segunda-feira, 15 de março de 2021

A Declaração Universal do Direitos Humanos e sua importância contemporânea.

FAPEN ON-LINE. Ano 2, Volume 3, Série 15/03, 2021.


Profa. Eliane Santos Moreira.

Bacharel Licenciada em Ciências Sociais - CUFSA.

Bacharel em Direito - USJ (Unimonte).



RESUMO: Contemporaneamente, episódios de violência, no Brasil e no mundo, tornaram-se corriqueiros e foram banalizados, muitos praticados por representantes do Estado, que deveriam zelar pela segurança dos cidadãos, ou por colaboradores diretos e/ou indiretos de empresas. O que demonstra a necessidade nos debruçarmos sobre o âmago das garantias representadas pelos Direitos Humanos de forma a demonstrar sua importância para formação e consolidação de sociedades mais justas. Portanto, pretendemos demonstrar que, apesar do senso comum acreditar que os Direitos Humanos são uma invenção para proteger minorias; configuram o reconhecimento de que, em meio às diferenças, existem aspectos básicos da vida humana que devem ser respeitados e garantidos; independente de classe social, raça, nacionalidade, religião, cultura, profissão, gênero, orientação sexual e qualquer outra variante possível que possa diferenciar as pessoas.

PALAVRAS-CHAVE: Direitos Humanos, Garantias Jurídicas, Justiça Social.

 

ABSTRACT: Contemporaneously, episodes of violence, in Brazil and around the world, have become commonplace and have been trivialized, many of them practiced by representatives of the State, who control to ensure the safety of citizens, or by direct and/or indirect employees of companies. This demonstrates the need to focus on the core of the guarantees represented by Human Rights in order to demonstrate their importance for the formation and consolidation of fairer societies. Therefore, we intend to demonstrate that, despite common sense believing that Human Rights are an invention to protect minorities; they configure the recognition that, amidst the differences, there are basic aspects of human life that must be respected and guaranteed; regardless of social class, race, nationality, religion, culture, profession, gender, sexual orientation and any other possible variant that may differentiate people.

KEYWORDS: Human Rights, Legal Guarantees, Social Justice.

 

 

1. INTRODUÇÃO.  

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, já completou 70 anos, desde proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, estabeleceu, pela primeira vez, a proteção universal a todas as pessoas, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, religião ou qualquer outra condição.

Desde seu estabelecimento, foi adotada por praticamente todos os países do mundo, traduzida em mais de 500 idiomas e inspirou as Constituições de muitos Estados.

As normativas dos Direitos Humanos, em âmbito geral e aplicado ao contexto particularizado nos mais diversos casos, é atualmente a garantia primeira de tratamento digno e justo estendido a todos indistintamente.

Quando a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos como ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tenha sempre presente a necessidade de realizar um esforço coletivo para o bem da humanidade; iniciou um processo de promoção do respeito a um conjunto de direitos e liberdades.

Razão pela qual é necessário conhecer o seu amigo, de forma que fique demonstrada sua importância contemporânea para a sociedade, os indivíduos a vida cotidiana e as corporações no mundo globalizado.

Assim, procuraremos oferecer um breve estudo analítico, vislumbrado pelo instrumental da Sociologia e do Direito, do teor e extensão deste importante instrumento jurídico.

 

2. A COMPOSIÇÃO E TEOR DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL.

A assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos aconteceu em 10 de dezembro de 1948, a partir da Resolução de número 217 da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Caracterizou-se pela criação do movimento moderno dos direitos estendidos a todos os seres humanos, sem distinção.

Votaram a favor 40 países, abstiveram-se 8, entre os quais África do Sul, Arábia Saudita, Bielo Rússia, Iugoslávia, Polônia, Tchecoslováquia, Ucrânia e União Soviética.

O art. 1º assegura que “todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos, [sendo] dotados de razão e consciência (...) devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.

O documento apresenta a chamada cidadania universal e tem por objetivo proteger direitos fundamentais de todos os seres humanos, sejam eles homens ou mulheres, crianças ou idosos, letrados ou ignorantes.

Uma vez que se destina a todas as pessoas do mundo, basta ser humano para ser titular destes direitos.

Ao longo de 30 artigos se desdobram normas de caráter exemplificativo, que agregam direitos que não podem ser suprimidos, mas podem ser elevados de acordo com a evolução da sociedade.

A Declaração consolida a afirmação de uma ética mundial para os valores relativos aos direitos humanos.

Nomeadamente, as diretrizes estabelecidas pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, conforme transcrição literal, envolvem:

 

Artigo 1.

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

 

Artigo 2.

1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

 

Artigo 3.

Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

 

Artigo 4.

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.

 

Artigo 5.

Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

 

Artigo 6.

Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.

 

Artigo 7.

Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

 

Artigo 8.

Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

 

Artigo 9.

Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

 

Artigo 10.

Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

 

Artigo 11.

1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

 

Artigo 12.

Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

 

Artigo 13.

1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.

2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio e a esse regressar.

 

Artigo 14.

1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.

2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

 

Artigo 15.

1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

 

Artigo 16.

1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.

2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.

 

Artigo 17.

1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

 

Artigo 18.

Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.

 

Artigo 19.

Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

 

Artigo 20.

1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica.

2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

 

Artigo 21.

1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

 

Artigo 22.

Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

 

Artigo 23.

1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.

 

Artigo 24.

Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.

 

Artigo 25.

1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

 

Artigo 26.

1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.

2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

 

Artigo 27.

1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios.

2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literária ou artística da qual seja autor.

 

Artigo 28.

Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

 

Artigo 29.

1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.

2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.

3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

 

Artigo 30.

Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

 

3. A NATUREZA JURÍDICA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS.

No plano internacional, a Declaração Universal representa um evento extraordinário, tal como foi a Revolução Francesa, que elevou o patamar de súditos para cidadãos.

Trata de direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais, registrando um avanço considerável, elencando direitos e liberdades fundamentais, que a Carta de São Francisco apenas havia feito referência genérica.

Entretanto, diferente dos demais tratados internacionais da ONU sobre Direitos Humanos, a Declaração não é um tratado, do ponto de vista formal é uma Resolução não impositiva e, portanto, jamais passou pelo processo de ratificação típico dos tratados internacionais.

