participação pró-ativa do estudante necessária ao desenvolvimento do projeto descrito neste trabalho, cria subsídios para o mesmo aprimorar o seu senso crítico por meio da análise, pesquisa e reflexão.

O debate de opiniões e a quebra de paradigmas de cunho próprio durante o projeto permite também sua conscientização ambiental de cunho muito mais amplo, sob aspectos sociais, econômicos e políticos.

 

6. REFERÊNCIAS.

ARAUJO, Gabriel Aguiar de; COHEN, Marcos; SILVA, Jorge Ferreira da. Avaliação do Efeito das Estratégias de Gestão Ambiental Sobre o Desempenho Financeiro de Empresas Brasileiras IN: Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - GeAS, Vol 3, Iss 2, Pp 16-38 (2014), 2014.

BARBOSA, Gisele Silva. O Desafio do Desenvolvimento Sustentável. Revista Visões 4ª Edição, Nº4, Volume 1 - Jan/Jun 2008.

BOEDECKER. São Paulo: FGV-EAESP, 2003. 95 p. (normasbib.pdf, 462kb). Disponível em: <www.fgvsp.br/biblioteca>. Acesso em: 23 set. 2004.

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS. Normas para apresentação de monografia. 3. ed. Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Biblioteca Karl A.

IENH. Manual de normas de ABNT. Disponível em: <www.ienh.com.br>. Acesso em: 23 set. 2004.

OLIVEIRA, N. M.; ESPINDOLA, C. R. Trabalhos acadêmicos: recomendações práticas. São Paulo: CEETPS, 2003.

PÁDUA, E. M. M. de. Metodologia científica: abordagem teórico-prática. 10. ed. ver. atual. Campinas, SP: Papirus, 2004.

SOUZA, Barbara Vieira de. A sustentabilidade ambiental no ensino de química na compreensão de professores do ensino médio. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação. Florianópolis, SC, 2013.

UNIÃO SOCIAL CAMILIANA. Manual de orientações para trabalhos acadêmicos. 3. ed. rev. amp. São Paulo: Centro Universitário São Camilo, 2012.


sábado, 21 de novembro de 2020

Desenvolvimento Drywall Reciclado.

 FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 11, Série 21/11, 2020.


Profa. Ms. Cláudia Almeida Figueiredo.

Mestre em Ciências e Tecnologia - UFABC.

Especialista em Educação Ambiental - FSA.

Licenciada em Ciências (Química) - FASB.

Orientadora e líder do projeto



Prof. Dr. Edson Luís Tocaia dos Reis.

Doutor em Ciências - USP.

Graduado em Química Industrial - FOC.

Coorientador e líder do projeto


Autores: IRENO, A.; ALMEIDA, A.; TILLY, E.; AUGUSTO, I.; OLIVEIRA, L.; GARCIA, L.; SANTOS, S.; REIS, E.; FIGUEIREDO, C.


RESUMO: O setor da construção civil no Brasil representa um papel significante para a composição do produto interno bruto, com uma média de 6%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Apesar de sua importância econômica, tem uma interferência muito forte no meio ambiente, utilizando-se de recursos naturais de forma considerável, tanto na obtenção da sua matéria-prima, quanto nas grandes quantidades de entulhos gerados, além do uso do espaço urbano (VIEIRA, 2006). A área da construção civil no país ainda é caracterizada pela utilização de sistemas construtivos artesanais, de baixa produtividade e principalmente com grande desperdício de materiais. O foco dos gestores com o canteiro de obras costuma estar relacionado aos aspectos técnicos do projeto, sem a devida preocupação com a economia, prazos e necessidade de retrabalhos (VIEIRA, 2006). Porém, o mercado tem sinalizado que esta situação deve ser modificada e a adição de novas tecnologias é a melhor forma de permitir a industrialização e a racionalização de processos, o que levou a mudança do perfil de obras tipo "construção" para montagem (FREITAS; CRASTRO, 2006). Uma das alternativas é a utilização de um sistema construtivo já bastante consolidado em países de primeiro mundo: o sistema drywall. Altamente industrializado de concepção racional, possui grandes vantagens descritas no trabalho, como agilizar a produtividade, reduzir espessuras, diminuir cargas e, por possuir interfaces com vários subsistemas, como exemplo, as estruturas e fundações, interferir no custo final da edificação. Neste trabalho, foram realizados alguns testes práticos para produção de drywall com papelão e o poliestireno expandido, que são materiais recicláveis e descartados diariamente no lixo comum, com o objetivo de diminuir o impacto ambiental. A utilização de matérias primas de alcance relativamente simples como o papelão e poliestireno expandido é proposta, com a possibilidade ainda de se proporcionar uma característica impermeabilizante, aumentando a aplicação na construção cível em áreas com umidade e calor, evitando a perda de eficiência. A utilização de resinas pode aumentar a resistência e proporcionar proteção acústica em ambientes fechados. Tais características e materiais propostos para a fabricação de drywall visam o desenvolvimento de um produto alternativo e benéfico ao ambiente, tornando-o uma alternativa atrativa.

PALAVRAS-CHAVE: Drywall, Construção Civil, Meio ambiente.

