sábado, 19 de setembro de 2020

Melhoria na eficiência energética com a utilização de compressores de ar comprimido por meio de inversores de frequência ACS800.

FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 9, Série 19/09, 2020.


Prof. Esp. Marcos Fernandes de Souza.

Graduado em Engenharis de Controle e Automação - UNIABC.
Gradiado em Mecatrônica Industrial - SENAI.
Especialista em Docência do Ensino Superior - SENAI.

Orientador e Líder do Projeto.


Prof. Esp. Vlamir Belfante.

Bhacharel em Direito - UNIA.
Graduado em Tecnologia em Microprocessadores e Automação Industrial - UNIA.
Especialista em Sodtwares de Microcomputadores.


Coorientador do Projeto.



AUTORES: Azevedo, B., Aparecido, B., Almeida, B., Sousa, D., Patrocínio, E., Dias, E., Silva, J., Hashimoto, F., Costa, F., Oliveira, R., Escarazatti, B., Belfante, V., Souza, M.


RESUMO: O presente artigo visa apresentar a aplicação do conceito de eficiência energética em ambiente industrial por meio da utilização de inversor de frequência para economia de energia na produção de ar comprimido dentro de indústria automotiva. Grande parte dos processos produtivos utilizam ar comprimido para funcionamento de apertadeiras manuais, movimento de cilindros pneumáticos em máquinas e outros diversos equipamentos. Apesar de muito eficiente, a produção de ar comprimido demanda uma grande quantidade de energia elétrica consumida pelo compressor; o ligamento e desligamento do compressor é feito por meio de um pressostato a plena carga, não contribuindo, dessa forma, para um melhor aproveitamento da potência do motor. O estudo realizado neste trabalho emprega um inversor de frequência para otimizar um controle de velocidade do motor do compressor. O inversor de frequência é utilizado para melhorar o desempenho de máquinas e equipamentos porque é por meio dele ser possível controlar a velocidade do motor, estabilizar a tensão e evitar picos de corrente de partida. Para verificar a eficiência, analisou-se a produção de energia e eficiência do compressor Atlas-Copco ZR315 com inversor ABB ACS800-04M-0550-05 trabalhando 24 horas por dia com pressão mínima de 3Kgf/cm² e pressão máxima de 8Kgf/cm², com sua atividade máxima atingida durante parte do período produtivo. Por meio da análise do consumo de energia constatou-se que o aproveitamento máximo de energia pode ser atingido, evitando o desperdício do fator de potência e superdimensionamento do equipamento por conta do percentual significativo de aproveitamento do rendimento do equipamento e da sua produção de ar comprimido.

PALAVRAS-CHAVE: eficiência energética, compressores, inversor de frequência.


ABSTRACT: This article aims to present the application of the energy efficiency concept in an industrial environment by using frequency inverters for energy saving in the compressed air production within automotive industry. Production processes uses widely compressed air for manual clamps operation, pneumatic cylinders movement in machines and others sorts of equipment. Although very efficient, compressed air production requires a large amount of electrical energy consumed by the compressor. The compressor is also switched on and off by means of a pressure switch at full load, thus not contributing to a better use of the engine power. The study carried out in this work employs a frequency inverter to optimize the speed control of the compressor motor. The frequency inverter is used to improve the performance of machines and equipment because it allows to control the motor speed, stabilize voltage, and avoid peaks of starting current. In this work, energy production and efficiency of an Atlas-Copco ZR315 compressor with ABB inverter ACS800-04M-0550-05 was evaluated, considering minimum pressure of 3Kgf / cm² and maximum pressure of 8Kgf / cm² by 24 hours a day, reaching its maximum activity during part of the productive period. Through the analysis of energy consumption, it was noted that the maximum use of energy can be achieved, avoiding the waste of the power factor and over-dimensioning of the equipment due to the significant percentage of use of the equipment's performance and its compressed air production.

KEYWORDS: energy efficiency, compressors, frequency inverter.

 

1.    INTRODUÇÃO.

Indústrias ao redor do mundo têm como objetivo a eliminação de desperdício dentro do conjunto dos seus valores e, em sua grande maioria, buscam pela eficiência energética de seus processos. 

Algumas empresas mantêm no seu parque industrial equipamentos mais antigos, porém por serem de boa qualidade construtiva e porque sua substituição não se justificaria pelo alto custo, é de interesse manter essas máquinas funcionando. 

Mesmo equipamentos mais recentes utilizam tecnologia tradicionais baseadas apenas em ligações convencionais por meio de contatores para sua partida. 

Tecnologias mais novas trazem componentes que contribuem para uma melhor eficiência de manobras e controle de motores elétricos, onde um desses componentes é o inversor de frequência, que pode proporcionar uma economia de energia por controlar o motor em várias velocidades. 

Dessa forma, permite a utilização máxima da potência de maquinários por meio de um controle mais eficiente de partida e regulação da potência dos motores instalados.

O Inversor de frequência é um dispositivo eletrônico e programável que, dependendo da aplicação, pode ser adaptado por meio de software às características do compressor. 

Motores muito robustos demandam uma corrente elétrica muito alta e sua partida, quando feita sem cuidados, pode comprometer o motor a longo prazo. 

O controle precisa de velocidade e torque, pois evita picos de correntes e permite uma partida suave e sem sobrecargas. Sem esses problemas é possível aproveitar o máximo de energia com segurança e sem desperdícios. 

Na grande maioria das vezes é utilizado um motor assíncrono de corrente alternada para girar o compressor, pois apresenta algumas vantagens já consagradas como robustez, baixa manutenção, partidas eficazes e custo mais reduzido em comparação a outros motores. 

O inversor possibilita variar a velocidade e a rotação desse motor através do aumento da frequência. 

A primeira etapa é formada por uma ponte retificadora  e capacitores de filtro, conforme a figura 1. 


Figura 1 - Apresentação dos elementos da retificação e filtro, de forma simplificada. Os retificadores (diodos) e filtro capacitivo (capacitor). Nessa figura há ainda um elemento piloto que consiste no resistor R1, de 10K Ohm em série com o led D5.


Se incluirmos os elementos da figura 1, já para a rede trifásica, teremos os diodos retificadores, agora montados com 6 elementos, dado pela indicação (1) e o filtro capacitivo mostrado em (4), da figura 2.

A tensão alternada é retificada e cria o “barramento DC”, funcionando como liga e desliga nos transistores. 

Esses transistores IGBT’s (5) conduzem a corrente que circula pelo motor e geram pulsos que são interpretados como sinais senoidais pela carga indutiva. 

A tensão contínua agora passa a ser uma tensão trifásica que alimenta o motor. 