Sua natureza é vinculante, sendo incontroverso para os estudiosos jurídicos nacionais e internacionais, bem como na jurisprudência de diversas cortes supremas espalhadas pelo mundo, inclusive internamente, pois constantemente o Supremo Tribunal Federal cita a Declaração como fundamento de suas decisões.

No direito Internacional, suas regras são consideradas normas indispensáveis, que nenhum Estado pode deixar de observar.

Visto que passou a ter importância internacional, sendo instituída e idealizada no panorama dos governados e dos Estados Nacionais soberanos e independentes, mas integrados a um mundo cada vez mais globalizado.

A Declaração estabeleceu como meta um conjunto amplo de direitos aplicáveis a todos os povos do mundo.

O soberano, ou o Estado, deixou de ser o personagem central para dar lugar a qualidade de tratamento a todas as pessoas, o cerne de todas as atenções e a singularidade passou a ser considerado a complexidade humana reunida em sociedades diversificadas.

 

4. A IMPORTÂNCIA DOS DIREITOS HUMANOS PARA CADA PESSOA.

É destacado no preambulo da Declaração o contexto da dignidade da pessoa humana como base fundamental da liberdade, justiça e da paz no mundo.

A seguir é determinado como são os direitos fundamentais diante das necessidades primordiais, não importando as diferenças.

A fragmentação entre as liberdades públicas e os Direitos Sociais, ficam evidentes no art. 1º ao 21º, admitidos como caráter universal os Direitos Civis e Políticos, sendo os Direitos Sociais localizados entre os art. 22º e 27º.

Dentre os Direitos Civis e Políticos, destaca-se o direito à vida e a liberdade, (art. 3º), a igualdade de todos perante a lei (art. 2º e 7º), a liberdade de expressão (art.19), o direito a intimidade (art. 11), a presunção de inocência (art. 9º), a liberdade de associação (art. 20º) e a liberdade de religião (art. 18º).

Os Direitos Sociais foram amparados de forma discreta, sendo assegurado o direito ao trabalho, ao repouso, ao lazer, a segurança social e a educação; impondo como obrigatório e gratuita a educação elementar, uma vez que representa a defesa da sociedade meritocrática o acesso à educação superior.

Em suma, a Declaração Universal dos Direitos Humanos se tornou um marco importante para a história, a partir do qual os Direitos Humanos passaram a ser entendidos como universais e indivisíveis.

Visto que extensivo a todos na forma de um todo harmônico que se integra para proteger, em todos os aspectos, a dignidade da pessoa humana.

O Sistema Global dos Direitos Humanos completou-se apenas em 1966, com a adoção de dois novos tratados internacionais: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

Mais adiante, outros documentos de igual alcance foram ampliados com adoção de tratados e convenções relativas a violações especificas, como genocídio e tortura.

 

5. AS DIFICULDADES ENFRENTADAS PARA IMPOSIÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS EM ÂMBITO INTERNACIONAL.

O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, sofreu certa morosidade a respeito do processo de ratificação dos países envolvidos, pois, a partir de então, cada Estado membro passou a estar obrigado a informar medidas legislativas, administrativas e judiciarias adotadas para implementar os direitos enunciados.

Em virtude do caráter não vinculante que a Declaração possuía, no dia seguinte a sua proclamação começaram os trabalhos efetivos sobre Direitos Humanos, de forma que todas as ordenações fossem disciplinadas e inseridas também na estrutura jurídica interna de cada país membro da ONU.

Esse processo durou alguns anos, em virtude de divergências decorrentes do contexto histórico da época, evolvendo a chamada Guerra Fria, com a disputa entre o mundo capitalista e liberal liderado pelos EUA e o mundo socialista liderado pela União Soviética.

Resultou na instituição de dois tratados distintos: o Pacto Interacional pelos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional de Direitos Sociais e Culturais.

A discordância entre os países ocidentais e os países do bloco socialista estava fixada na autocomposição dos direitos que viessem a ser reconhecidos.

Os países ocidentais entendiam que os direitos civis e políticos eram autoaplicáveis, enquanto os Direitos Sociais, Econômicos e Culturais eram pragmáticos, necessitando de implementação posterior e progressiva.

Já o bloco socialista entendia que a finalidade maior do Estado, deveria ser promover a igualdade entre cidadãos, mesmo que para isso fosse necessário privá-los de alguns dos Direitos Civis e Políticos.

Impunha o que chamava de pacto aceitável, já que só assinaria o acordo se tivesse normas de garantias sociais impostas como um dever do Estado.

A ONU, por sua vez, continuou reafirmando a indivisibilidade e a unidade dos Direitos Humanos, pois os direitos civis e políticos só existem de fato se os direitos sociais, econômicos e culturais estiverem presentes e vice-versa.

O Pacto dos Direitos Civis e Políticos começou a ser formulado em 1948, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, mas foi concluído apenas em 1966.

Uma vez finalizado, restava obter o número de ratificações em vigor, o que só aconteceu em 1976.

Este não só gerou deveres com maior detalhamento, como ainda estendeu normas, tornando-se mais impositivo aos países membros.

O Pacto pode ser dividido, quanto à disposição dos artigos, em duas seções.

A primeira elenca uma série de direitos fundamentais, restritos à esfera civil e política, e a segunda enumera os dispositivos referentes ao mecanismo normativo, isto é, de monitoramento a sua implementação.

O Brasil só ratificou ao acordo após a redemocratização, quando a Constituição de 1988 incorporou suas determinações, visto que o país já não acreditava na divisão do mundo capitalista e socialista.

O seu propósito era tornar juridicamente viável os dispositivos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, ajustando-se a atribuição de responsabilização internacional, tentando superar a ideia propagandeada no mundo ocidental de que tais direitos teriam caráter simplesmente programático.

Entre os direitos econômicos, sociais e culturais, o Pacto incluiu a garantia ao trabalho e a justa remuneração, o direito a formar e associar-se a sindicatos, o direito a um nível de vida adequado e a educação, o direito das crianças de não serem exploradas e o direito a participação na vida cultural em comunidade.