 

ABSTRACT: The construction sector in Brazil plays a significant role in the composition of the gross domestic product, with an average of 6% according to the Brazilian Institute of Geography and Statistics. Despite its importance to economic aspects, it has a very strong interference in environment, due to amount of raw material used and large amounts of debris generated, in addition to the use of urban space (VIEIRA, 2006). Construction area in Brazil is still characterized by using construction systems characterized by craftsmanship, with low frequency and large waste of materials. The focus of managers used to be just only technical aspects of the project, without the concern about economy, deadlines and rework (VIEIRA, 2006). However, the market has signaled that this situation must be changed, realizing that adding new technologies is the best way to allow industrialization and rationalization of processes. It´s changing the profile of works from the "construction" type to "assembly" (FREITAS; CRASTRO, 2006). One of the alternatives is using of a construction system already consolidated in many countries: drywall system. Highly industrialized with a rational design, it has great advantages exhibited at work, such as streamlining use, reducing thickness, reducing loads and using interfaces with various subsystems, in way that do not interfere in the final cost of the building. In this work, some practical tests to produce drywall with paper and expanded polystyrene were conducted, which materials that are recyclable and discarded daily in the common garbage. The main idea is to reduce the environmental impact by using of materials such as paper and expanded polystyrene. The use of this materials showed large possibility of application in construction area, avoiding loss of performance. In addition, the uses of resin increase resistance and permeabilizing characteristics, and acoustic protection to material when used indoors. Such resources and materials applied in the manufacture of these displays may become an alternative product that is beneficial to the environment, making it an attractive to its use.

KEYWORDS: Drywall, Construction, Environment.

 

1. INTRODUÇÃO.

A sociedade gradativamente vem percebendo que a utilização inadequada dos recursos naturais está dia a dia acarretando consequências negativas para o meio ambiente e para o ser humano (FERNANDES, 2013).      

A notável busca de alternativas para preservar o meio ambiente e ainda utilizar os recursos naturais de maneira correta são preocupações persistentes e práticas relacionadas ao desenvolvimento sustentável expostas e inseridas à sociedade (FERNANDES, 2013).

A nossa rotina de trabalho e estudo, com horas afastados do lar, gera diariamente lixo descartado de forma incorreta, sem a preocupação em separar embalagens de doces, bolachas, salgadinhos, dentre tantas outras, para a devida coleta seletiva, impactando negativamente o meio ambiente, com a não reutilização dos mesmos (ERBS, 2015).

A busca por novos materiais, com a finalidade em substituir ou reduzir o uso de recursos naturais é crescente na área de construção civil; diversos estudos demonstram descobertas viáveis que podem ser inseridas no setor construtivo.

A construção sustentável é uma forma de atender as necessidades de edificação do homem, com enfoque em garantir a preservação do meio ambiente (FERNANDES, 2013).

A construção civil é considerada atualmente uma das indústrias mais poluentes ao meio ambiente e, portanto, a gestão de resíduos se torna uma ação para destinar corretamente materiais que são descartados e provocam sérios riscos ambientais.

Por exemplo, o papelão é obtido por meio da mistura de várias combinações de diferentes tipos de papel, obtidos a partir da matéria prima originada da celulose, sendo substância extraída das árvores.

O papelão é um material reciclado há décadas no Brasil, porém o desperdício ainda é enorme e presente nos resíduos sólidos urbanos e de construção civil (COSTA, 2005).

Outro exemplo para gestão de resíduos é o poliestireno expandido, popularmente conhecido como isopor, que é uma espuma formada a partir de derivados de petróleo, transformado a partir de recursos naturais.

O isopor é um material que pode ser reciclado, mas por falta de conhecimento, muitas pessoas fazem seu descarte no lixo comum.

Devido a sua grande aplicabilidade em acabamentos na construção civil, muitos de seus resíduos são desperdiçados e/ou descartados incorretamente, contribuindo com aumento da geração de resíduos sólidos que deveriam ser reciclados, reduzindo o impacto ambiental no meio ambiente (TESSARI, 2006).

O sistema construtivo de drywall é constituído por um núcleo de gesso, derivado da extração de minerais da natureza, influenciando no desequilíbrio do meio ambiente, do planeta e dos seres vivos (FERNANDES, 2013).

O gesso destaca-se como um dos materiais mais utilizados na construção civil e quando manipulado de forma incorreta se torna tóxico para o meio ambiente, podendo contaminar o solo e lençol freático, devido às suas características físicas e químicas (DUARTE, 2014).

Atualmente, a construção civil já se utiliza de produtos derivados de materiais reciclados, com características similares aos convencionais (FERNANDES, 2013).

Tais abordagens impulsionaram o presente estudo à busca de exploração e utilização destes materiais descartados incorretamente em lixo comum, sendo possível destiná-los para o desenvolvimento de novos produtos como drywall sustentável, utilizado largamente na construção civil; contribuindo com a redução do impacto ambiental, tanto no descarte quanto na extração da natureza, além do ganho econômico.

 

2. OBJETIVOS.

O objetivo geral é apresentar uma placa de drywall reciclado, feita a partir de materiais reciclados, contribuindo positivamente para o meio ambiente.