A forma de onda é quase senoidal e, através dos IGBT’s que funcionam como chaveamento serão determinadas a velocidade a potência aplicada ao motor.


Figura 2 - Diagrama esquemático simplificado de um inversor de frequência.

O dimensionamento do inversor é feito por informações de potência do motor, corrente nominal e fator de potência (FRANCHI, 2008). 

A potência do inversor precisa ser maior que a potência do compressor para não comprometer seu funcionamento. 

A escolha certa do inversor trás benefícios na economia de energia consumida por kWh. 

Assim, o objetivo do presente artigo é apresentar os benefícios e a eficiência energética do uso do inversor de frequência aplicado ao compressor de ar comprimido.

 

2. DESENVOLVIMENTO.

De acordo com Teixeira (2016), nos processos industriais existe geralmente a necessidade de se controlar a velocidade de um determinado tipo de equipamento que, por exemplo, resultaria em uma maior qualidade de certo produto ou, até mesmo em redução do consumo de energia elétrica, demandando somente o necessário à aplicação. 

Dentro dessa linha, as empresas de desenvolvimento de novas técnicas de acionamentos de máquinas rotativas, criaram um equipamento capaz de realizar esse controle de velocidade agregado a diversas aplicações comumente exigidas. 

Esse equipamento versátil e dinâmico é conhecido como Inversor de frequência.

 

2.1 TIPOS DE INVERSORES.

2.1.1Inversores com circuitos intermediários.

O inversor de frequência é utilizado para o controle de velocidade em motores de indução e é constituído basicamente dos seguintes estágios: retificador, filtro e inversor ou barramento CC, conforme mostrado nas figuras 2 e 3. 

É projetado para variação contínua de velocidade, proporcionando uma economia de energia e melhorando o desempenho de máquinas e equipamentos, devido ao controle da velocidade nos processos com redução de frequência e eliminação do pico de corrente na partida do motor.


Figura 3: Funcionamento do inversor de frequência.


O inversor tem como princípio de funcionamento uma ponte retificadora CA/CC composta por diodos, um circuito intermediário em corrente contínua com um banco de capacitores para estabilizar a tensão CC e uma ponte inversora transistorizada do tipo  Bipolar de Porta Isolada (IGBT)[1], para criar a forma de onda com tensão e frequência variável na saída para o motor (Figura 2). 

Outros tipos de semicondutores podem ser utilizados também, tais como GTO, BJT, Mosfet, entre outros (Figuras 4 e 5). 

No inversor de frequência, caso a rotação aplicada ao motor seja menor que sua rotação nominal, sua corrente de entrada será menor que a corrente aplicada ao motor (TEIXEIRA, 2014).


Figura 4 - Comparativo entre os principais dispositivos de chaveamento utilizados na eletrônica de potência.


Figura 5 – Mostra física de um transistor IGBT.


Figura 6 – Circuito equivalente de um transistor IGBT.


2.1.2 Inversores Reguladores Diretos.

Os inversores reguladores diretos, também conhecidos como “ciclo conversores”, são reguladores cuja tensão de comutação é fornecida diretamente pela rede de alimentação. 

São compostos de 6 pontes trifásicas (Figura 6) que aos pares, alimentam cada uma das fases das cargas. 

Cada par de pontes, em cada fase, opera em configuração antiparalela, onde uma ponte fornece a corrente positiva e a outra, a corrente negativa do meio ciclo de uma fase do motor (Figura 4). 

O controle dos pulsos da tensão secundária do transformador determina a tensão de saída, enquanto a frequência é determinada pelos intervalos de mudança da ponte direta para a ponte reversa. 

Este tipo de acionamento é utilizado principalmente onde baixas frequências (0 a 20Hz) são ajustadas continuamente em acionamentos de grandes potências (TEIXEIRA, 2014).


2.1.3 Inversores com modulação por largura de pulsos (PWM).

Segundo Teixeira (2014), o inversor de modulação é usado para se obter uma amostra de sinais a partir de uma onda qualquer. 

Na modulação por largura de pulso (PWM), temos um sinal que consiste em amostras representadas por pulsos de amplitudes fixas e largura proporcional à tensão do sinal no instante da amostragem. 

Basicamente os inversores de frequência que possuem esse tipo de controle podem ser representados da seguinte forma (Figura 7):


Figura 7: Diagrama de blocos do inversor tipo PWM.


Onde:             

I – Ponte retificadora (diodos) de alimentação monofásica ou trifásica.

II – Filtro capacitivo (Elo CC).

III – Inversor constituído de transistores de potência.

 

Na figura 8 pode-se verificar o funcionamento do circuito PWM com a largura do pulso e não no controle da amplitude, como em outros sistemas (FRANCHI, 2008). 

É aproveitada a máxima potência de acordo com a solicitação da operação.


Figura 8 – Formas de ondas de um circuito PWM.


2.1.4 Inversores de controle escalar.

O funcionamento dos inversores com controle escalar se baseia em equações de regime permanente, que utilizam a manutenção da relação U/f constante como lógica de controle. 

Apresentam um desempenho dinâmico limitado e usualmente são empregados em tarefas simples, como controle da partida e da parada e a manutenção da velocidade em um valor constante (regulação). 

No controle escalar é possível uma precisão de velocidade da ordem de até 0.5% da rotação nominal sem variação de carga, e de 3 a 5% com variação de carga de 0 a 100% do torque nominal. 

O principio de funcionamento e aplicação, são utilizados na maioria das vezes motores de indução convencionais sem nenhum sistema de realimentação de velocidade em malha fechada. 

A faixa de variação de velocidade é pequena e da ordem de 1:10 (TEIXEIRA, 2014).


2.1.5 Inversores de controle vetorial.

De acordo com Teixeira (2014), os inversores de controle vetorial se baseiam em equações dinâmicas do motor e possuem como ideia central realizar o desacoplamento entre o controle do fluxo e o controle da velocidade por meio de transformações de variáveis. 

Esta técnica de controle permite aos inversores serem empregados em atividades complexas que exigem grande precisão e rápidas dinâmicas do ponto de vista de controle (OGATA, 2003). 

Nas aplicações de controle vetorial orientado ao fluxo estatórico (sem encoder sersorless) o valor da velocidade necessário para a regulação em malha fechada será estimado pelo inversor através dos parâmetros do motor. 

Baseado nestes valores, calcula-se o fluxo do estator e estima-se o fluxo do rotor.

 

2.1.5 A diferença entre os tipos de inversores.

Nos inversores de frequência escalar e vetorial, o tipo escalar é usado em tarefas mais simples e tem a lógica do controle de velocidade regulada pela relação tensão-frequência constante, enquanto o tipo vetorial é mais complexo, contando com algoritmos inseridos no software de controle que irão alterar a relação entre tensão e frequência para ajustar o torque, conforme a necessidade. 