Para ser opor a ideia de que os Direitos Humanos eram programáticos, estabeleceu-se a realização progressiva dos direitos sociais, sendo resultado do conjunto de medidas econômicos e técnicas do Estado, por meio de um planejamento efetivo com intuito de alcançar a gradual concretização da evolução social, o que foi ratificado no Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

Segue uma amostra da Declaração em seu artigo 2º, item 1º:

Cada Estado parte no presente Pacto compromete-se a adotar medidas, tanto por esforço próprio como pela assistência e cooperação internacionais, principalmente nos planos econômicos e técnicos, até o máximo de seus recursos disponíveis, que visem a assegurar, progressivamente, por todos os meios apropriados, o pleno exercício no presente Pacto, incluído, em particular, a adoção de medidas legislativas.

 

Os direitos previstos no Pacto são exigíveis e fazem parte das garantias fundamentais da pessoa humana, portanto, são interdependentes e indivisíveis, independentemente da sua natureza.

Entretanto, é evidente que na comunidade internacional existe um comportamento condescendente, diante das violações dos direitos sociais, econômicos e culturais; por isso mesmo devem ser reivindicados a todo momento e, constantemente, a todo custo.

 

6. A EXTENSÂO PROTETIVA DESTINADA A IMPEDIR GENOCÍDIOS.

O grande complexo de proteção internacional dos Direitos Humanos, que teria lugar na segunda metade do século XX; surgiu com a Carta de São Francisco, que criou a ONU.

Estruturou-se sob a forte influência da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e se consolidou com dois pactos assinados no mesmo dia (16 de dezembro de 1966): o Pacto Internacional dos Direitos Civis e o Pacto Internacional de Direitos Políticos.

Ambos entraram em vigor em 23 de maio de 1976, após os membros terem depositado os instrumentos de ratificação.

Não obstante, devemos notar que as atrocidades cometidas na Primeira e Segunda Guerra Mundial marcaram o desenvolvimento conceitual e jurídico dos Direitos Humanos, alterando o panorama global em vários sentidos.

A Convenção para a Prevenção e Representação do Genocídio foi instituída em seguida ao término da Segunda Guerra, respondendo a descoberta de um dos maiores genocídios já existente no mundo: o Holocausto dos judeus e de outras minorias pela Alemanha Nazista.

O objetivo central era articular a comunidade internacional para evitar que um novo genocídio se repetisse.

O genocídio, nos termos da Convenção, é o conjunto de atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico ou religioso; podendo incluir assassinatos ou atentados graves a integridade física e mental.

Medidas destinadas a impedir os nascimentos no interior do grupo ou a transferência das crianças nascidas em um grupo para outro, também são reputadas ao genocídio.

Assim como a tentativa de destruir grupos sociais, como, por exemplo, a perseguição e destruição de um grupo por sua opção sexual.

O crime de genocídio é de competência do Tribunal Penal Internacional, criado pelo tratado de Roma.

O artigo 7º afirma que genocídio e seus atos correlatos, ou seja, incitação, tentativa, cumplicidade e outros atos que promovem o ódio e suas consequências; não podem ser vistos como crimes políticos, de forma a evitar a extração do indivíduo acusado de tal crime.

 

7. A EXTENSÂO PROTETIVA ÀS MULHERES.

Agora tratemos de conhecer um pouco sobre a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, assinado na ONU em 1979 e ratificada pelo Brasil em 1984.

Seu fundamento se desdobra na missão de erradicar e, ao mesmo tempo, garantir a igualdade entre os gêneros.

Para a convenção, nos termos do seu art. 1º, a discriminação contra a mulher é caracterizada por toda a distinção, exclusão ou restrição, calcada no sexo; que tenha por finalidade ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, não importando o seu estado civil; com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais nos campos políticos, econômicos, social ou que qualquer outro campo.

Existe também clara preocupação com os direitos reprodutivos das mulheres, devendo estar sob seu próprio controle, sendo assegurada sua decisão livre e benéfica, no tocante ao acesso as oportunidades sociais e econômicas.

A Convenção também atenta para as diferenças biológicas, que podem afastam e tornar distintas as habilidades entre os gêneros, devendo ser ajustadas para promover o equilíbrio de direitos e oportunidades.

Os Estados membros assumiram um compromisso formal de submissão a Convenção, devendo, portanto, criar políticas públicas e medidas como ações afirmativas, visando acelerar o processo de obtenção da igualdade, tornando efetivas as suas intenções.

Tais medidas devem existir até que se alcance o equilíbrio social entre os gêneros, uma realidade ainda distante no Brasil atual.

 

8. A EXTENSÂO PROTETIVA CONTRA TODAS AS FORMAS DE DISCIRMINAÇÃO.

A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, a partir de 1965, passou a tratar da sombra do ressurgimento dos movimentos nazifacistas, vistos como um desafio difícil a ser vencido, integrando o denominado Sistema Especial de Proteção dos Direitos Humanos.

Ao contrário do Sistema Geral, que se destina a qualquer pessoa no mundo, o Sistema Especial de Proteção dos Direitos Humanos pretende proteger um ser humano específico com direito concreto violado, isto é, pessoa vulnerável que sofre uma exposição demasiadamente negativa, por meio de um processo contínuo e estrutural que a excluí, como exemplo a etnia.

Não obstante, a promoção ao respeito universal dos Direitos Humanos, sem a discriminação de raça, sexo, idioma ou religião; são princípios basilares confirmados nesta Convenção, mas presentes também na Declaração Universal.

É importante esclarecer que biologicamente a ciência afirma que todas as pessoas do mundo estão dentro da mesma raça, em outras palavras, da raça humana.

Logo, o conceito de raça é algo socialmente construído ao logo da história, refere-se a designação da etnia.

Superado este ponto, a Convenção, em seu art. 1º, destaca que a discriminação; pautada na raça, cor, descendência ou origem nacional; que aliena o ofendido de gozar de respeito, direitos e oportunidades; deve ser punida.

Reprimir a discriminação é dever de todos os Estados membros da ONU e da sociedade, utilizando instrumentos normativos e ações afirmativas para reparar danos históricos e gerar um futuro socialmente harmonioso.

No caso do Brasil, houve a adoção do programa de cotas raciais como medida paliativa, um meio de promover o acesso ao ensino superior para negros, pardos e indígenas.

Este é um exemplo de ação afirmativa, uma medida positiva aplicada para aliviar e remediar as condições resultantes de um passado discriminatório, no caso brasileiro envolvendo 300 anos de escravidão colonial.