Os objetivos específicos são:

• Descobrir os impactos ambientais do resíduo de gesso;

• Identificar materiais reciclados para fabricação de drywall reciclado (alternativo) e sustentável;

• Listar as vantagens e desvantagens do drywall.

 

3. JUSTIFICATIVA.

O principal intuito deste projeto é desenvolver um produto reciclável e sustentável que contribua diretamente ao meio ambiente, decidindo-se pelo drywall reciclado.

Segundo Duarte (2014), o impacto gerado pela deposição do resíduo de chapas de gesso acartonado em aterros se dá em função do gesso e dos aditivos presentes na composição; logo o acúmulo desse material representa um problema para o meio ambiente.

Após a escolha das matérias primas recicláveis, pesquisou-se suas propriedades e identificou-se a contribuição positiva para o meio ambiente com redução dos impactos ambientais.

 

4. O DRYWALL.

Surgiu nos Estados Unidos, 1894, a primeira chapa de gesso acartonado, de composição em quatro camadas de gesso dentro de quatro folhas de papel, lã e camurça, medindo 91cm x 91cm x 3cm de espessura com bordas sem acabamento (NOBRE,2016).

As placas de gesso chamadas de “Gypsum Board”, evoluíram entre 1910 e 1930, caracterizadas pela eliminação de duas camadas internas de papel e bordas encapadas.

Posteriormente, as placas se tornavam mais leves e menos quebradiças, evoluindo ainda os materiais de tratamento de conjuntos e sistemas.

O gesso acartonado foi largamente utilizado na I Guerra Mundial, devido à sua característica de rápida montagem e resistência ao fogo (NOBRE, 2016).

Tal produto revolucionou a construção civil, sofrendo alterações e sendo aperfeiçoando ao longo do tempo, denominado nos dias atuais de “Drywall”.

A sua fabricação é obtida a partir da mistura de gesso, água e aditivos entre duas lâminas de cartão, onde a lâmina é virada nas bordas longitudinais e colada sobre a outra; com o seu aperfeiçoamento, as mudanças surgiram na construção, trocando a alvenaria interna por drywall, que cada vez mais ganhava a preferência do consumidor.

Assim, o drywall se espalhou pelo mundo, entrando em países da Europa, Ásia, África, América Latina e Japão. Com diversas vantagens, o drywall interage positivamente com o futuro em soluções arquitetônicas práticas e inteligentes em forros, paredes internas, divisórias e revestimentos para construções tanto comerciais quanto residenciais e industriais (NOBRE, 2016).

O drywall chegou ao Brasil na década de 70, por meio do médico Roberto Campos Guimarães, devido um passeio aos Estado Unidos em 1972.

Ao conhecer os equipamentos e como funcionava o sistema, percebeu que para montar uma fábrica, o custo era de milhões; assim, resolveu abrir uma empresa de divisórias com alguns componentes baseados no drywall, conhecida como Brasil Sudeste.

Após cinco anos de sua abertura, a empresa se destacou e se tornou a maior do país (NOBRE, 2016).

Quando chegou ao Brasil, o drywall recebeu o nome de gesso acartonado, e a ideia de que o gesso sujava, gerou resistência na aceitação do produto, porém a sujeira era inexistente e o nome foi mudado posteriormente de gesso acartonado para o sistema drywall (NOBRE, 2016).

A década de 1990 se destacou na introdução de inovações tecnológicas e sistemas industrializados, incluindo os sistemas drywall e, em consequência de menos intervenção do Estado, trouxe a abertura do mercado na construção de edifícios, juntamente com a busca pela racionalização e industrialização da construção (NUNES, 2015).

Com o avanço, detectou-se que apenas 20% das chapas produzidas eram empregadas como divisórias em ambientes comerciais, sendo o restante como forros (NUNES, 2015).

O gesso é hoje largamente utilizado na construção civil em diferentes aplicações com destaque para as plaquetas para forros, blocos para paredes, massas para revestimento de alvenaria, formatos como sancas e molduras, moldes para produção industrial de louças sanitárias, além de chapas e massas para divisórias (drywall), cujo consumo encontra-se em ritmo acelerado nos últimos anos (NOBRE, 2016).

O uso da alvenaria na construção civil possui desvantagens, como o tempo reservado para assentamento, passagem de instalações e reparos, consumo de materiais, falta de prumo que ocasiona um aumento de argamassa, falta de controle de qualidade e padronização na produção dos blocos de cerâmicas.

Tais problemas justificam a introdução da tecnologia drywall no subsistema de vedação vertical, conhecido também como “parede seca”, caracterizado por uma construção mais limpa, devido a utilização de uma estrutura de aço galvanizado que receberá os painéis (ANJOS E TEIXEIRA, 2017).

“Esta nova tecnologia acumula inúmeras vantagens em relação a alvenaria convencional pela sua alta versatilidade, desempenho acústico quando acoplada com lã mineral e chapa dupla, superfícies planas, soluções racionalizadas para os demais subsistemas, como elétrico e hidráulico, alta produtividade, otimização do tempo, maior controle de qualidade, redução das cargas no projeto, por se tratar de materiais mais leves do que alvenaria convencional “(ANJOS E TEIXEIRA, 2017).