Portanto, o principal ponto de diferença entre inversor de frequência escalar e vetorial é a capacidade de inversão e, por isso, o inversor de frequência vetorial é usado em aplicações que exigem grande nível de precisão (DE VRIES,1999).


3. SISTEMAS DE COMPRESSÃO.

Segundo Silva Filho (2011), o ar comprimido é utilizado com certa frequência na indústria para suprir sistemas pneumáticos em geral. 

Sua produção é simples, porém tem um custo muito alto, pois demanda o uso de energia elétrica. 

Na indústria, os compressores são responsáveis pela geração de ar comprimido para suprimento de alguns equipamentos e tem resultado em uma excelente fonte para impulsionar motores a ar e martelos pneumáticos, além de puxar ou empurrar materiais ao mesmo tempo de forma eficiente e controlada.

O princípio de funcionamento de um compressor depende da sua característica construtiva. 

Assim, eles podem ser volumétricos e dinâmicos.  

Pode-se dizer que os compressores de maior utilização na indústria são os alternativos, de palheta, de parafuso, de lóbulos, centrífugos e axiais, todos do tipo volumétrico. 

Outros compressores são classificados como dinâmicos ou turbocompressores, que tem como característica principal a presença de dois componentes: impelidor e difusor. 

O impelidor é um componente rotativo onde as pás transferem a energia recebida por um acionador ao gás, possuindo uma componente de transferência de energia na forma de pressão e a outra na forma de velocidade. 

As máquinas volumétricas efetuam o processo de maneira contínua (Figura 9).

O compressor de acionamento mecânico, também conhecido por Compressor Volumétrico, é usado há muito tempo; a Volkswagen já utilizava um compressor centrífugo inventado em França em 1905, a Ford e Toyota usaram um compressor inventado em 1854. 

O compressor volumétrico esteve em desuso comercialmente até que ao final da década de 80 houve um novo impulso por fabricantes como Lancia e Volkswagen, que iniciaram sua aplicação em modelos de grande produção em série. 

Os compressores volumétricos funcionam praticamente do mesmo modo de um Turbo, com uma grande diferença que em Turbo aproveita-se os gases de escape para movimentar a pá do compressor, enquanto compressores volumétricos são acionados por uma correia.

Portanto, através do acionamento da correia o compressor comprime o ar proveniente do “intercooler” (um sistema que faz o resfriamento do ar por meio de dutos ou serpentinas) e introduz esse ar comprimido no interior do cilindro do motor. 

Este mecanismo aumenta significativamente o rendimento do motor.

Como ocorre com os alternadores, os compressores volumétricos são acionados pelo movimento natural do motor, geralmente por uma correia, em outras ocasiões, por uma corrente ou conjunto de engrenagens. 

Giram a uma velocidade de 10.000 a 15.000 rpm, pelo que são muito mais lentos que os turbos. 

A pressão de sobrealimentação está limitada pela velocidade do motor (não é necessária válvula de descarga como nos turbos).


Figura 9Classificação geral dos compressores.


4. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE INVERSORES DE FREQUÊNCIA.

Diante da competitividade e demanda com excelência de qualidade, associados a otimização dos custos operacionais, a indústria foi impelida a aperfeiçoar seu processo produtivo (SILVA FILHO, 2011). 

Neste contexto, inversores de frequência foram incrementados ao processo de variação de velocidade com a função de manter a operação em níveis necessários ao pleno atendimento das demandas, permitindo evitar desperdícios e proporcionando melhor aproveitamento operacional (ROCHA, 2005). 

O uso do inversor de frequência ACS 800 se justifica por representar o percentual mais significativo de economia de energia, aproximadamente 30%, e contribuindo para a redução do desgaste mecânico e da demanda de energia, além da melhoria do fator de potência e automatização do sistema para empresas que buscam um fluxo de caixa com folga, conforme gráfico apresentado na Figura 10,  (OLIVEIRA et al., 2016).


Figura 10: Percentual econômico.


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Em virtude dos dados apresentados, este artigo destaca que a implantação de um inversor de frequência contribui significativamente para a redução do consumo de energia, com excelente aproveitamento da capacidade dos equipamentos de determinada indústria e evitando picos de corrente na partida dos motores.

Constatou-se também que a economia pode ser de até 30%, segundo OLIVEIRA et al (2016), quando utilizado o inversor de frequência na indústria junto ao sistema de compressor de ar. 

Tendo em vista o momento atual, grande parte das empresas, buscam fazer um bom aproveitamento dos seus maquinários e também garantir a eficiência energética de todos eles diante um período de crise, para que dessa forma retorne uma margem de investimento maior para melhorias internas.


6. REFERÊNCIAS.

BRANDÃO, V.  P.; PONTES, R. S; MOREIRA, A. B.; SCHMIDLIN JR, C. R. Simulação do Percentual de Eficiência Energética em um Sistema de Ar Comprimido com acionamento a velocidade variável. Vitória: Anais II Congresso da ABEE 2007 em Vitória - ES, Brasil ABEE e CBEE.

DEL TORO, Vincet. Fundamentos de máquinas elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

DE VRIES, I. D. High power and high frequency class-DE inverters.. Cidade do Cabo: Tese de Doutorado. UNIVERSITY OF CAPE TOWN, 1999.

FRANCHI, Claiton M. Inversor de frequência: teoria e aplicações. São Paulo: Érica, 2008.

OGATA, K. Engenharia de Controle Moderno. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

OLIVEIRA, Elizangela M.; ALVES, Eric F. I.; ARAÚJO, Flávio M.; SEIXAS, Thiago G.; COELHO, Marcel T.; QUINTINO, Luís F.; PIAZZA, Cesar. Eficiência energética em compressor com o uso de inversor. Uberlância: Universidade Federal de Uberlândia, 2016.

ROCHA, N. R. Eficiência Energética em Sistemas de Ar Comprimido. Rio de Janeiro: Manual Prático; Eletrobrás; Procel, 2005.

SILVA FILHO, Francisco L.B. da. Estudo da Eficiência energética no sistema de ar comprimido da unidade V da vicunha. Fortaleza: Monografia de graduação em Engenharia Elétrica. Universidade Federal do Ceará, 2011.

TEIXEIRA, Aldrin. Aplicabilidade e diferenças entre conversores e inversores de frequência em plantas industriais com controle de velocidade. Belo Horizonte: Trabalho de conclusão de curso. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2014.



[1] Do inglês: Insulated Gate Bipolar Transistor




domingo, 30 de agosto de 2020

Editorial - Ano 1 - Volume 8.

FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 8, Série 30/08, 2020.

 

Neste oitavo número, da Revista FAPEN ON-LINE, apresentamos aos leitores dois artigos com resultados de pesquisas desenvolvidas na instituição.

Lembramos que, deste o dia 25 de maio, contamos com a indexação do Latindex e que a publicação possui ISSN.

Portanto, os textos aqui publicados podem ser incluídos no currículo lattes e pontuam em concurso público de ingresso e progressão nas mais diversas áreas.

Pesquisadores, estudantes, professores e demais interessados, da instituição e fora dela, estão convidados a submeter textos ao conselho editorial, com vistas a sua publicação.

Assim, reforçamos o compromisso de divulgar projetos e pesquisas inovadoras desenvolvidos no Pentágono e o convite para submissão de textos.

Desde abril, estamos também abertos à participação de interessados vinculados a outras instituições.

Nesta edição, tivemos a participação do diretor da instituição, Prof. Dr. Carlos Rivera, em parceria com o ex-reitor da USP Prof. Dr. Roberto Lobo e Silva Filho, oferecendo os resultados de investigação em torno das medidas adotadas no ensino básico e superior para gerenciar a crise provocada pela pandemia.

A Profa. Ms. Janaina Barboza Ramos, docente no Colégio e Faculdade Pentagono, colaborou com um excelente artigo sobre analisar o desenvolvimento da ferramenta EBITDA, criada por John Malone, ainda hoje amplamente empregada na área contábil;

 

Para os docentes e estudantes que tencionam seguir estes exemplos e publicar os resultados de suas pesquisas na revista, o editor está disposição para ajudar na formalização do texto, podendo ser contatado através do e-mail da publicação.

Os artigos, ensaios, resenhas de livros ou filmes, noticias e sugestões de pautas devem ser enviados através do e-mail:

fapen.publicacoes@gmail.com

 

Lembramos que a revista é classificada como interdisciplinar e internacional, não possui fins lucrativos e tem periodicidade mensal.

Publica textos em 4 (quatro) segmentos:

 

1. Tecnologias: Projetos de articulação e Inovação;

2. Negócios/Empreendedorismo: Estratégias em Gestão Organizacional;

3. Sustentabilidade: Higiene, Segurança, Ambiente e Responsabilidade Social;

4. Educação e artes: divulgar a produção acadêmica sobre temas de interesse para a pesquisa em educação e artes.

 

A Revista possui expediente formalizado na coluna ao lado direito da tela, um corpo técnico-administrativo formado pelos coordenadores de cursos da faculdade e pelo revisor, um conselho editorial de professores titulados da FAPEN e de outras universidades (visando garantir a isonomia cientifico-acadêmica).

Na mesma coluna ao lado direito, o leitor tem acesso ao Sumário de cada publicação (mês), link de acesso para as normas de publicação e e-mail de contato, formulário de contato, link que permite seguir a publicação através de perfil no Google (possível também através de e-mail cadastrado na revista), acesso ao currículo lattes dos membros do conselho editorial e do corpo técnico-administrativo (clicar na foto correspondente).

 

Os textos mais acessados e o índice de volumes publicados podem ser encontrados na coluna ao lado direito; no rodapé temos o índice de assuntos/ temas publicados e o índice de autores dos textos.

Permitindo fácil localização da temática de interesse dos leitores.

 

Neste oitavo número, foram publicados dois artigos:

 

Artigos:

 

1. Desafios e Soluções para uma Instituição de Ensino na Crise da Covid-19. – de autoria do Prof. Dr. Carlos Rivera, em parceria com o ex-reitor da USP Prof. Dr. Roberto Lobo e Silva Filho.

https://fapenpentagono.blogspot.com/2020/08/desafios-e-solucoes-para-uma.html

 

2. John Malone da TV a Cabo à criação da EBITDA. – de autoria da Profa. Ms. Janaina Barboza Ramos, docente do Colégio e Faculdade Pentágono.

https://fapenpentagono.blogspot.com/2020/08/john-malone-da-tv-cabo-criacao-da-ebitda.html

 

 

Aguardamos novas propostas de colaboração do público interno e externo, as quais serão analisadas pelo editor e conselho editorial.

Convidamos todos a seguir a publicação, clicando no link seguir na coluna ao lado direito, abaixo do sumário.

 

Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

Editor de Publicações FAPEN.




terça-feira, 25 de agosto de 2020

Desafios e Soluções para uma Instituição de Ensino na Crise da Covid-19.

 FAPEN ON-LINE. Ano 1, Volume 8, Série 25/08, 2020.


Prof. Dr. Carlos Rivera. 

Diretor Geral do Colégio e Faculdade Pentágono de Santo André.

Avaliador de Cursos de Graduação do INEP/MEC.

Membro fundador da Rede Latino Americana de Cooperação Universitária - RLCU.

 

Graduado em Engenharia - UMC.

Especialista em Gestão Universitária - Mackenzie.

Mestre e Doutor em Engenharia - Mackenzie.


Prof. Dr. Roberto Lobo e Silva Filho.

 

Professor Sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP.

Diretor do Instituto Lobo.

 

Foi Reitor da Universidade de São Paulo.

 

Graduado em Engenharia Elétrica - PUC/RJ.

Mestre e Doutor em Física pela Purdue University.


RESUMO: Este trabalho analisa as medidas adotadas por uma instituição de ensino básico e superior, cuja gestão decidiu enfrentar os problemas originados pela pandemia do Covid-19 com uma grande mobilização interna, baseada na liderança do Comitê Gestor da Crise e que contou com um apoio de professores e funcionários. Medidas adotadas são relatadas com suas repercussões na vida da Instituição, cujas análises permitiram a montagem de um plano institucional de retomada para os próximos meses.

PALAVRAS-CHAVE: Educação, Pandemia, Gestão de Crise.

 

ABSTRACT: This article analyzes the measures taken by an elementary/high school and higher education institution whose administration decided to face the problems caused by the Covid-19 pandemic with a large internal mobilization based on the leadership of the Crisis Management Committee  which was supported by teachers and staff. The measures adopted are reported with their repercussions on the life of the Institution, whose analysis allowed to establish an institutional recovery plan for the coming months.

KEYWORDS: Education, Pandemic, Crisis Management.

 


1. INTRODUÇÃO.

Instituições de Ensino de todo o mundo passam por um momento delicado, com maior ou menor grau de dificuldade diante da decretação da pandemia do Coronavírus.

Desafiadas por uma situação inesperada, viram-se obrigadas a reorganizar suas operações para enfrentar não apenas os impactos causados pela pandemia, mas, sobretudo, os desdobramentos que surgirão durante o pós-crise.