Obviamente, a promoção da igualdade de tratamento deveria pautar-se também por investimentos na educação e na cultura, como forma de aniquilar a estrutura da discriminação racial, o que não acontece no contexto brasileiro atual, que registra constantes tentativas de reduzir verbas públicas neste setor.

Por fim, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, aborda a erradicação da discriminação pautada na raça, tendo por finalidade proibir qualquer incitamento ao ódio e seu fundamento, baseado na ideia de superioridade racial.

No ordenamento jurídico brasileiro este ponto está incorporado na Constituição de 1988 e na legislação penal.

 

9. A EXTENSÂO PROTETIVA CONTRA A TORTURA.

No âmbito dos Direitos Humanos, a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, refere-se aos diversos tipos de violação de Direitos Humanos.

Tortura é muito provavelmente o que mais repugna a consciência ética contemporânea, daí ser considerado um segmento de extrema relevância para a comunidade internacional.

A seguir uma breve amostra de uma das normativas desta Convenção:

 

Artigo 1º O termo “tortura” designa qualquer ato pelo qual dores oi sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela  de terceira pessoa, informações e confissões; de castiga-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência.

 

Além de definir o conceito de tortura, a Convenção ainda prevê a punição para aqueles que o cometerem e constitui um Comitê Contra a Tortura, o qual tem por finalidade analisar e fiscalizar a proteção contra esse crime nos diversos Estados membros da ONU.

De acordo com a Convenção não se pode alegar a prática de tortura como meio atípico diante de determinadas circunstâncias, sejam quais forem, mesmo em caso de guerra ou instabilidade interna.

Os Estados membros da ONU possuem a obrigação de implementar, internamente, medidas eficazes de caráter legislativo, administrativo, judicial para punir a tortura, tipificando em sua legislação penal esta transgressão internacional.

 

10. A EXTENSÂO PROTETIVA ÀS CRIANÇAS.

A Convenção sobre os Direitos das Crianças levou 40 anos para ser aprovada e implementada, resultando de intenso debate, concluída somente em 1989.

No entanto, representou um grande avanço, pois reconheceu a criança como um sujeito com direitos, cujas opiniões devem ser ouvidas e respeitadas.

Este é o documento com mais capacidade mobilizadora desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos, demonstrado pelo primeiro objetivo, no caso, conscientizar sobre a necessidade de medidas concretas para que os direitos consagrados neste instrumento possam ser consubstanciados.

A convecção é composta de preambulo e 54 artigos e dispositivos, divididos em três partes, em que regulamenta os direitos da criança, estabelece o órgão e a forma de monitoramento de implementação e as posições regulamentares do próprio instrumento.

O preambulo explicita a base jurídica da Convenção, definido também a sua filosofia, ao afirmar que a criança deve; por um lado, “crescer no seio de sua família, em um ambiente de felicidade, amor e compreensão”; e por outro, ser preparada para vida em sociedade.

A Convenção sobre os Direitos das Crianças, garantiu direitos como: liberdade de expressão de pensamento e de consciência e de crença, de modo que seja levada em conta a evolução da capacidade mental.

Além do direito a proteção e assistência especial do Estado e de existência dentro do melhor padrão de vida possível.

Avanços significativos nos direitos das crianças foi representado pela garantia de pensão alimentícia, acesso a educação, proteção contra o uso ilícito de drogas, proteção contra a intolerância econômica e contra o desempenho de qualquer trabalho que possa interferir no desenvolvimento físico e mental.

Ficou estabelecido que a criança não pode ser separada ou retirada de seu ambiente familiar contra a vontade de seus pais, exceto se sofrer maus-tratos ou quando a família não zelar pelo seu bem-estar.

Isso ocorrendo, o aplicador do direito deve verificar se a separação é do interesse superior da criança.

Em caso de separação, a criança tem o direito de escolher com quem quer ficar, quer seja pai, mãe ou avôs.

Quando a criança fizer parte de minorias étnicas, linguísticas ou de origem indígena, não lhe deve ser negado o direito de professar suas crenças e costumes.

Deve-se notar que a convecção prevê mais direitos direcionados, exclusivamente, as crianças, todos tendo por finalidade garantir um presente sadio e um futuro promissor, pensando sempre em medidas protetivas.

 

11. CONCLUSÃO.

Em linhas gerais, quando observamos a Declaração Universal dos Direitos Humanos, nota-se que, ao longo dos 70 anos desde sua promulgação, muitos avanços já foram conquistados, mas é importante reforçar que ainda existem muitos problemas sociais que ferem condições básicas do ser humano.

Cada um de nós tem muito a fazer para colaborar para implementação de suas intenções, exercendo a cidadania para pressionar o Estado a projetar leis melhores, que realmente protejam os que são desiguais em oportunidades.

Vivenciamos todos os Direitos Humanos, embora seus referenciais parecem distantes do cotidiano, aparentemente vinculados com a esfera jurídica, como é o caso do direito a um julgamento justo, o direito de estar presente em um tribunal, de ter sua inocência presumida até que o contrário seja comprovado, de ter o direito de defesa com assistida por um advogado e de não testemunhar contra si mesmo.

Os Direitos Humanos se encaixam em diversas situações do nosso cotidiano. Razão pela qual, garantir os direitos do outro, representa a garantia dos próprios direitos.

Não há como construir uma sociedade melhor sem que esteja sustentada pelos pilares dos Direitos Humanos.

Ao passo que nossas ações individuais, os valores presentes em nosso imaginário, fazem parte do conjunto de princípios que guiam a nossa evolução em sociedade, perpassam pelos conceitos e fundamentos básicos dos Direitos Humanos.

No entanto, apesar de todos os avanços e conquistas, alguns desafios persistem, principalmente quando pensamos na forma de vida de muitas pessoas ao redor do mundo, que infelizmente não possuem condições mínimas e adequadas para ter uma vida digna.

O maior desafio, portanto, é justamente a sua aplicação na prática.

O ser humano ainda está em evolução, o conhecimento a respeito de seus direitos pode e deve ser aprimorado, especialmente em seus aspectos coletivos, vivenciando a prática dos Direitos Humanos no dia a dia, nas pequenas ações.

É por isso que devemos nos atentar a respeito de nossos direitos e garantias, buscando meios e instrumentos para exigir do Poder Público defenda e proteja a todos, sem distinção, conforme assegura o Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos, fazendo o nosso papel como cidadãos.