 

4.1 Vantagens do Drywall.

De acordo com Junior (2008), diretor geral da Placo do Brasil, o sistema drywall possui um conjunto de características que impactam positivamente no aumento da produtividade e desempenho acústico, flexibilidade no layout, redução de peso e espaços consumidos por paredes, além de infinitas possibilidades estéticas.

O drywall possui grandes vantagens, sendo em maior parte em função de construção racionalizada, onde as tarefas são executadas somente uma vez com o mínimo de retrabalho ou espera, com atendimento às normas.

Além da viabilidade financeira, consideram-se também benefícios físicos que geram economias indiretas que interferem no custo global da obra.

Sua execução é interligada com subsistemas (como estrutura, instalações prediais e revestimento) e a padronização e sequenciamento de atividades quando bem gerenciadas propiciam o aumento da produtividade nos processos, além de ganho de velocidade na execução, melhoria na gestão da qualidade e diminuição de desperdícios, com a otimização dos custos e o aproveitamento da qualidade do produto. (JUNIOR, 2008).

 

4.1.2 Rapidez Na Execução.

A divisória em gesso acartonado possui processo de execução rápido e obediente às normas.

O transporte interno em uma obra vertical, comparado com uma parede feita em alvenaria, se destaca na questão de quantidade e limpeza.

A redução do transporte vertical e horizontal no canteiro de obras é positiva em redução de números de mão de obra, riscos, barulho, sujeira e confusão, com melhoria na qualidade de trabalho e produto (OLIVEIRA E NEVES, 2020).

 

4.1.3 Redução da Mão de Obra.

Como o trabalho por metro quadrado é mais rápido, o prestador de serviço necessita menos tempo o mesmo serviço quando comparado com a execução em alvenaria.

A produtividade se eleva junto com a qualidade das condições de trabalho, isentas de produtos químicos ou cargas pesadas, reduzindo assim os riscos de acidentes de trabalho.

Deve-se considerar também que equipe envolvida na construção é significativamente menor, impactando na economia dos serviços auxiliares como alojamento, refeitório, higiene (sanitários, chuveiros), equipamentos de segurança etc. (OLIVEIRA E NEVES, 2020).

 

4.1.4 Conforto Termo Acústico.

O sistema drywall apresenta uma camada de ar entre as placas de gesso acartonado, com menor transmissão da energia sonora e maior capacidade de isolamento, possibilitando melhorias com acréscimo de mais placas ou material absorvente (OLIVEIRA E NEVES, 2020).

Tal desempenho satisfatório atende especificações exigentes, como em salas de cinema multiplex em shoppings de todo o país, com suas separações executadas em drywall.

Entretanto, o número exagerado de juntas ou existência de muitos pontos elétricos podem ser prejudiciais ao desempenho da parede (OLIVEIRA E NEVES, 2020).

 

4.1.5 Aumento Da Área Útil.

Quando uma parede de drywall acabada é comparada com uma de alvenaria, obtém-se espessura de 9 cm contra 14 cm de uma parede convencional.

Sendo assim, um ganho de área útil resultado dessa diferença, cerca de 4% em áreas maiores a 10 metros quadrados (NUNES, 2015).

 

4.2 Desvantagens do Drywall.

As desvantagens do sistema são entendidas como limitações, pois o drywall, mesmo por placas RU, não é impermeável.

Existem alguns cuidados que devem ser considerados desde seu projeto, prevendo-se a utilização de tubos flexíveis para as instalações hidráulicas e que minimizem os riscos, como por exemplo, das instalações hidráulicas serem executadas sobre o forro ao invés do interior das divisórias (NOBRE, 2016).

 

4.2.1 Vazamento De Água.

Esta é a principal desvantagem do sistema, pois a parede tem característica oca, que na qual dificulta a localização do vazamento, com a possibilidade de se alastrar por uma grande extensão até que ocorra a sua identificação, podendo causar danos irreparáveis (NOBRE,2016).

 

4.2.2 Umidade Relativa do Ar Permanentemente Elevada no Ambiente.

Em ambientes como sauna, o drywall não pode ser utilizado devido à alta umidade relativa do ar.

O papel cartão usado nas superfícies do drywall, quando submetido a uma atmosfera próxima a de saturação, é propicio ao desenvolvimento de fungos.

Por isso, é recomendável evitar o uso do drywall nestes ambientes, e recorrer a aplicação de pinturas de baixa permeabilidade ao vapor para ambientes úmidos (NOBRE,2016).

 

4.2.3 Divisórias em Banheiros.

O drywall sofre altos riscos de durabilidade quando em contato com box, banheira e bancada de pia, mesmo quando utilizadas as chapas resistentes à umidade RU (NOBRE,2016).

 

4.2.4 Execução das Divisórias.

As divisórias de drywall só devem ser utilizadas após a finalização das paredes externas, cobertura e fechamento dos vãos de janelas.

Tais encontros com paredes externas necessitam de cuidado extra em sua execução, por oferecer riscos de infiltrações de água, e pode-se prever um detalhe com junta de trabalho (NOBRE, 2016).

 

4.2.5 Resíduo Gerado por Gesso.

As perdas no canteiro de obras com relação as chapas de gesso acartonado, segundo a Associação drywall, está entre 3% a 5% do consumo (DUARTE, 2014).