Este trabalho tem como objetivo específico relatar como uma instituição de ensino, atuante no ensino privado básico e superior, interpretou um cenário crítico, mobilizou suas principais lideranças e conseguiu, de certa forma, otimizar seus recursos durante o enfrentamento dessa crise.

Paralelamente serão apontadas alternativas de soluções para a retomada de suas atividades acadêmicas, paralisadas em razão da Covid19 em 2020.

Pretendemos, com esse relato, contribuir para estudos de casos que envolvam enfrentamento de crises.

A pandemia não será o foco de observação deste relato, mas sim o alto grau de incerteza e singularidade gerado por ela, bem como os eventos indesejados, inesperados e sem precedentes que mexem e geram descrença e angústia com relação ao futuro das instituições.

Portanto, a pandemia gerada pelo Covid-19 será tratada como “crise”.

Embora a palavra crise tenha vários entendimentos, aqui será utilizado o conceito proposto por Rosenthal, Charles e Hart (1989) que define crise como um evento onde há uma ameaça percebida aos valores e funções centrais das organizações e que exige uma resposta imediata.

É exatamente esse o nosso caso, já que, se não tivéssemos respostas rápidas para os problemas que surgissem, a situação poderia desencadear descrenças e incertezas aos corpos docente, discente e técnico administrativo e o risco premente de inviabilidade de nossas atividades.

 

2. A ANÁLISE DA SITUAÇÃO.

O Pentágono é a instituição de ensino objeto desse estudo de caso.

Foi fundada em 1960, na cidade de Santo André, região metropolitana da cidade de São Paulo; atualmente oferece cursos e programas na educação básica e no ensino superior.

A instituição possuía no início do ano, 2.500 estudantes, dos quais 746 frequentam o ensino superior, 123 professores e 69 funcionários técnico-administrativos.

Há alguns anos, a Instituição criou um Comitê Gestor, formado por seus seis diretores e dois membros externos; com o objetivo de pautar decisões e ações das diversas diretorias e auxiliar nas grandes questões da gestão, tendo como princípio fundamental o respeito à missão e aos valores institucionais.

Logo que foi anunciada a interrupção das atividades presenciais em razão da Covid19, a atuação do Comitê Gestor foi ampliada, passando a funcionar como Gabinete de Crise.

Esta ampliação significou uma centralização de todos os dados e informações que chegavam ou saiam da Instituição.

Também houve uma centralização na definição de ações a serem tomadas em função das demandas que surgiam, bem como todo o processo de comunicação com a comunidade acadêmica.

Esta decisão de centralizar acabou configurando um recurso indispensável para o enfrentamento da crise e auxiliando na avaliação de alternativas no período de isolamento.

Algumas instituições concorrentes sinalizaram a antecipação das férias do meio de ano, incentivadas sobretudo pelo Sindicato das Instituições de Ensino, supondo, possivelmente, que esta situação seria resolvida em um curto espaço de tempo.

Internamente, havia uma corrente que defendia esta opção.

Entretanto, a alternativa se mostrou muito simples para uma situação que se vislumbrava como mais complexa, pois foi considerada a possibilidade de que a pandemia pudesse se estender por um tempo maior, podendo fazer haver inclusive perda de vínculo com os estudantes; o que impactaria a Instituição também com provável aumento dos índices de inadimplência, acarretando maior evasão dos alunos.

Caso ocorresse um pico maior de inadimplência, haveria uma situação de comprometimento de fluxo de caixa e dificuldades para cumprir compromissos, inclusive pagamento de salários.

Portanto, a interrupção das atividades acadêmicas se mostrava muito arriscada.

Para um maior entendimento da situação, foi utilizada a análise cruzada do SWOT[i], apoiada pela metodologia do Instituto Lobo de Pesquisa e Gestão Educacional (na qual não há apenas as somas de cada item, mas operações que confrontam numericamente as Forças e Fraquezas com as Oportunidades e Ameaças entre si); pois havia a necessidade de analisar a situação sob a ótica de dois ambientes - internos e externos - para compreender a real situação da Instituição, os meios para o enfrentamento da crise, bem como o estabelecimento de prioridades nas ações, como mostra a Figura 1:

 

Figura 1: Matriz do SWOT com análise cruzada.


Fonte:
 Faculdade Pentágono - FAPEN.


O levantamento das informações para a estruturação da matriz do SWOT contou com a participação dos seis diretores membros que compõe o Comitê Gestor.

Como demonstrado na Figura 1, a equipe de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) seria nossa grande força para dar o suporte necessário às demandas das coordenações, aliada ao corpo docente, uma vez que toda a operação passaria a ser online por um tempo indeterminado.

Além desta equipe, precisaríamos, mais do que nunca, contar com o comprometimento e cooperação do corpo docente.

Com relação à adaptação dos professores ao ambiente online, tínhamos um certo otimismo, pois vínhamos realizando programas de capacitação com atividades mensais nos últimos 4 anos.

Neste sentido, a crise desencadeou uma forma mais rápida de utilização de metodologias apoiadas em tecnologia da informação discutidas nos treinamentos.

O relacionamento entre professor e estudante apareceu no SWOT como uma força importante, sendo fundamental valorizar e apoiar ainda mais o corpo docente neste momento.

Os pontos que deveriam merecer mais atenção do Comitê Gestor, segundo a matriz SWOT, estariam centrados, de um lado, no tratamento das reclamações e, de outro, na comunicação com os diferentes grupos acadêmicos e técnico-administrativos que compõem a Instituição.

Considerando que a Instituição não dispõe de reservas financeiras para este tipo de situação - segunda maior fraqueza -, a gestão financeira, mais do que nunca, teria um papel fundamental para sustentar as operações e, entre elas, o controle da inadimplência seria fundamental.

No desdobramento da análise da matriz SWOT, obteve-se um posicionamento estratégico no limite inferior de equilíbrio, quando consideradas as forças e as fraquezas em relação aos seus impactos nas oportunidades e ameaças, para o enfrentamento da crise.

Para a melhoria deste indicador seria necessária, obrigatoriamente, a ampliação da capacidade ofensiva e a potencialização das áreas de domínio da Instituição.

Um dado que se mostrou preocupante foi a capacidade defensiva, uma vez que as ameaças poderiam fragilizar sobremaneira a Instituição.

Isto foi sentido logo no início da crise, quando surgiu um movimento político propondo a diminuição das mensalidades por meio da possível aprovação de projetos de lei, tanto na Assembleia do Estado como na Câmara dos Deputados.

A Instituição precisou enfrentar estas possibilidades de risco e criar barreiras contra as ameaças, como, por exemplo, abrir a todos os estudantes o percentual dos custos de cada alínea do orçamento, bem como focar no tratamento das reclamações.