Só assim as garantias serão efetivadas para todos, sem distinção.

 

12. REFERÊNCIAS.

COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2010. [Disponivel na biblioteca virtual]

BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Ética, Educação, Cidadania e Direitos Humanos. São Paulo: Manole, 2004.

BOBBIO, Norberto. Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 2004.

ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. São Paulo: Universidade de São Paulo - Biblioteca Virtual de Direitos Humanos, 1975. <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Declara%C3%A7%C3%A3o-Universal-dos-Direitos-Humanos/declaracao-universal-dos-direitos-humanos.html> Acesso em 01 de fevereiro de 2021.

SIQUEIRA JUNIOR, Paulo Hamilton. Direitos Humanos: liberdades públicas e cidadania. São Paulo: Saraiva, 2016.




segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

A Importância da neuropsicopedagogia nas práticas da educação inclusiva.

FAPEN ON-LINE. Ano 2, Volume 2, Série 15/02, 2021.


Prof. Esp. Daniel Rodrigues de Lima.

Graduado em História - UNIASSELVI.

Especialista em Ensino de História - FETREMIS.

Especialista em Gestão e Tutoria em EAD - UNIASSELVI.

Mestrando em História (UFAM).

Professor de História do Colégio FAMETRO (Manaus-AM).


Profa. Maria Zélia de Alencar de Andrade.

Orientadora Educacional e Neuropsicopedagoga

do Colégio FAMETRO (Manaus-AM).



RESUMO: Na sociedade globalizada e diversa novas formas de ensinar e aprender podem e devem fazer parte do cotidiano escolar, sendo assim, propõe-se a seguinte pesquisa com a presente temática: "A Importância Da Neuropsicopedagogia Nas Práticas Da Educação Inclusiva”. Os objetivos a alcançar nas páginas que seguem são: Compreender as contribuições que a Neuropsicopedagogia pode possibilitar às práticas de ensinar e aprender na Educação Inclusiva. Além disso, conceituar brevemente acerca do que vem a ser a Neuropsicopedagia e a Educação Inclusiva e identificar a relação ou interação existente entre a Neuropsicopedagogia e a Educação Inclusiva. A metodologia utilizada para a elaboração da pesquisa foi uma revisão bibliográfica. Por fim, a neuropsicopedagogia é um campo novo de estudos que está aberto a novos conhecimentos, e consequentemente, pode contribuir de forma eficiente eficaz com a educação inclusiva, possibilitando que o ato de aprender possa atingir a todos, respeitando os ritmos e formas próprias de aprender de cada um de nós.

PALAVRAS-CHAVE: Neuropsicopedagogia, Aprendizagem, Inclusão.

 

ABSTRACT: In a globalized and diverse society, new ways of teaching and learning can and should be part of the school routine, therefore, we propose the following research with the present theme: “The Importance of Neuropsychopedagogy in Inclusive Education Practices”. The objectives to be achieved in the pages that follow are: Understand the contributions that Neuropsychopedagogy can make possible to the practices of teaching and learning in Inclusive Education. In addition, briefly conceptualize what Neuropsychopedagogy and Inclusive Education become and identify the relationship or interaction between Neuropsychopedagogy and Inclusive Education. The methodology used for the elaboration of the research was a bibliographic review. Finally, neuropsychopedagogy is a new field of studies that is open to new knowledge, and consequently, it can contribute efficiently to inclusive education, enabling the act of learning to reach everyone, respecting the rhythms and ways of learn from each of us.

KEYWORDS: Neuropsychopedagogy, Learning, Inclusion.

 

1. INTRODUÇÃO.  

Na sociedade globalizada e diversa novas formas de ensinar e aprender podem e devem fazer parte do cotidiano escolar, sendo assim, propõe-se a seguinte pesquisa com a presente temática: “A Importância Da Neuropsicopedagogia Nas Práticas Da Educação Inclusiva”.

A escolha do tema ocorre devido se acreditar que a Neuropsicopedagogia pode trazer contribuições de maneira eficiente e eficaz, possibilitando a melhoria da Educação e, especialmente,  o desenvolvimento da inclusão.

Haja vista, que a Neuropsicopedagogia orienta seus estudos acerca de ensinar e aprender nos seres humanos, levando em consideração diversos aspectos inerentes a este processo como: o funcionamento do cérebro, a cognição, a metacognição, emoções, afetos, sentimentos, sinestesia, além de questões ambientais e socioculturais.

Além disso, no trabalho com a educação Inclusiva que desenvolvemos em uma Instituição da rede privada de ensino no Estado do Amazonas, percebe-se muito a melhorar no que diz respeito as práticas de inclusivas, principalmente, em relação aos processos de ensino e aprendizado de indivíduos com deficiências, distúrbios ou algum tipo de transtornos.

O objetivo é compreender as contribuições que a Neuropsicopedagogia pode possibilitar às práticas de pedagógicas na Educação Inclusiva.

Além disso, pretende-se conceituar brevemente a Neuropsicopedagia e a Educação Inclusiva, identificando a relação ou interação existente entre ambas.

Esta conceituação se faz necessária no sentido de aperfeiçoar, desenvolver e contribuir com a promoção de ações, que produzam situações de ensinar e aprender, respeitando a diversidade e o ritmo dos indivíduos.

As discussões aqui são apresentadas são fruto de pesquisa e leitura de artigos disponibilizados na rede mundial de computadores, em que um destaques consiste em documento técnico produzido pela Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp).

Neste, nota do parecer técnico-profissional da instituição representativa de número 01 do ano de 2016, trata de questões como atuação do neuropsicopedagogo em âmbito institucional e clínico, principalmente, como ator que pode contribuir para as ações em Educação Inclusiva.

Outro artigo de extrema relevância é de Vitor Fonseca (2014), intitulado “Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica”.

O autor desenvolve análises sobre como ocorre a aprendizagem a partir das funções citadas no título do artigo, além de conceituar cada uma das funções e direcionar sua importância no processo de aprender.

Entre outros artigos que consultamos, detaca-se “A neuroeducação e suas contribuições e às práticas pedagógicas contemporâneas”, de autoria de Callina dos Santos e Késila Sousa.

As autoras desenvolveram pesquisa sobre as contribuições que a neuroeducação pode trazer a práticas e ação educativa na atualidade, estabelecendo uma relação intrínseca com a neuropsicopedagogia.