No Brasil, a estimativa da indústria é de 5%, destacando-se retalhos de chapas de gesso acartonado vindos do processo de montagem como parte significativa da geração do resíduo.

Além da modulação da obra, os índices de perdas podem ainda variar conforme a falta de especificação técnica detalhada (DUARTE, 2014).

 

4.2.6 Contaminação do Resíduo de Gesso.

Nos aterros, a presença de resíduos de chapas de gesso acartonado, impactam em função da constituição do gesso e dos aditivos presentes em sua composição; em relação ao papel, desconsidera-se por ser de característica biodegradável.

Como o gesso é solúvel em água, a presença em aterro sanitário traz inúmeros problemas em longo prazo, devido а formação de vazios pela lixiviação do gesso, além de interferir na composição e pH da água e do solo (DUARTE, 2014).

Quando em contato com umidade e em condições anaeróbicas, baixo pH, e presença de ação de bactérias redutoras de sulfatos, o gesso também torna-se suscetível à formação de gás sulfídrico, caracterizado por odor forte, tóxico e inflamável, além dos danos que causa à saúde humana, podendo levar a óbito.

Os resíduos incluem ainda contaminantes diversos como metais, madeira e tinta, originados do processo de construção (DUARTE, 2014).

 

5. RECICLÁVEIS DO DIA-A-DIA.

5.1 Papelão ondulado.

A embalagem de papelão ondulado tem destaque de uso no setor de hortifrutícolas.

Assim, gradativamente vem substituindo as tradicionais caixas de madeira e de plástico, reduzindo as perdas de frutas em função do melhor acolchoamento e por ser totalmente paletizável.

Também oferece melhor aspecto higiênico e evita a proliferação de doenças e a contaminação dos produtos.

O uso de papelão ondulado auxilia à sociedade, direcionando a conscientização e esclarecimento ao usuário da mesma a qual é reciclável, procurando demonstrar a importância que ela possui perante a realidade ambiental que se vive (COSTA, 2005).

De acordo com a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (2003), “as embalagens de papelão ondulado evoluíram bastante e tornaram-se parte integrante do produto.

Naturalmente, a embalagem de papelão ondulado vem tomando o mercado das embalagens”.

A reciclagem de papelão tem aumentado nas grandes cidades brasileiras, fundamental no processo de preservação ambiental e políticas públicas e privadas de sustentabilidade.

Atualmente cerca de 77,4% do papel e papelão produzido já é reciclado, demonstrando um reaproveitamento de 2,24 milhões de toneladas para o consumo.

A reciclagem de papelão é essencial por diversos fatores, denominado como principal impedir que tal material seja descartado na natureza de forma incorreta e vários traga transtornos ambientais, como poluição de rios e lagos, entupimento de bueiros, entre outros (PENSAMENTO VERDE, 2014).

 

5.2 Poliestireno.

O Poliestireno (PS) faz parte do grupo das resinas termoplásticas, que inclui, entre outros, os polietilenos (de alta densidade, baixa densidade, e baixa densidade linear), o polipropileno (PP), o cloreto de polivinila (PVC) e o polietileno tereftalato (PET) (TESSARI, 2006).

Sua produção é responsável por grande parte do consumo de estireno disponível no mercado, cerca de 74% e, após um levantamento da distribuição do EPS direcionado ao segmento no mundo, identificou-se que a construção civil é responsável por grande parte de seu consumo.

O destaque na construção civil provém não apenas por suas características isolantes inerentes ao material, mas por sua leveza, resistência e facilidade de manuseio (TESSARI,2006).

Quando os resíduos plásticos são depositados em lixões, os problemas caracterizados como principais são a queima indevida e sem controle.

Já nos aterros, quando são depositados, ocorre a dificuldade em compactar o lixo, portanto prejudicam a decomposição dos materiais biologicamente degradáveis, devido a criação de camadas impermeáveis que afetam as trocas de líquidos e gases gerados no processo de biodegradação da matéria orgânica (PINTO, 1995).

 

5.3 Óleo de soja.

No grupo de óleos vegetais existentes, o óleo de soja se destaca entre os mais utilizados, devido ao seu baixo custo e alta eficiência em diversos tipos de indústrias, especialmente alimentícia.

De acordo com a ABIOVE (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), cerca de 73,3 % da disponibilidade de óleos vegetais e gorduras no Brasil correspondiam ao óleo de soja, tendo seu consumo impulsionado nas últimas décadas provocando impactos ambientais relacionados ao descarte incorreto em pias, rede de esgotos e até no solo (SANTANA, OLIVEIRA; 2010).

Os óleos vegetais usados em fritura por imersão têm destaque como materiais poluentes.

Os óleos vegetais são universalmente consumidos com a finalidade de preparação de diversos alimentos nos domicílios, estabelecimentos industriais e comerciais de produção de alimentos.

Esses óleos, após a degradação quando submetidos a altas temperaturas, se descartados de maneira imprópria, provocam danos ao meio ambiente, visível quando em contato com a água de rios e lagos, se concentrando na superfície, gerando uma barreira sobrenadante que impossibilita a entrada de luz e oxigênio na água, comprometendo a base da cadeia alimentar aquática; já em contato com o solo, ocorre a impermeabilização do mesmo, impedindo a infiltração de água, contribuindo com problema das enchentes, podendo atingir lençóis freáticos, gerando problemas de higiene, mau cheiro e entupimentos nas redes de esgoto (GHESTI et al, 2012).