Este movimento político acabou gerando, como será visto mais adiante, um forte aumento da inadimplência em 30 dias, já no segundo mês de paralisação.

A análise mais apurada da matriz apontou, também, para a necessidade de correção rápida de alguns problemas internos, uma vez que as debilidades deixavam a nossa situação desconfortável.

Isto significou, por exemplo, uma atenção maior no detalhamento dos comunicados a professores e estudantes.

Prevendo um cenário desfavorável do ponto de vista econômico, decidiu-se pela interrupção dos investimentos programados e pela não captação de empréstimos bancários para efetuar o pagamento de salários.

Foi levantado o histórico de gasto com pessoal e o Comitê Gestor assumiu o compromisso de dedicar 60% das receitas para esta finalidade, independentemente dos índices de inadimplência.

Após essas definições, todos os professores e funcionários foram informados sobre a possibilidade da ocorrência de variações salariais pela possível perda de receitas e, caso isto se concretizasse, seriam utilizados os dados históricos para garantir a proporcionalidade.

Esta comunicação auxiliou na conscientização de professores e funcionários de que seus salários estavam estreitamente vinculados ao grau de satisfação dos estudantes, refletido no pagamento das mensalidades.

Com certeza, caso ocorresse, essa não seria uma situação confortável, mas era o sacrifício coletivo necessário, uma vez que foi decidido também que ninguém seria demitido.

No comunicado, houve uma sugestão de cautela na programação de gastos e assunção de dívidas pessoais.

 

3. A INADIMPLÊNCIA.

A inadimplência é uma velha companheira das instituições de ensino, necessitando de gerenciamento constantemente.

Há três anos foi organizado no Pentágono um setor específico de crédito e cobrança e, desde o ano de 2019, foi iniciado um trabalho com cronogramas e procedimentos sistematizados definidos pelo Comitê Gestor e oficializado na forma de Procedimento Operacional Padrão (POP).

A Instituição tem utilizado o sistema acadêmico como apoio à prevenção da inadimplência, bem como ações cotidianas de cobrança, ciente é claro de que ainda haverá sempre espaço para melhorias.

Possuía um seguro contratado com uma das maiores seguradoras do mercado, a fim de cobrir situações de perda de renda do responsável financeiro e para situações de desemprego que possam impactar o pagamento das mensalidades.

Foi feita a opção por este sistema, sobretudo em razão da análise do perfil dos nossos estudantes.

Em situações de sinistro, achávamos que bastaria comunicar a instituição financeira e enviar a documentação exigida.

Entretanto, quando surgiu a crise, para nossa surpresa, foi verificada a existência de uma cláusula específica nos contratos (que achamos que nunca seria usada) que impede o acionamento do seguro em casos de guerra, desastres naturais e pandemia.

Portanto, este seguro não poderia, infelizmente, ser utilizado.

Em razão disso, realizamos um levantamento dos valores pagos à seguradora e confrontamos com o recebido até aquela data, cuja análise identificou uma situação financeiramente desfavorável para nossa Instituição.

Ficou decidido que seria revista a necessidade ou conveniência de manter o seguro e suas condições.

Na prática, nesse momento, a solução do uso do seguro para atenuar a inadimplência premente verificou-se inviável.

Nosso monitoramento dos índices de inadimplência é baseado em cinco pontos de medição: no mês corrente, em 30, 60, 90 dias e ao final do ano.

Quando o Comitê Gestor se reúne toda segunda-feira pela manhã, estes dados são apresentados, analisados e comparados.

A inadimplência de 30 dias possui um impacto nos compromissos de curto prazo, afetando diretamente o fluxo de caixa da Instituição e, por esta razão, vamos aprofundar sua análise no gráfico da Figura 2.

 

Figura 2: Gráfico comparativo da inadimplência de 30 dias - 2019/2020.


Fonte: 
Faculdade Pentágono - FAPEN.

 

No início do período letivo, os dados eram mais favoráveis quando comparados ao mesmo período do ano anterior, ou seja, os resultados eram promissores para 2020.

Entretanto, de fevereiro para março foi observado um processo crescente da inadimplência de 30 dias, tendo seu pico de 18,99% alcançado entre 4 e 8 de maio.

Posteriormente, houve uma queda e no mês de junho o índice praticamente recuperou-se, mantendo o patamar do ano de 2019.

A ação da equipe de cobrança, na manutenção rigorosa dos procedimentos anteriormente descritos na forma de POP, juntamente com a rápida resposta à comunidade no detalhamento do orçamento, justificando e demostrando a impossibilidade na concessão de descontos, geraram os resultados demonstrados no gráfico da Figura 2, o que foi considerado como demonstração do sucesso das estratégias gerais que já vínhamos adotamos.

Uma forte hipótese é que este crescimento da inadimplência de 30 dias esteja vinculado, sobretudo, à expectativa dos estudantes em receber descontos nas mensalidades.

Foi neste período que alguns políticos apresentaram projetos de lei, já mencionados, para que as instituições de ensino fossem obrigadas a conceder descontos nas mensalidades.

Isto pode ser observado pelo monitoramento das reclamações na forma de e-mails ou manifestações nas redes sociais.

Um fato como este revela o risco de certas notícias prematuras gerarem crises desnecessárias no setor de serviços.

 

4. A EVASÃO.

Do ponto de vista da evasão, foram observadas duas situações distintas: no ensino básico, embora tenha havido um número significativo de reclamações, não houve grande impacto no comportamento das transferências, conforme apontam os números da Tabela 1.

 

Tabela 1: Evasão no nosso Ensino Básico e Superior - 2019 /2020.


Fonte:
 Colégio e Faculdade Pentágono.


Um aspecto a ser observado como positivo foi a estabilidade - em cerca de 1,5%  -  da evasão no ensino básico.

Logo que surgiram as primeiras solicitações de descontos, com a alegação de que nossas despesas operacionais estavam mais aliviadas pela ausência dos estudantes no campus, preparamos uma comunicação a todos os responsáveis financeiros, detalhando a composição orçamentária da instituição.

Paralelamente, à medida em que sofríamos críticas nas redes sociais, fomos nos posicionando e, com isto, as reclamações caíram paulatinamente.

É possível inferir que o baixo índice de evasão neste segmento, com um quadro mais favorável a este ano de pandemia, esteja vinculado, além da pronta resposta às reclamações, às dificuldades de mobilidade estudantil; em função do fechamento das escolas e ainda ao fato de os competidores não ofereceram soluções ou alternativas que viessem a seduzir os nossos estudantes para uma transferência.

No ensino superior, a evasão observada no mesmo período praticamente dobrou, passando de 4,9% para 9,3%. Houve um aumento da evasão em todos os cursos oferecidos pela Instituição.