A obra “Educação Inclusiva” de Marlei Floriani (2017) nos fornece conceitos sobre a temática, além de trazer discussão pertinente sobre as presentes nomenclaturas como: exclusão, segregação, inclusão, educação especial e educação inclusiva.

Estas são algumas das muitas contribuições que tivemos em nossa revisão de bibliografia, apenas mencionamos algumas, mas outros autores e suas respectivas obras mantiveram diálogo conosco em nossa pesquisa.

 

2. O QUE É NEUROPSICOPEDAGOGIA?

A Neuropsicopedagogia é uma ciência interdisciplinar, transdisciplinar e multidisciplinar, envolve em seus estudos conhecimentos das neurociências, psicologia e da pedagogia.

Em que no código de ética e técnico profissional nº 03/2014, elaborado pela Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia, em seu artigo de número 10, tem-se o seguinte:

Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociência aplicada à educação, com interfaces da Psicologia e Pedagogia que tem como objeto formal de estudo a relação entre cérebro e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e escolar. (SBNPp, 2014, p.06)

 

Diante disso, utilizando saberes específicos das áreas que compõe a neuropsicopedagogia, de acordo com Ana Lúcia Hennemann, pode-se evidenciar que:

FERNANDEZ (2010) aponta para três pontos elucidativos da Neuropsicopedagogia, abordada por Suárez: 1º Educação; 2º Psicologia e 3º Neuropsicologia. Educação no intuito de promover a instrução, o treinamento e a educação dos cidadãos. A Psicologia com os aspectos psicológicos do indivíduo. E, finalmente, a Neuropsicologia com a teoria do cérebro trino, sendo que aqui oportunizou a teoria das múltiplas inteligências, propostas por Gardner. (HENNEMANN, 2012, p.06)

 

Sendo assim, a Neuropsicopedagogia busca evidenciar os conhecimentos relativos ao cérebro e como este tem papel preponderante no ato de aprender, através das funções cognitivas, conativas e executivas, ou seja:

Em síntese, a neuropsicopedagogia procura reunir e integrar os estudos do desenvolvimento das estruturas, das funções e das disfunções do cérebro, ao mesmo tempo que estuda os processos psicocognitivos responsáveis pela aprendizagem e os processos psicopedagógicos responsáveis pelo ensino. (FONSECA, 2014, p.236)

 

Além disso, proporciona a compreensão que cada indivíduo, devido sua diversidade e individualidade, possui maneiras e ritmos próprios no ato de aprender.

A neuropsicopedagogia é uma investigação da otimização e melhoramento máximo da aprendizagem em humana, estabelecendo diversos ritmos e formas de aprender.

A neurociência e o funcionamento do cérebro, mostrar que o sistema nervoso está associado a diversas funções, como: movimento, sentimentos, emoções, pensamento.

Assim, desenvolve a plasticidade do sistema nervoso através dos circuitos neurais que se metamorfoseiam constantemente e, portanto:

[...] essa nova área de neuropedagogia concede maior relevância ao conhecimento de que a aprendizagem se fundamenta nos processos cerebrais, e que os resultados cognitivos se ampliam paralelamente ao desenvolvimento humano. Ainda nessa ideia, ‘a proposta de neuroeducação é a de investigar as condições nas quais a aprendizagem humana pode ser otimizada ao máximo.’ (idem, p.23) pode-se observar que a relação da ciência cerebral com a aprendizagem é fundamental nessa relação contribuindo com entendimentos válidos na prática docente. (LIMA, 2016, p.01-02)

 

A neuropsicopedagogia deve com seus estudos auxiliar na promoção de novas práticas de ensinar e aprender, com isso, pode ser excelente parceira de uma educação que pretende ser cada dia mais inclusiva e diversa, em que:

Através dos conhecimentos neuropsicopedagógicos existe a possibilidade de entender como se processa o desenvolvimento de aprendizagem de cada indivíduo, proporcionando-lhe melhoras nas perspectivas educacionais e dessa forma desmistificar a ideia de que a aprendizagem não ocorre para alguns; na verdade sempre acontecerá a aprendizagem, entretanto para uns ela vem acompanhada de muita estimulação, atividades diferenciadas, respeitando o ritmo de desenvolvimento do indivíduo. (HENNEMANN, 2012, p.04)

 

A neuropsicopedagogia possibilita o entendimento do desenvolvimento e dos diversos ritmos de aprendizagem nos indivíduos, salienta que todos aprendem, uns com menos estímulos outros com muitas estimulações, sempre respeitando os ritmos e motivações individuais.

Assim, pode-se propor uma educação democrática com sua utilização como referência, ou seja, sem exclusão ou segregação, portanto inclusiva.

 

3. BREVE CONCEITUAÇÂO SOBRE EDUCAÇÃO INCLUSIVA.

Deve-se salientar que mesmo com a inclusão escolar sendo pauta das discussões e tendo legislação ampla na realidade brasileira, ainda muito pouco tem se demonstrado na prática.

Diante disso, cabe propor um breve entendimento conceitual sobre o vem a ser a Educação Inclusiva.

Faz-se necessário compreender que a educação de pessoas com algum grau de deficiência, distúrbios e transtornos teve várias nomenclaturas ao longo dos anos e com diversas práticas estabelecidas.

Podemos elencar os seguintes termos nessa longa caminhada: exclusão, segregação, integração e inclusão.

Segundo Marlei Floriani (2017, p.45):

 

“[...] Exclusão: ocorre quando separamos os alunos com necessidades especiais, não considerando a diversidade e limitando a participação de todos.

Segregação: ocorre quando as crianças com necessidades especiais são isoladas e separadas em grupos, em instituições de atendimento especializado, sem frequentar a escola comum.

Integração: insere o aluno no contexto escolar, mas não inclui. Trata-se do aluno especial na educação.

Inclusão: Considera a diversidade e as necessidades de todos os alunos, garantindo acesso, a permanência e a participação deles em salas de aulas comuns.”

 

É importante compreender que o conceito de Educação Especial é diferente do de educação Inclusiva, de acordo com Floriani (2017, p.45), a educação Especial “trata-se do atendimento do aluno especial em instituições especializadas”, ou seja, ocorre a integração, mas não inclusão.