A estrutura química das principais moléculas constituintes dos óleos vegetais, os triacilgliceróis (moléculas de propan1,2,3-triol ligadas à três moléculas de ácidos graxos), permitem a realização de diversas sínteses a partir de reações controladas, como a modificação de resinas alquídicas, com grande importância para a indústria de revestimentos orgânicos, além de responsáveis por mais da metade das formulações de tintas e vernizes em todo o mundo (SANTANA, OLIVEIRA; 2010).

Portanto, o óleo de cozinha pode ser utilizado como matéria-prima na fabricação de diversos produtos, como biodiesel, tintas, óleos para engrenagens, sabão, detergentes, entre outros.

A logística reversa do produto pode trazer vantagens e benefícios competitivos, contribuindo em evitar problemas no sistema de tratamento de água e esgotos, e também na degradação ambiental (GODOY,2010).

 

6. AMOSTRAGEM.

6.1 Tipos de amostras.

6.1.2 Estado Sólido:

• Papelão ondulado semi-kraft;

• Poliestireno;

• Limão;

• Laranja.

 

6.1.3 Estado Líquido:

• Óleo de soja usado;

• Água destilada.

 

6.2 Preparo da amostra.

6.2.1 Papelão.

• Secagem: eliminação de umidade;

• Aquecimento à 105 ºC, em estufa elétrica, por 1 hora;

• Acondicionamento sob vácuo, em dessecador de vidro com sílica gel;

• Acondicionamento em saco plástico, fechado com abraçadeira de nylon.

 

6.2.2 Isopor (Poliestireno Expandido).

• Secagem: eliminação de umidade;

• Exposição diretamente ao sol, por 1 hora;

• Acondicionamento em saco plástico, fechado com enforca gato.

 

6.2.3 Limão.

• Extração: remoção da casca da fruta;

• Extração manual das cascas de limões, com auxílio de faca doméstica;

• Acondicionamento em saco plástico, fechado com enforca gato.

 

6.2.4 Laranja.

• Extração: remoção da casca da fruta;

• Extração da casca de 5 laranjas, com auxílio de faca doméstica;

• Acondicionamento em saco plástico, fechado com enforca gato.

 

6.2.5 Óleo de Soja Usado.

• Filtração: remoção de partículas indesejadas, provenientes de outros corpos;

• Filtração em temperatura ambiente, com auxílio de funil e filtro de papel;

• Acondicionamento em garrafa plástica com tampa.

 

6.2.6 Água Destilada.

• Isenta de tratamento preliminar.

 

6.3 Tratamento da amostra.

6.3.1 Papelão Ondulado.

O papelão ondulado, composto por duas capas e miolo tipo semi Kraft obtido a partir de fibras virgens de celulose , na dimensão de 10 x 10 cm, gramatura 430,00 g/m2, espessura 2,78 mm, onda tipo B , foi triturado em liquidificador com objetivo de diminuir o tamanho das partículas, facilitando a dissolução no processo.

Triturou-se cerca de 10 amostras 10 x 10 cm, uma por vez, para obter o material para uso.

 

6.3.2 Poliestireno Expandido.

O poliestireno, de coloração branca, formato tipo flocos, aproximadamente 5 cm, teve seu tamanho reduzido manualmente, para facilitar o uso no processo.

Reduziu-se manualmente cerca de 150 gramas de material para uso.

 

6.3.3 Limão.

As cascas dos limões foram extraídas, com auxílio de faca doméstica, isenta de ponta, com objetivo de obter o composto químico denominado limoneno, presente em frutas cítricas.

 

6.3.4 Laranja.

As cascas das laranjas foram extraídas, com auxílio de faca doméstica, isenta de ponta, com objetivo de obter o composto químico denominado limoneno, presente em frutas cítricas.

 

6.3.5 Óleo De Cozinha Usado.

Não necessitou de preparo.

 

6.3.6 Água Destilada.

Não necessitou de preparo.

 

6.4 Disponibilidade das amostras.

As amostras de papelão ondulado semi Kraft e poliestireno, foram coletadas de recipientes de lixo público, localizados no munícipio de Santo André.

As cascas das laranjas e limões, foram obtidas de compras domésticas, que normalmente são descartadas após a obtenção da polpa da fruta.

O óleo de soja foi obtido após o uso doméstico, em condições de frituras provindas de carne animal.

 

6.5 Métodos.

6.5.1 Destilação Fracionada.

O método utilizado na obtenção do composto químico limoneno foi a destilação fracionada, caracterizada por um processo de separação onde se utiliza uma coluna de fracionamento na qual é possível realizar a separação de diferentes componentes que apresentam propriedades físicas diferentes.

Tal método foi realizado na seguinte na ordem:

- Removeu-se as cascas dos limões e das laranjas para extração da substância denominada limoneno;

- Posteriormente, montou-se o equipamento de destilação fracionada;

- Acrescentou-se ao balão água destilada, papelão ondulado semi Kraft e poliestireno. - Deu-se início a técnica de separação de misturas.

Este método consistiu-se na amostragem em duplicata, a fim de se obter uma melhor estimativa do teor do analito na amostra.

 

6.5.2 Agitação Constante.

O método utilizado para obtenção de resina alquídica curta em óleo foi de agitação constante, com controle de temperatura.

O método de agitação caracteriza-se pelo movimento induzido em um fluido por meios mecânicos em um recipiente, onde o fluido pode circular no recipiente ou apresentar outro padrão de fluxo (SANTANA, OLIVEIRA; 2010).

 

7. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL.

Após o levantamento e busca de conhecimentos, a construção civil é um mercado gigante em nosso país, portanto, optou-se em desenvolver um drywall reciclado, com utilização de materiais que são descartados diariamente, de forma rotineira e muitas vezes incorretas, gerando impactos ao meio ambiente.

 

7.1.1 Síntese do limoneno a partir do limão e laranja e desenvolvimento placa drywall com poliestireno.

Retirou-se as cascas de três limões e cinco laranjas com auxílio de uma faca, para realizar a síntese de extração do limoneno, logo, dissolução do poliestireno expandido.

Realizou-se a montagem de dois equipamentos de destilação fracionada; dentre os processos, ocorre a separação de compostos com volatilidades diferentes.

Ao fim do procedimento retirou-se duas provetas de 50mL, sendo uma com a casca de limão e a outra de laranja, e posteriormente ambas ficaram no processo de descanso por uma semana para que houvesse a decantação dos componentes.

No processo de decantação, notou-se que a base da casca do limão houve uma extração maior de limoneno em comparação a extração realizada a base da laranja, levando em consideração que as duas frutas obtiveram qualidade de acidez distintas.

Acrescentou-se 25 g de poliestireno expandido picado em 10mg de limoneno extraído a partir da casca do limão, onde se dissolveu por completo. Acrescentou-se 100 mL de água destilada, 100 g de papelão triturado e bateu-se toda a mistura no liquidificador até obter uma pasta viscosa.

A partir desta pasta, realizou-se a moldagem manualmente da placa drywall e secagem em estufa elétrica por volta de 80 ºC num período de 48 horas.

Figura 1 - Primeiros testes: material original.

 

7.1.2 Síntese do limoneno a partir do limão e desenvolvimento placa drywall com poliestireno.

Nesta fase, consistiu-se em aumentar a proporção dimensional atingida anteriormente do drywall. Realizou-se novamente o processo de destilação fracionada com a utilização de cascas de cinco limões, onde observou-se um melhor rendimento e eficácia (comparado com a laranja).

Na destilação fracionada foi possível obter 100 mL de limoneno a partir da casca do limão.

Após a decantação, obteve-se 26 mg de limoneno, onde dissolveu-se 70 g de poliestireno expandido e acrescentou-se 200g de papelão triturado com auxílio de liquidificador.

Logo, todos os componentes foram misturados e o produto final foi moldado manualmente, com o auxílio do papel alumínio a fim de prensá-lo para se atingir uma espessura menor.

Levou-se à estufa elétrica a 80°C a fim de realizar secagem da placa de drywall, e se obter um produto consistente e livre de umidade.

Figura 2 - Papelão original.

 

7.1.3 Desenvolvimento placa drywall com resina de poliéster.

Esta fase, tratou-se em otimizar a produção do drywall a fim de produzir de uma forma mais rápida e eficaz, mantendo a qualidade do produto, onde substituiu-se o poliestireno por resina de poliéster.

Com o auxílio de uma proveta graduada, recolheu-se 100 mL de resina de poliéster, acrescentando-se 30 gotas de catalisador, para agir como "agente secante” acelerando, portanto, o processo de secagem.

Por fim, prensou-se uma massa de 100g de papelão triturado a seco, entreposto a resina de poliéster juntamente com o catalisador, durante a moldagem da placa de drywall.

No processo de secagem, observou-se odor forte, persistente, característico da resina de poliéster, tornando-se uma desvantagem nesta fase.

Outra desvantagem observada a partir da utilização desta resina, foi a ocorrência de formação de rupturas e/ou trincas no drywall, tornando -se inviável para utilização no desenvolvimento do drywall reciclado.

Figura 3 - Primeiro teste com a resina.

 

7.1.4 Desenvolvimento placa drywall com resina epóxi.

Esta etapa consistiu em produzir o drywall impermeabilizado com auxílio da resina epóxi, inibindo o odor característico.

Recolheu-se 150 mL de resina de epóxi e acrescentou-se 75 mL de catalisador para acelerar o processo de secagem.

Triturou-se com auxílio de liquidificador 150 g de papelão a seco, onde adicionou-se 20g de poliestireno expandido para que a placa permanecesse impermeabilizada.

Acrescentou-se todos os elementos ao béquer de 500 mL para que fosse homogeneizado igualmente. 

Utilizou-se papel alumínio para moldagem e prensagem, a fim de obter a placa de drywall ligeiramente fina e uniforme.

Após 48 horas, observou-se que a resina epóxi não liberou odor; desse modo, agregou o poliestireno a placa desenvolvida e conseguiu-se impermeabilizar a placa uniformemente.