Este aumento significativo, nos índices de evasão, pode indicar, na análise feita pelo Comitê Gestor, um adiamento no projeto de ensino superior do estudante ou ainda um questionamento sobre suas prioridades.

Outra questão determinante é o fato de o próprio estudante assumir os custos com sua formação e, ainda, muitos trabalharem de forma autônoma; tendo muitos destes, em razão da pandemia, perdido suas fontes de renda.

 

Figura 3: Motivação declarada pelos estudantes do ensino superior para a evasão - 2019 /2020.


Fonte:
 Faculdade Pentágono - FAPEN.

 

Como havíamos previsto no SWOT, quando analisadas as causas da evasão declaradas pelos alunos, houve um aumento considerável da evasão motivada por problemas financeiros; passando de 19,0% em 2019 para 42,7% em 2020, índices apontados na tabela anterior, conforme Figura 3.

 

5. AS PREOCUPAÇÕES COM A APRENDIZAGEM.

Com os estudantes impedidos de desenvolver atividades presenciais, a partir de março, a Instituição aumentou seu foco na busca de alternativas para o atendimento às necessidades impostas pelo planejamento acadêmico do período letivo; discutindo, testando e implementando metodologias de ensino que, em curto espaço de tempo, tinham que ser disponibilizadas aos estudantes.

Foram fornecidas aulas virtuais e orientação aos estudos em casa.

Entretanto, a Instituição não dispõe de mecanismos que possa garantir, com precisão, a eficácia do trabalho desenvolvido, considerando que a maioria dos estudantes e professores não possui experiência com educação à distância e que existem dificuldades de acesso à tecnologia em muitas casas.

Como apontam Harris e Larsen (s.d), além dos desafios educacionais, nos deparamos também com problemas mais amplos para os estudantes e o entorno de suas famílias, incluindo a crise econômica, perda ou diminuição de renda e a ameaça à saúde.

Em resumo, o tempo prolongado de isolamento, possivelmente afetou e afetará de maneira negativa o desempenho dos estudantes e esse impacto será difícil dimensionar.

Ficou decidido que haveria a realização de um levantamento com os estudantes do ensino superior no mês de junho, com o objetivo de verificar suas percepções e sentimentos com relação a algumas questões que precisariam ser respondidas no retorno das atividades presenciais.

Foi organizado um questionário em formato digital e as respostas dos estudantes foram feitas online.

Os resultados estão resumidos na Figura 4.

 

Figura 4: Resumo de percepções e sentimentos dos estudantes do ensino superior sobre as atividades durante a pandemia até junho de 2020.


Fonte:
 Faculdade Pentágono - FAPEN.

 

A Figura 4 mostra que se confirmaram as suspeitas iniciais.

Antes, porém, é importante destacar o reconhecimento dos estudantes com relação ao engajamento do corpo docente (100% de percepção positiva), cuja importância havia sido detectada na análise SWOT.

Positivo também é o reconhecimento de que, mesmo à distância, os alunos sentiram que sua carga de estudos aumentou.

Os resultados apontam, entretanto, que praticamente dois terços dos estudantes sinalizaram que sentiram perdas de aprendizagem e esta questão se apresenta como crítica, até porque há pouco histórico de monitoramento para concluir qual o percentual de perda que esta situação pode gerar para o desempenho adequado do corpo discente.

Junto com a equipe acadêmica, já havia sido levantado que essa situação impactaria em perdas e atrasos educacionais não somente neste ano, mas também em anos futuros.

Embora as interrupções decorrentes da pandemia não tenham precedentes, há algumas pesquisas existentes sobre os impactos da falta da escola devido ao absenteísmo, férias de meio de ano e encerramentos de período letivo que podem fornecer algumas pistas e dar condições de projetarmos possíveis perdas de aprendizagem devido a essa situação.

Pesquisas anteriores sobre o tempo em que os alunos passam fora da escola são úteis, dada à importância de se prever o impacto da pandemia no desempenho de curto e longo prazo.

Segundo o National Bureau of Economic Research of Massachusetts (GOODMAN, 2014), o estudante americano médio fica ausente por mais de duas semanas em cada ano escolar devido à queda de neve.

De acordo com as pesquisas de Joshua Goodman, (2014), cada ausência induzida pelo mau tempo reduz o aprendizado de matemática em 5%.

Após discussão com as coordenações, foi decidido que todo o planejamento para o segundo semestre e para o ano de 2021 precisará ser revisto.

Para tentar estimar as perdas, foi realizada, na segunda quinzena de junho, uma matriz avaliativa, em que os professores elaboraram uma avaliação diagnóstica abrangendo os conceitos básicos, essenciais e acessórios de suas disciplinas, tendo como referência o plano de ensino.

Estes resultados subsidiarão o replanejamento para a recuperação das perdas acadêmicas.

Outro ponto que chamou a atenção, no levantamento com os estudantes, foi o fato de 32,5% não se declararem aptos emocionalmente para a crise.

O isolamento dos estudantes, causado pela pandemia possui aspectos adicionais de trauma para como a perda de recursos e de oportunidade de aprendizado que vão muito além do que podemos monitorar.

Os estudantes com recursos financeiros, empregos estáveis e flexibilidade no trabalho; certamente terão mais facilidade do que aqueles que pagam aluguel, trabalham de forma autônoma, com redução de salários e mais afetados pela situação econômica.

Recentemente, a ONG americana Education Trust (2020) realizou uma pesquisa com os pais de estudantes da Califórnia e de Nova York e descobriu que níveis elevados de estresse para famílias (pais e filhos) devem continuar por um tempo, ainda indefinido; devido à incerteza econômica e à perda de emprego, temores com relação ao vírus, com risco de vida e o impacto psicológico dos problemas sociais, isolamento e perturbações da vida cotidiana.

Pesquisas sugerem que o impacto das interrupções escolares após desastres naturais no desenvolvimento do aluno foi duradouro, com alguns deles continuando a mostrar sofrimento psicológico e problemas de concentração por vários anos ainda.

Fato demonstrado no trabalho desenvolvido por Jacqui Duncan (2016) para a Canterbury Primary Principals' Association, sobre os efeitos do terremoto ocorrido na Nova Zelândia em 2016.

Há que se destacar também o alto grau de reconhecimento pelos educandos de suas dificuldades em administrar o tempo (89,2%), competência que as escolas precisam se empenhar em desenvolver em seus alunos, tanto para sua vida pessoal e profissional.

A falta dos colegas (88,5%) sentida pela grande maioria dos alunos pesquisados é um demonstrativo de que o ensino virtual jamais substituirá a necessária experiência de convivência social, entre os alunos e desses com os professores, por mais que se valorize e se possa usar bem as ferramentas de ensino a distancia.