No que tange ao que vem ser a Educação Inclusiva, o autor informa: “trata-se da inclusão de alunos com necessidades especiais em escolas comuns”, dessa forma, é estabelecida justiça social, onde considera a garantia de todos no processo educacional, sem segregar e nem excluir, permitindo a inserção e sociabilidade efetiva.

Cabe a todos os profissionais inseridos na educação lutar por uma escola com práticas inclusivas e democráticas, compreendendo que todos tem direito a aprender, devendo ser respeitados suas particularidades e individualidades.

Portanto, acredita-se que a neuropsicopedagogia e a educação Inclusiva podem valorizar e promover, nos indivíduos, a aprendizagem significativa, respeitando a diversidade dos sujeitos envolvidos no processo educativos.

 

4. A RELAÇÃO DA NEUROPSICOPEDAGOGIA COM A EDUCAÇÃO INCLUSIVA.

No contexto da educação no mundo contemporâneo, o casamento entre Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva se faz mais que obrigatório, pois acabam se complementando, chegando a possuir um caráter intrínseco, em que ambas buscam o entendimento que todos devem e podem aprender.

 

No campo interventivo, a neuropsicopedagogia despontou como campo epistemológico do saber, advindo da leitura integrada entre pedagogia, psicologia, neuropsicologia, psicopedagogia e trabalho clínico. Sua contribuição se dá pela relação estabelecida entre o cérebro e a aprendizagem, como vias dúbias no processo cognitivo. Seus estudos abrangem um vasto conhecimento das bases neurológicas da aprendizagem e do comportamento humano, por meio de estímulos contextuais que deem respostas positivas ao processo de formação do indivíduo, tomando como foco as relações intrínsecas entre atenção, funções motoras, linguagem, memória, cognição e aspectos emocionais, psicológicos e cerebrais. Ela busca ainda, compreender o processo cognitivo do sujeito aprendente, desde os primeiros anos de vida, seus impasses e as principais implicações na aprendizagem humana. (LIMA, 2017, p.80)

 

Sendo assim, a neuropsicopedagogia como campo de estudos busca promover cada vez mais conhecimentos que proporcionem a inclusão de sujeitos com deficiência, distúrbios ou transtornos, não só no âmbito escolar, mas na sociedade como um todo.

 

Nesta atual conjuntura o neuropsicopedagogo é de grande importância, pois, está assegurando as perspectivas inferidas em lei trabalha no cerne cognitivo, no desejo e na vontade de aprender melhorando e ampliando habilidades e talentos latentes, desenvolve o atendimento e avaliação que objetivam identificar as dificuldades que

estão prejudicando o aprendizado fluindo sem entraves, oferecendo ferramentas de auto-superação cognitiva, intelectual e emocional contribuindo com a crescente autoconfiança e motivação para o aprendizado. (BORGES, 2016, p.08)

 

A neuropsicopedagogia tem sua relação com educação Inclusiva, pois proporciona atendimento e avaliação, melhoramento e superação de dificuldades cognitivas, intelectuais e emocionais no processo de aprender e ensinar na educação inclusiva.

Entende-se que os profissionais da neuropsicopedagogia devem estar incluídos nos quadros profissionais da escola inclusiva para que atuem em prol de educação justa e não discriminatória, em que Hennemann informa:

 

Segundo Beauclair (2014), os especialistas em Neuropsicopedagogia são instruídos para: compreender o papel do cérebro nas relações complexas dos neurocognitivos e a sua inserção na aplicação de estratégias em diversos âmbitos sociais; na intervenção do desenvolvimento humano do sujeito aprendente; Ampliar na capacidade de intervir em novos produtos educacionais e construir alternativas para o melhor desenvolvimento do assistido. (2014, p.7)

 

Assim, pode-se afirmar que a neuropsicopedagogia pode contribuir efetivamente em ações que promovam práticas inclusivas no ambiente escolar, estabelecendo uma escola desprovida de preconceitos.

 

5. CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOPEDAGOGIA PARA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.

A presente discussão está pautada no parecer técnico-profissional da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp) nota técnica nº 01 do ano de 2016.

O documento apresenta as principais contribuições que o profissional da neuropsicopedagogia pode trazer para a educação e, especialmente, a educação inclusiva.

 

A atuação do Neuropsicopedagogo tem o objetivo de promover uma educação de qualidade, com foco no trabalho efetivo da Educação Inclusiva, bem como o atendimento prioritário às crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem. A função do Neuropsicopedagogo Institucional da Educação Especial, junto à Equipe Técnica das Escolas atende a demandas relacionadas aos processos de aprendizagem no âmbito da coletividade, entretanto com possibilidade de tratar particularidades relacionadas à construção do conhecimento científico-acadêmico, com o intuito de promover o desenvolvimento sócio-pessoal e educacional de todos os alunos que possuem dificuldades. (SBNPp, 2016, p.02)

 

Dessa forma, de acordo com o parecer técnico mencionado, a neuropsicopedagogia pode ser dividida em dois ramos: a neuropsicopedagogia institucional e a neuropsicopedagogia clínica.

A atuação do neuropsicopedagogo clínico se faz em instituições de ensino ou áreas empresariais que necessitam do profissional, onde temos as atribuições destes profissionais como as seguintes:

 

I) Identificação Precoce:

a) Realizar investigação a partir de queixas advindas dos professores ou Equipe Técnica da Escola, executando observações direcionadas, pautados em instrumentos próprios do Neuropsicopedagogo da Educação Especial Inclusiva e/ou que estejam de acordo com as diretrizes da do Código de Ética Técnico-Profissional - 03/2014 - SBNPp;

b) Sondagem/triagem acadêmica no âmbito coletivo através de materiais e instrumentos próprios desta nova ciência ou outros que são abertos a diferentes profissionais, contudo devem ser embasados teoricamente e com padronização brasileira;

c) Direcionar a identificação precoce as funções cognitivas, atenção, memória de trabalho, linguagem (recepção/expressão), compreensão

(interpretação/intelecção), linguagem matemática, observação psicomotora, habilidades sociais, planejamento e resolução de problemas.

II) Planejamento e Intervenção:

a) A partir de dados e realidades identificados, elaborar um plano de intervenção junto de pequenos grupos, em classes inteiras, ou individualmente, em casos específicos, estabelecendo metas inicias, intermediárias e finais;

b) Utilizar a metodologia de projetos de trabalho e oficinas temáticas,

oportunizando que os alunos desenvolvam diferentes habilidades conforme suas individualidades, respeitando a cada um, promovendo a

inclusão através da ação do neuropsicopedagogo;

c) Trabalhar com orientação de pais e professores embasados nos conhecimentos sobre o processo de aprendizagem e suas dificuldades, conforme dados obtidos no processo de identificação precoce em grupos e crianças;

d) Emitir parecer neuropsicopedagógico com bases institucionais, indicando como devemos tratar a individualidade nos processos de aprendizagem, bem como questões coletivas, assegurando o processo de inclusão, levando ao conhecimento da Equipe Técnica da Escola (professores, coordenadores, atendimento educacional especializado entre outros);

e) Encaminhamento de crianças a profissionais de área específica, quando necessário. (SBNPp, 2016, p. 4)

           

Nas intervenções do psicopedagogo institucional identificamos que estão a verificar as funções e disfunções cerebrais junto aos estudos do processo psicognitivos.

São os estudos que a neuropsicopedagogia busca reunir e integrar em seus sistemas explicativos e de intervenção para o melhoramento do aprendizado dos indivíduos.

Já neuropsicopedagogia clínica é desenvolvida em ambiente particular, ou seja, espaço adequado de atendimento individualizado ou em sessões, em que o que concerne as contribuições do ramo na educação inclusiva, tem-se:

 

I) Investigação Inicial:

a) Investigar e analisar os relatos e queixas advindas dos contextos específicos, realizando anamnese, entrevistas, coletas de dados a partir

de observações para posterior análise;

b) Estabelecer hipóteses para traçar o planejamento da intervenção neuropsicopedagógica, devidamente embasado em conhecimentos

técnicos-científicos;

c) Selecionar atividades para testar as hipóteses através das intervenções direcionadas, que devem ser seguidas de análises que podem ou não confirmá-las.

II) Planejamento e Intervenção:

a) Após identificação e confirmação das dificuldades a serem trabalhadas, planejar a intervenção conforme protocolo específico de atendimento, utilizando instrumentos validados e aplicados em população brasileira, de acordo com a faixa etária;

b) Elaborar um plano de trabalho estabelecendo metas iniciais, intermediárias e finais para avaliar continuamente os avanços durante a intervenção;

c) Organizar registros dos atendimentos visando acompanhamento adequado a cada caso tratado.

III) Encaminhamentos e/ou resultados:

a) Elaboração de parecer ou laudo descritivo neuropsicopedagógico indicando as características e os resultados do trabalho, avanços ou novas necessidades detectadas e que precisam ser encaminhadas ou novamente trabalhadas;

b) Realizar encaminhamento a outros profissionais, visando o trabalho em equipe multiprofissional tratando cada pessoa atendida como pessoa com características específicas, mas com necessidades diversificadas;

c) Indicar a finalização do trabalho evidenciando a superação das dificuldades de aprendizagem apresentadas, emitindo um parecer neuropsicopedagógico. (SBNPp, 2016, p.05)

 

As contribuições das áreas de neuropsicopedagogia na educação inclusiva podemos afirmar que: promovem diagnósticos sobre deficiências, distúrbios e transtornos no sentido de promover práticas melhores para o desenvolvimento adequado aos indivíduos.

Além disso, planeja ações e busca prevenir todo e qualquer ato de discriminação nas ações de ensinar e aprender, outrossim, intervém na prática da aprendizagem adaptando materiais e recursos didáticos que promovam as múltiplas formas de aprender.

 

[...] a neuroeducação pode oferecer para os processos de ensino-aprendizagem, não como uma forma mágica de acabar com todos os problemas relacionados a educação, mas como uma ferramenta útil que traga o embasamento teórico-científico que possa melhorar o aprendizado, assim como, estimular de forma adequada e diferenciada as potencialidades da criança que cada dia se transforma dentro da modernidade a qual está inserida. (SANTOS; SOUSA, 2016, p.2)

           

A neuropsicopedagogia deve ser vista como promotora de melhora no aprendizado, a partir, de práticas que estimulem de maneira adequada e consequente, além de diferenciada as potencialidades dos educandos.

Assim sendo, compreende-se que a neuropsicopedagogia pode e deve estar ligada com educação inclusiva, pois promove melhoramento nas práticas do aprender.

O profissional da neuropsicopedagogia deve manter diálogo constante com pedagogos, psicopedagogos, professores e alunos.

Para que esse casamento entre neuropsicopedagogia e educação inclusiva possa dar certo, é preciso enfatizar o ato do aprender democrático e, com isso, promover a inclusão educacional.

 

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Na presente pesquisa, apresentou-se os conceitos de neuropsicopedagogia e educação inclusiva, em que se percebeu que ambas buscam promover um aprendizado que valorize a diversidade dos indivíduos, sem discriminação qualquer.

A neuropsicopedagogia como ciência multidisciplinar é de extrema relevância para a educação no mundo globalizado, permite que possamos conhecer as várias formas como a humanidade podem aprender, principalmente, com a compreensão do processo de aprendizado.

Percebemos que a educação inclusiva e a neuropsicopedagogia devem ser integradas para construção da justiça social e da democracia do aprender, sem segregação ou exclusão.

A neuropsicopedagogia é um campo novo de estudos que está aberto a construção do conhecimento, e consequentemente, pode contribuir com a eficácia da educação inclusiva, possibilitando o ato de aprender a todos, respeitando os ritmos e formas próprias de aprender de cada indivíduo.

 

7. REFERÊNCIAS.

BORGES, Ângela Maria Rodrigues. Como a neuropsicologia aperfeiçoa a aprendizagem na educação especial em Marabá. In: Congresso paraense de Educação Especial, III., 2016, p.01-16. Disponível em: <https://cpee.unifesspa.edu.br/images/Anais_2016/Relatos_de_experiencia/Angela_Maria_Rodrigues.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2018.

FLORIANI, Marlei Adriana Beyer. Educação Inclusiva. Indaial: UNIASSELVI, 2017.

FONSECA, VITOR. Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica. In: Revista Psicopedagogia, Portugal,31(96): 2014, p.236-53. Disponível em: http:// <www.revistapsicopedagogia.com.br/exportar-pdf/62/v31n96a02.pdf>. Acesso em 15 jun. 2018.