Desde o acréscimo e experimento das resinas no desenvolvimento da placa de drywall ,observou-se características diversas destacando-se o processo de cura, onde a resina de poliéster demonstrou-se curando (secando em temperatura ambiente) ao longo do tempo, desenvolvendo chances de rachaduras e quebras; enquanto, a resina epóxi uma vez curada e pós curada, manteve suas características físicas e químicas integralmente.

Figura 4 - Processo de cura do drywall (testes).

Figura 5 - Processo de cura da resina epóxi.


7.2 OBTENÇÃO DE RESINA A PARTIR DO ÓLEO DE SOJA USADO E MOLDAGEM FINAL DE DRYWALL.

Devido a pandemia causada pelo COVID-19 que se iniciou durante o processo experimental da obtenção da resina à base de óleo de soja usado, não foi possível obter e verificar a eficácia da resina e realizar todos os testes combinados aos demais elementos do projeto, propostos inicialmente para o desenvolvimento do drywall ecológico.

Até o momento, obteve-se um produto resistente, originando a placa drywall; porém, ela seria testada com resina à base de óleo de soja usado, tornando o projeto sustentável e menos agressivo ao meio ambiente.

Coletou-se informação sobre obtenção de resina a base de óleo de soja de uma análise terceira, extraído dos autores SANTANA, OLIVEIRA; 2010, na qual resultou-se eficaz na obtenção de resina; logo, posteriormente ocorreria sua aplicação juntamente com demais elementos já obtidos.

Na fase de alcoólise (quebra de triacilgliceróis com poliálcool), foram adicionados, a um balão de quatro bocas, 252g de óleo de soja usado de uso doméstico, 78,75g de propan-1,2,3-triol e 1mL de catalisador Liocat 15.

A reação foi controlada durante um período de uma hora e quarenta minutos sob agitação manual constante, atmosfera inerte de gás nitrogênio (N2) e a uma temperatura de 245°C utilizando uma manta térmica.

Após esse período, constatou-se a solubilidade do meio reacional em metanol, caracterizando assim a conversão eficaz dos triacilgliceróis do óleo de soja usado em monoacilgliceróis e diacilgliceróis (SANTANA, OLIVEIRA; 2010).

Na fase final da síntese da resina, a uma temperatura de 120°C, adicionaram-se ao meio reacional 36,75g de pentaeritritol, 231g de anidrido ftálico, 18,9g de propan-1,2,3-triol e 16,9g de xileno.

A reação se estendeu por seis horas sob rigoroso controle de agitação, temperatura de 215°C e atmosfera inerte de gás nitrogênio (N2), até se confirmar, através de titulação de índice de acidez, a formação da resina. Desligou-se, então, a agitação e o aquecimento e, em seguida, diluiu-se a resina com 472,5g de xileno (SANTANA, OLIVEIRA; 2010).

Utilizou-se uma resina alquídica padrão com óleo de soja novo e compararam-se seus valores com os encontrados com a resina alquídica produzida a partir do óleo de soja usado.

O índice de acidez da resina padrão é de 12 ± 3 mgKOH/g e o encontrado foi 13,97; o peso específico deveria compreender uma faixa de variação entre 1,00 ± 0,02 e o encontrado foi 1,005 ± 0,002 o que prova, portanto, que os valores encontrados experimentalmente para a resina alquídica de óleo de soja usados são iguais aos valores de referência da resina alquídica produzida com o óleo de soja novo (SANTANA, OLIVEIRA; 2010).

 

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS.   

Este projeto incentiva, como ponto de partida, uma série de estudos sobre a reciclagem de materiais para uso e aplicação na construção civil, como drywall reciclado.

A metodologia utilizada demonstrou-se eficiente e viável.

A busca crescente por um modelo de desenvolvimento sustentável, principalmente na área de construção civil, faz parte da importância que a sociedade vem dando para o meio ambiente.

A indústria de construção civil compõe um dos pilares de desenvolvimento econômico do nosso país, apesar de contribuir negativamente com diversos impactos ambientais em toda a sua cadeia produtiva, seja ela por produção, transportes, matérias-primas dentre outras.

A construção sustentável, proporciona alternativas como matérias primas renováveis, sustentáveis para utilização, ganhando mercado com as inovações, e deixando de lado materiais e produtos industriais.

A grande maioria dos materiais ecologicamente corretos permite a diminuição da poluição, contaminação do meio ambiente, redução de lixos nas ruas, e até redução nos custos para o consumidor.

A reutilização de materiais descartados no lixo diariamente, que deveriam ser reciclados, demostrou-se fundamental pelo presente projeto, pela importância de sua coleta e reutilização, de forma reciclada, utilizada em conjuntos com material de outras propriedades, criando alternativas sustentáveis e eficientes para a construção civil, de forma a incrementar  a área de construção.

Em função da impossibilidade de complemento de algumas informações, tempo e cenário de pandemia mundial para a conclusão deste projeto, recomenda-se para trabalhos futuros a incorporação de mais dados resultantes dos testes realizados neste trabalho, além de fotos da moldagem da placa drywall obtida com a resina a base de óleo de soja usado, a fim de consolidar a proposta do produto.

 

9. REFERÊNCIAS.

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