A geração da internet se ressente, mesmo ela, da convivência com colegas e professores, decorrente da presença física nas escolas e de aulas práticas (56,5%) que exigem sua presença na Instituição.

A crise da pandemia também deixou claro que as atividades de educação a distância precisam ser incorporadas e aprimoradas, de modo a fazerem parte do cotidiano dos alunos, na sua melhor forma e com todo o seu potencial, complementando ou substituindo com qualidade e sempre que necessário e desejável, parte das atividades presenciais.

 

6. A PREPARAÇÃO PARA O RETORNO.

Mesmo que os estudos, até agora desenvolvidos, apontem para impactos potenciais na vida e na aprendizagem dos alunos (com base em diferentes suposições feitas sobre a situação atual); pensar em como lidar com o problema pode auxiliar na formulação de estratégias e ações para o acolhimento dos estudantes no retorno às atividades presenciais.

É possível que o retorno das atividades presenciais necessite de um escalonamento para evitar aglomerações e, consequentemente, diminuir os riscos de contaminação.

Caso esta situação se configure, considerando que dois terços dos estudantes declararam ter tido perda de aprendizagem (conforme demonstrado na Figura 4), daremos preferência ao retorno presencial deste grupo, como também daqueles que apresentaram dificuldade de acesso por falta de recursos tecnológicos.

A alternativa do escalonamento está sendo discutida em diversas instituições.

O Massachusetts Institute of Technology (2020), em seu MIT News Office de 17 de junho, após analisar várias opções - indo desde a presença de todos os estudantes de graduação no campus a um curso totalmente online -, sinalizou que o retorno deveria ser escalonado.

Considerando o aspecto de biossegurança, foi estruturada uma equipe que se encarregou de preparar um documento denominado Plano de Retorno das Atividades Presenciais, cujo lema é: “A sua saúde depende dos meus hábitos e a minha depende dos seus”.

Este documento, organizado na forma de protocolos, tem por objetivo sinalizar ações sanitárias preventivas e incentivar mudanças de hábitos sociais que possam baixar os riscos de contaminação e evitar a disseminação do vírus entre estudantes, funcionários, colaboradores, prestadores de serviços e parceiros.

Quanto aos aspectos acadêmicos, em discussão com toda a equipe de coordenação, foram considerados cinco pontos importantes para que os impactos desta parada compulsória possam ser atenuados neste e nos próximos anos:

 

Primeiro:

Os docentes, expondo sua privacidade, transferiram parte do ambiente da aula para suas casas, muito embora alguns não possuíssem recursos tecnológicos adequados, bem como experiência em instruções online.

Este conjunto, vinculado às novas demandas surgidas pela direção, coordenação e estudantes, pode ter afetado emocionalmente o professor.

Portanto, é de suma importância proporcionar oportunidades de apoio psicoemocional prévio, respaldando os docentes para a retomada dos trabalhos presenciais.

 

Segundo:

A partir da premissa de que haverá perdas e atrasos substanciais de aprendizagem, será necessário, na medida do possível, garantir que os estudantes assimilem os conceitos básicos e essenciais de cada disciplina.

Os resultados da avaliação diagnóstica são essenciais para que, coordenadores e professores, tenham em mãos informações suficientes para discutir como será o replanejamento para os dois próximos anos.

 

Terceiro:

É provável que os estudantes retornem com diferenças mais acentuadas em suas habilidades acadêmicas do que em circunstâncias normais, de acordo com o estudo de Harris e Larsen (2014).

Percebemos também, em nossas capacitações e discussões com os professores, a dificuldade de boa parte do corpo docente em trabalhar com turmas heterogêneas.

O que possivelmente afetará a capacidade de alguns em se adaptar e às suas aulas para atender às necessidades dos estudantes.

Portanto, será preciso considerar a necessidade de preparar os professores e discutir alternativas de aprendizagem individualizada.

 

Quarto:

Historicamente - segundo Cooper, Charlton, Lindsay e Greathouse (1996) -, há perdas escolares no retorno das férias dos estudantes.

No entanto, o que os alunos terão que recuperar, após o retorno às atividades presencias, provavelmente será maior devido à crise da pandemia.

Será importante criar situações com os estudantes para determinar as taxas de crescimento necessárias, visando alcançar e estabelecer metas de aprendizado para o restante deste ano.

Nestas ações, deverão ser incluídas alternativas de apoio à aprendizagem para os alunos mais afetados pelo fechamento temporário da Instituição, com a utilização dos estagiários e de plataformas digitais, à semelhança das utilizadas durante a crise.

 

Quinto:

A Instituição, na medida do possível, disponibilizará suporte e orientação para coordenadores e professores, para que os estudantes consigam assimilar as atividades acadêmicas remotamente.

Há uma variável também determinante no processo de aprendizagem que é o bem-estar emocional. 

A compreensão desses impactos e a melhor forma de apoiar as necessidades sociais e emocionais do corpo discente no pós-crise será essencial.

Neste sentido, será estruturado um programa de capacitação ao corpo docente para dar suporte psicoemocional a estes estudantes.

 

7. REFERÊNCIAS.

COOPER, H. et al.  The effects of summer vacation on achievement test scores: A narrative and meta-analytic review. Review of Educational Research, 66, 227-268, 1996.

DUNCAN, J. CPPA Inquiry into the Ministry of Education’s post-earthquake response for education in Christchurch, Canterbury Primary Principals Association. New Zealand, 2016.

EUA. Massachusetts Institute of Technology. MIT News Office, Massachusetts de 17 de junho de 2020.

EUA. The Education Trust. COVID-19: Impact on education equity: Resources and responses. USA, 2020. Disponível em https://edtrust.org/covid-19-impact-on-education-equityresources-responding/ Acesso em 03 de junho de 2020.

GOODMAN, J. Flaking Out: Student Absences and Snow Days as Disruptions of Instructional Time. National Bureau of Economic Research of Massachusetts, NBER Working Paper No. 20221, Massachusetts, 2014.

HARRIS, D. e LARSEN, M. The effects of the New Orleans post-Katrina market-based school reforms on medium-term student outcomes. Education Research Alliance for New Orleans. Disponível em https://educationresearchalliancenola.org/files/publications/Harris-Larsen-ReformEffects-2019-08-01.p. Acesso em 03 de junho de 2020.

ROSENTHAL, CHARLES e HART. Coping with Crises: The Management of disasters, riots and Terrorism. C.C Thomas, the University of Michigan. 1989.





[i] SWOT é a sigla formada pelas iniciais em inglês das palavras: Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças).